Em janeiro, valor da cesta básica atingiu R$ 754,34, representando o equivalente a 49,69% do salário mínimo
Após registrar queda em dezembro, o custo da cesta básica voltou a subir em Belo Horizonte em janeiro, com avanço de 0,84%. A alta foi impulsionada, principalmente, pelos aumentos expressivos no preço do tomate (35,65%) e do café moído (16,84%), que seguem pressionando o orçamento das famílias na cidade.
Com isso, o valor da cesta básica em janeiro atingiu R$ 754,34 e agora representa o equivalente a 49,69% do salário mínimo. O comportamento dos preços é influenciado por fatores como a sazonalidade da produção agrícola, variações cambiais e custos logísticos.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o conjunto de alimentos está R$ 18,91 mais caro. Entretanto, o custo é menor no cálculo proporcional ao salário mínimo, que em 2024, representava o equivalente a 52,08% do valor vigente naquele ano.
Dos 13 itens que compõem a cesta básica, sete registraram alta e seis apresentaram queda no preço médio. Além do tomate e do café moído, o pão francês (3,44%) também figurou entre os alimentos com maior variação positiva no mês.
Outros produtos apresentaram recuo nos preços, o que favoreceu a conter avanços ainda mais expressivos no custo total. A banana-caturra se destaca com a principal queda (15,41%), seguido por óleo de soja (6,03%) e chã de dentro (2,82%).
O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, destaca que o aumento no custo do tomate pode ser entendido como uma correção de preço, já que o produto vem se fortes quedas desde o ano passado. “O avanço expressivo observado se deve a uma recuperação da queda e projetamos que logo voltará a cair durante o período de maior produção”, pontua.
Já com relação ao café, as expectativas não são otimistas. Em 12 meses, o produto já acumula avanços de 80% em decorrência especialmente dos desafios climáticos e ainda não há previsão de queda nos preços.
A surpresa positiva do mês é a queda no custo médio da chã de dentro, que possui um peso importante na cesta básica em Belo Horizonte. Segundo o economista, o item seguia com preço em crescimento de 14% nos últimos 12 meses e agora começa a cair, indicando possível desaceleração.
Salário mínimo: ajuste acima da inflação ajuda na recuperação do poder de compra
Desde 2023, o governo federal voltou a ajustar o salário mínimo com valores superiores aos da inflação. Para Santos, o reajuste na virada do ano fez com que a cesta passasse a custar um pouco menos na proporção, reduzindo os impactos negativos da alta.
Além disso, o aumento viabilizará a recuperação do poder de compra com relação à cesta básica que foi gradualmente perdido ao longo do ano passado. “Quando se tem política de aumento acima da inflação, isso permite recuperar o poder de compra na comparação aos reajustes inferiores a este patamar”, acrescenta.
Para os próximos meses, o economista ressalta que existe uma perspectiva de queda para itens como óleo de soja, carne bovina e arroz, apesar de dependerem de outros fatores, como o clima.
Também é esperada uma medida estruturada pelo governo federal que possa segurar o preço dos alimentos, além da ampliação de alguns itens como o milho – um importante insumo para proteína animal. “Se conseguir reduzir a tarifa de importação sobre o milho, pode ajudar a segurar ainda mais o custo de itens como a carne, beneficiando o consumidor final”, finaliza.