Tendência é de desinflação em Belo Horizonte, diz Ipead

Redução no valor do litro da gasolina pode ser de R$ 0,67 na capital mineira

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Marcelo Camargo Agência Brasil | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Petrobras anunciou recentemente o fim da paridade de preços do petróleo com dólar e com o mercado internacional, o que deve resultar em uma queda no preço do litro da gasolina de, no mínimo, R$ 0,40. Em Belo Horizonte, a estimativa é de uma redução de R$ 0,67, conforme um levantamento apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

Com os reajustes praticados pela estatal, o preço da gasolina terá uma queda de 12,6% e o óleo diesel de 12,7% em Belo Horizonte. Já o preço do gás de cozinha diminuirá 21,4%. Este último terá o preço médio abaixo de R$ 100 pela primeira vez desde julho de 2021. Segundo os especialistas, os novos valores apresentam uma tendência de desinflação na Capital.

A título de comparação, a análise realizada pela Ipead mostra que se a alteração da política de preços tivesse vindo em abril deste ano, a mudança teria contribuído para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na cidade 88,3% menor. 

O consultor do Ipead, Diogo Santos afirma que a nova composição de preços deve impactar diretamente no custo de vida na capital mineira. “A expectativa é de que ocorra um freamento da inflação em Belo Horizonte e que exista um controle maior dessa inflação. Contudo, a prática desses valores ao consumidor final depende bastante dos repasses integrais de valores por parte da Petrobras, assim também por parte de toda a cadeia”, frisa.

Dinâmica inflacionária

Para o economista e especialista em Educação Financeira do Grupo Suno, Guilherme Almeida, o grupo de transportes, que é um dos nove grupos abordados pelo IPCA, representa com os reajustes o segundo maior impacto no orçamento das famílias. 

“Dentro desse grupo de transportes, nós temos a gasolina, o diesel e os demais combustíveis. Quando eu tenho uma política que é menos suscetível às variações externas, eu entendo que a estatal pode retardar ou suprimir tais aumentos”, diz Guilherme Almeida. E afirma: “Então, ela (a política de preços) vai considerar um cenário interno de competição, avaliando, por exemplo, como está sendo precificado na concorrência os combustíveis e determinar a sua própria precificação no mercado interno”.

Segundo o economista, esse processo pode fazer com que os preços dos combustíveis diminuam ou que se segure os aumentos que estavam ainda previstos por vir, por conta dos Preços de Paridade de Importação (PPI).

“Esse processo de não permitir os aumentos frequentes nos preços pode segurar esse componente inflacionário, que são os combustíveis. Ou seja, é um processo que pode sim trazer um alívio para inflação e consequentemente para o consumidor”, avalia o especialista do Grupo Suno.

Transporte público da Capital

Diogo Santos ainda pontua que após o aumento do preço da passagem de ônibus na cidade, maio registrou uma inflação maior, com aumento de 0,86%. Até abril deste ano, a inflação havia desacelerado. 

Nos próximos dias, as distribuidoras estarão em processo de troca mensal de estoque, o que resultará em ajustes de preços. No entanto, com o esgotamento dos estoques mais caros e a chegada dos mais baratos, será possível ter uma visão inicial da inflação até o final de maio. No entanto, dados concretos só estarão disponíveis no final de junho, conforme explicou o consultor do Ipead.

Mudança de estratégia

Segundo o CEO do Grupo Epar, Eduardo Luiz, player que atua com gestão financeira para empresas, os preços dos combustíveis no Brasil eram desde o ano de 2003, ou seja, há 20 anos, praticados de forma livre.

“Formalmente, a Petrobras estabeleceu a política de preço por conta própria por uma ótica de estratégia totalmente empresarial. Mas, com o anúncio realizado da nova composição de preços realizada nesta semana, a estratégia terá um cunho mais “político”, ou seja, a Petrobras passa a ter a estratégia controlada pelo governo federal”, pontua. 

“É uma estratégia que parte de uma atuação do atual governo federal com a promessa de acabar com o PPI, que inclusive se findou nesta semana junto com o anúncio da Petrobras”, comenta o economista. No entanto, Eduardo Luiz explica que anteriormente a política de preços dos combustíveis era definida com base no preço do barril de petróleo internacional, tendo a cotação cambial e o dólar como referências. Ou seja, de acordo com a política internacional vigente de preços e praticada pela Petrobras.

“Era esse o movimento praticado internamente aqui no Brasil, que de certa forma se traduzia em oscilações de preços, causando recentemente um desconforto ao governo federal”. Essa mudança, segundo Eduardo Luiz, pode até colaborar com a desinflação, mas não é uma garantia. “Controlar os preços de combustíveis do Brasil é uma situação complicada, pois grande parcela dos postos de gasolina em operação no País são privados e quem define a margem são os proprietários dos postos”, afirma.

Variantes

Segundo o especialista, a relação de preços passa a ser definida agora por duas variantes. A primeira que é a Referência do Mercado, levando em consideração outros fornecedores do mesmo produto. Já o segundo será o Valor Marginal que seria uma forma de determinar um preço mínimo de acordo com a demanda e estoque.

Fonte: Jornal Diário do Comércio  Publicado em 18/05/2023 por Dione AS.

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