Valor de aluguel em Belo Horizonte volta a patamares de 11 anos atrás

Desvalorização real, descontada a inflação, ocorre há seis anos, principalmente nos comerciais

O ano de 2018 foi favorável para quem alugou ou quis comprar um imóvel na capital, segundo levantamento divulgado nessa quinta-feira (25) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead). Descontada a inflação, o preço médio do aluguel residencial registrou recuo de 1,25% no ano passado. O comportamento de queda também foi verificado em 2017, num patamar ainda maior: 1,75%.

Os valores de aluguéis de imóveis apresentaram, de forma geral, queda real pelo sexto ano consecutivo para os imóveis residenciais, considerando-se a análise de 12 meses (abril de um ano até março do ano seguinte), e queda real desde 2012 para os imóveis comerciais. A coordenadora de Pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins, diz que os valores dos imóveis residenciais locados recuaram ao patamar de até 11 anos atrás, sendo equivalente aos valores reais praticados em abril de 2008.

O analista de comunicação e marketing Bráulio Filgueiras conta que, desde 2016, paga o mesmo valor pelo aluguel de sua casa no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte. “Eu negociei e consegui manter o preço nos últimos três anos”, diz.

Para ele, o excesso na oferta de imóveis para locação na cidade e o seu perfil contribuíram para manutenção do valor cobrado. “Sou um bom inquilino, nunca atrasei”, conta. O diretor da rede Netimóveis Brasil, José De Filippo Neto, conta que, no ano passado, muitos proprietários de imóveis não chegaram a aplicar o reajuste do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) nos contratos de locação para não perder os bons inquilinos. “Nem todos os imóveis locados tiveram reajuste ou ficaram abaixo da inflação. Foi um momento em que o proprietário do imóvel estava mais flexível para negociar”, observa. Para ele, o ano passado foi ruim para o mercado imobiliário tanto para venda como para locação de imóveis.

O levantamento ainda mostra que,considerando os dados nominais, os preços médios dos aluguéis residenciais em Belo Horizonte no ano passado tiveram alta de 3,18%, valor abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação calculada pela fundação para Belo Horizonte, que foi de 4,59%.

Thaize Martins explica que a redução dos preços foi fruto do cenário econômico ruim, com desemprego e endividamento alto do consumidor, aliado ao excesso de oferta de imóveis. “Isso tudo aconteceu ao mesmo tempo”, diz.

Residências. O preço médio nominal dos aluguéis residenciais em Belo Horizonte teve alta de 0,96% no primeiro trimestre de 2019, inferior à inflação no período: 2,15%.

Preço de venda cai 2,32%

Nos últimos 12 meses (março de 2018 até fevereiro de 2019), descontando-se o custo da construção, os preços médios de venda dos apartamentos na capital acumularam queda real de 2,32%. O cálculo foi feito pela Fundação Ipead. São seis anos seguidos de recuo nos preços. De acordo com a fundação, os valores para venda de apartamentos novos,em fevereiro deste ano, retomaram o patamar de preços praticados em fevereiro de 2009.

Previsão de um 2019 melhor

Depois de seis anos de recuo real no preço dos aluguéis em Belo Horizonte, 2019 deve ser de ligeira retomada nos preços, segundo a coordenadora de Pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins. “Ainda não é o melhor cenário para o setor, mas 2019 está menos pior”, analisa.

A vice-presidente de administradoras de imóveis da CMI/Secovi-MG, Flávia Vieira, diz que a tendência é que os preços dos aluguéis sejam recompostos, depois de vários anos de queda ou seja, vão começar a subir.“Após a aprovação da reforma da Previdência, a tendência é que o país volte ater resultados melhores na economia”, analisa. Para ela, 2018 foi ano de estabilidade nos preços de locação. “Foi o momento que eles pararam de cair”,avalia.

O diretor da rede Netimóveis Brasil, José De Filippo Neto,afirma que, neste ano, a economia brasileira parou de “andar para trás”.“Aliás, a melhora para o mercado começou nos últimos seis meses”, avalia.

Ele observa que na locação comercial, em especial, de grandes espaço, o ritmo de recuperação está mais lento. “Ainda há muita oferta”, explica.

Pesquisa da Fundação Ipead mostra que os preços médios dos aluguéis comerciais apresentaram uma queda real de 1,46% em 2018. Em 12 meses,no intervalo de abril de 2018 a março deste ano, o recuo foi de 2,67%.

Fonte: Jornal O Tempo  – Publicado por Juliana Gontijo em 26 de abril de 2019.

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