Confiança do consumidor de Belo Horizonte diminui 2,18% em novembro

Mesmo com desemprego em mínima histórica, critério puxa índice pra baixo

A confiança do consumidor da capital mineira caiu 2,18% em novembro, de acordo com o Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH), divulgado mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). Este foi o resultado mais pessimista nos últimos 12 meses, superando o de março de 2025, que teve 39,24 pontos.

Em uma escala de 0 a 100, o levantamento marcou 39,04 para a população belo-horizontina. Para a análise, são levados em conta seis categorias: situação econômica do país (1,46), inflação (-1,38), emprego (-8,89), situação financeira da família atual (-2,48), situação financeira da família em relação ao passado (-1,20) e pretensão de compra (5,96).

O indicador que mais puxou para baixo a confiança do consumidor foi o “emprego”, que registrou uma variação de -8,89% entre os meses. Apesar da percepção, a taxa de desemprego do Brasil caiu no trimestre de julho a setembro para 5,6%, a menor taxa desde o início de 2012, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O gerente de pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes, acredita que os empregos disponíveis não venham causando tanto interesse devido a salários baixos, condições abaixo das esperadas e mesmo a uma seletividade sobre qual trabalho será realizado.

“O índice de desemprego está baixo, mas não está nas condições que imaginamos que seria a expectativa da população. São empregos que às vezes não causam interesse; salários que não causam interesse; que, apesar de ter muito emprego, muitos setores estão com dificuldade de conseguir trabalhador para determinada posição. Isso reflete na opinião das pessoas”, afirma.

No mesmo período de 2024, o número de pessoas desempregadas era maior do que neste ano, mas, ainda assim, a percepção da população é pior que a atual. Antunes aponta que alguns setores, como o caso de supermercados e limpeza, estão com dificuldades para conseguir mão de obra e vem recorrendo aos funcionários com idade superior a 50 anos, já que os jovens não vêm demonstrando interesse em salários próximos ao mínimo, além da escala de trabalho 6 por 1.

Outro ponto que Antunes indica como responsável pela queda de confiança do consumidor é a alta dos preços em alguns produtos, apesar da inflação estar mais controlada. “A inflação, por exemplo, está controlada, mas os preços dos produtos continuam altos. Você olha para o preço de um café, o preço do azeite – que está baixando -, mas continua alto. Um que chama atenção no sentido positivo é o arroz que está bem barato, menos de R$ 15 o pacote de 5 kg. Apesar de não estar tendo variação no preço, os preços altos acabam refletindo no humor das pessoas”, explicou.

Os números apresentam uma forte volatilidade, reforçou o gerente de pesquisas da Ipead, e que os dados sofrem influências pessoais ou mesmo de períodos do ano, como é o caso da “pretensão de compra”, um dos dois critérios positivos no ICC-BH, que em meio a Black Friday e com as compras de fim de ano são influenciados positivamente. Nos últimos 12 meses, o melhor levantamento foi o de dezembro de 2024, que teve 43,61 pontos.

Há quase 13 anos confiança do consumidor de BH é pessimista

A última vez que o belo-horizontino registrou otimismo em relação a confiança sobre consumo foi em janeiro de 2013, há quase 13 anos. O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte, que reúne a perspectiva de consumidores em relação a diversos pontos da economia que afetam as decisões de curto, médio e longo prazo dos moradores da capital mineira, considera como ponto de divisão os 50 pontos, abaixo como pessimista e acima como otimista.

O gerente de pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes, afirma que o período foi seguido de problemas econômicos e que as medidas tomadas para conter a inflação não obtiveram os resultados esperados e que, este cenário, com escândalos políticos, contaminaram a percepção da população.

Em relação aos tempos que antecederam o Plano Real, quando estabilizou a moeda brasileira, aumentou o consumo e deixou a população brasileira mais otimista, que vinha de uma inflação de 80% por mês na década de 1990, os índices são contaminados e dificultam o retorno a um cenário otimista.

Publicado por Diário do Comércio – Caderno de Economia – em 26 de novembro de 2025 | Reportagem de Thiago Bonna


Posted in ICC - BH and tagged .

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

View posts by Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD - ipead@ipead.face.ufmg.br