Pesquisa do Ipead mostra que custo da alimentação fora de casa segue em alta, mesmo com queda nos preços das bebidas
O preço da alimentação fora de casa voltou a subir em Belo Horizonte no mês de julho e segue pesando no orçamento das famílias. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-BH), medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o item teve alta de 0,58% no mês, sendo uma das maiores contribuições positivas para a inflação na capital mineira.
O destaque foi o aumento de 1,05% nas refeições em restaurantes que, sozinho, acrescentou 0,07 ponto percentual ao índice geral. No acumulado dos últimos 12 meses a alimentação fora de casa subiu 9,48%, confirmando a tendência de encarecimento ao longo do ano, com aumento de 4,43%.
Entre as famílias de menor renda, o impacto foi ainda maior. No Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR-BH), que considera rendas de até cinco salários mínimos, as refeições em restaurantes subiram 1,40% em julho. Isso indica que, mesmo com o orçamento mais apertado, muitos consumidores mantêm o hábito de comer fora, ainda que pagando mais caro.
Custos vão além dos alimentos
“O preço da refeição no restaurante não depende só do preço dos alimentos. Tem outros fatores que influenciam como o custo de manutenção do restaurante, salário dos funcionários, aluguel, energia, água, internet. Tudo isso interfere e faz com que o preço varie, não necessariamente na mesma direção do preço dos alimentos”, explica.
Por outro lado, o levantamento mostrou queda de 3,81% no preço de bebidas em bares e restaurantes, o que ajudou a segurar parte da alta do setor. Mesmo assim, o saldo geral para o bolso do consumidor foi de aumento.
A combinação de alta nas refeições e queda nas bebidas também tem explicação.
“No caso das bebidas, provavelmente houve uma redução no preço repassado pelos fornecedores ou aumento da concorrência entre restaurantes. Já no caso das refeições, o aumento pode ter relação com o custo dos ingredientes, mas também com outras despesas fixas dos estabelecimentos”, afirma Casaca.
Segundo o economista, prever o comportamento dos preços é difícil. “Depende de variáveis complexas de serem previstas. A inflação geral deve fechar o ano em torno de 5%”, aponta.
De acordo com o Ipead, a inflação acumulada em 12 meses em Belo Horizonte está em 6,11% no IPCA-BH. Dentro desse cenário, a alimentação fora de casa segue como um dos componentes mais sensíveis para o orçamento das famílias, exigindo atenção e planejamento para não pesar ainda mais no bolso.