Em julho, indicador avançou 3,5% em relação ao mês anterior, embora ainda apresente recuo no acumulado do ano
Embalado por resultados favoráveis no emprego e renda, o consumidor de Belo Horizonte demonstra maior confiança no mês de julho, segundo o Índice de Confiança (ICC-BH) calculado pela Fundação Ipead. No período, o indicador avançou 3,5% em relação ao mês anterior, marcando 42,18 pontos em uma escala que varia de 0 a 100.
Apesar de ganhar fôlego, no acumulado de 2025, a confiança na capital mineira apresenta queda de 3,8%, além do recuo de 0,67% nos últimos doze meses. A retração pode ser justificada especialmente pela alta na taxa de juros (Selic) ao longo do ano, que segue limitando a capacidade de compra da população.
Em julho, dados do ICC-BH indicaram melhora na percepção da população em diferentes segmentos, com destaque para Emprego (11,98%) e Situação Econômica do País (10,12%). Apesar do País atravessar um período de desaceleração na economia, uma renda elevada, com indicadores de empregabilidade em alta, contribuem para uma melhoria na confiança, conforme explica o economista do Ipead, Paulo Casaca.
“Dentro de um intervalo de possibilidades, interpretamos que o emprego e melhoria na renda do trabalhador são indicadores fortemente percebidos pela população. A pessoa percebe que o País está indo relativamente bem, mesmo com juros elevados”, pontua.
Inflação (1,94%) e Situação Financeira da Família Atual (0,32%) completam a lista de indicadores que performaram de forma positiva para o consumidor durante o mês em Belo Horizonte. Esse resultado também pode ser reflexo de uma leve melhora no poder de compra e na percepção de estabilidade econômica por parte das famílias.
Entretanto, os indicadores de Pretensão de Compra e Situação Financeira da Família em Relação ao Passado, apresentaram queda no mês, de 5,5% e 0,52% respectivamente. Para o economista, com a Selic elevada, o impacto é severo sob juros finais pagos pelo consumidor, o que consequentemente eleva inadimplência. “Estamos com a Selic a 15% ao ano, o que afeta aquisições, especialmente de bens duráveis como veículos e financiamento de imóveis”, analisa.
Com a postergação da aquisição de bens duráveis, produtos de menor valor agregado figuraram em destaque dentre os bens e serviços que o consumidor em Belo Horizonte planeja adquirir nos próximos três meses. Em julho, o grupo de Vestuário e Calçados (21,05%) e Informática/Telefonia (9,65%) foram os mais citados para serem adquiridos até outubro.
“São setores onde o gasto não envolve tanto crédito e as pessoas investem incremento de renda da família”, considera Casaca.
Também em alta, o Índice de Expectativa Econômica do País (IEE) avançou 9,04% em julho. Segundo o levantamento, a melhora na percepção da população em relação ao Emprego e à Situação Econômica do País, foram os principais fatores que resultaram na elevação.
Efeitos do Tarifaço podem demorar a atingir consumidor final
Com relação aos impactos das divergências comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o economista acredita que as turbulências externas ainda não afetam a confiança do consumidor em Belo Horizonte. Ele acredita que ainda pode ser cedo para que os imbóglios, ainda em fase de desdobramentos, cheguem de vez ao bolso do trabalhador da Capital.
Até lá, em um cenário onde não ocorra agravamento na crise entre os dois países, as expectativas são positivas. “Em comparação às super-tarifas anunciadas semanas atrás, as últimas notícias – que destacam as várias exceções de Donald Trump – foram positivas”, comenta.
Se o atual contexto não se agravar, a expectativa é de novos aumentos na confiança para os próximos meses, apesar da previsão de estagnação do mercado de trabalho, ainda que em patamares positivos. “É possível novos aumentos de confiança e esperamos também que o Copom volte a reduzir a taxa de juros, o ponto mais importante para essa análise”, finaliza Casaca.