Ao menos sete cortes de carnes tiveram queda acima dos 10% no preço médio, segundo pesquisa do Ipead/UFMG
O frango está mais barato em Belo Horizonte, assim como a picanha, o contrafilé e até a mortadela. A constatação é de uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). Segundo o levantamento, todos os 18 itens de carnes e derivados que compõem o IPCA, indicador oficial da inflação, apresentam variação negativa na comparação entre a segunda quinzena de setembro e o início deste ano de 2023. As quedas no ano no preço médio dos itens variam de -2,20% na mortadela fatiada até -19,40% no peito de frango.
Veja os cortes de carne com queda do preço médio maior que 10%, em 2023, em BH:
- Peito de frango: – 19,37%
- Coxa e sobrecoxa: – 18,44%
- Frango inteiro: – 13,63%
- Contra filé: – 13,16%
- Alcatra: – 12,77
- Patinho: – 11,80%
- Asa congelada: – 10,91%
Dos cortes bovinos, carnes que apresentam os preços mais elevados, o com maior queda foi o contrafilé que passou de R$ 46,66 para R$ 40,52 por quilo entre janeiro e setembro (2ª quinzena) de 2023, redução de 13,16%. O filé mignon, corte com maior preço médio, caiu 4,40%, passando de R$ 61,43 para R$ 58,70, no mesmo período.
Cortes bovinos (R$/Kg): veja os preços médios em janeiro e setembro de 2023 em BH
- Músculo: R$ 30,17 /R$ 27,41
- Acém moído: R$ 31,19 /R$ 28,19
- Patinho: R$ 38,74 /R$ 34,17
- Chão de dentro: R$ 39,30 /R$ 35,67
- Alcatra: R$ 45,42 /R$ 39,62
- Contrafilé: R$ 46,66 /R$ 40,52
- Filé mignon: R$ 61,43/ R$ 58,70
Todos os cortes de carne bovina também tiveram queda na comparação mensal (segunda quinzena de setembro e o mesmo período do mês anterior). Outros seis itens apresentaram alta de preço. Neste caso, as variações estão entre 0,54% (salsicha e salsichão) e 3,66% (frango inteiro).
Redução do preço da carne segura inflação
Diogo Santos, economista do Ipead/UFMG, ressalta que a queda das carnes é importante porque tem ajudado bastante a manter a trajetória de queda na inflação, visto que elas compõem o custo da alimentação nas residências. “Tem caído constantemente, semana após semana. Isso é um dos elementos que tem ajudado [o índice] a ter uma trajetória mais controlada. Agora voltou a pesar a gasolina e o diesel, com o aumento recente; o que puxa a inflação para cima. O grupo de bens e serviços também teve uma elevação na casa dos 7%”, explica Santos.
A queda no custo de criação de animais, com a diminuição no preço da ração e grãos de alimentação deles, visto os recordes de safra, é um dos fatores que explica o aumento da oferta das carnes no mercado, segundo o economista. E, se a oferta é grande, mas a procura não acompanha esse crescimento, os preços tendem a cair. “A queda das exportações também aumentou a quantidade de carnes disponíveis para serem vendidas no país. E, como a carne subiu muito o preço nos últimos anos, os produtores ampliaram a criação para venderem mais. A oferta cresceu, mas a demanda continuou a mesma”, explica o economista sobre o porquê dos preços mais em conta para a população.
Santos explica que não há uma tendência de que os preços se reduzam ainda mais. “De agora para frente, o abate não vai ser tão grande e a demanda deve aumentar no fim do ano. Deve haver uma estabilização da oferta. Não dá para prever antecipadamente se o preço vai subir, mas não tendem a manter o ritmo forte de queda que vimos até agora”, explica.
O economista explica que, no período do inverno, as pastagens ficam piores. “Ou seja, a alimentação mais barata do gado fica mais escassa. Aí então os produtores tendem a abater mais os animais nesse período, que é esse período que nós estamos terminando no país. Então, a partir de agora, a pastagem volta e aí os produtores podem abater menos. Podem segurar mais o gado no pasto para ele poder crescer, se alimentar e vender depois”, detalha Santos.
Segundo o economista, a queda dos preços de outras carnes, sobretudo a bovina, levou à redução dos cortes dos frangos. “As pessoas começaram a substituir a demanda de frango pela de bovino. Tudo caiu razoavelmente muito. O músculo caiu 9%”, acrescenta.
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 22/09/2023 por
Shirley Pacelli – caderno de Economia.
