Gasolina a R$ 4,61 em BH? Como reajuste da Petrobras pode impactar custo de vida

Fundação Ipead calcula impacto da queda de preços sobre a inflação na capital mineira
Consumidor encontra gasolina abaixo de R$ 5 em alguns postos de BH deste terça-feira (16/05) - Foto: Flávio Tavares / O Tempo

Consumidor encontra gasolina abaixo de R$ 5 em alguns postos de BH deste terça-feira (16/05) — Foto: Flávio Tavares / O Tempo

Desde terça-feira (16/05), quando a Petrobras anunciou sua nova política de preços e reajuste dos valores do diesel e da gasolina, o motorista encontra combustível mais barato em alguns postos de Belo Horizonte. Em alguns estabelecimentos, a gasolina está abaixo de R$ 5 pela primeira vez no ano. E, segundo projeções da própria Petrobras e de analistas do mercado, tem potencial para baixar ainda mais nos próximos dias.

O Instituto de Pesquisas Econômicas (Fundação Ipead) calcula que o repasse integral do corte da gasolina anunciado pela Petrobras, de 12,6%, poderia derrubar o preço médio na capital para R$ 4,61. O cálculo considera a hipótese de que toda a cadeia de produção e revenda repasse o corte até chegar ao consumidor. Isso pode não ocorrer, pois estabelecimentos podem tentar recompor seu lucro neste momento ou competir com os concorrentes, por exemplo.

Ele também não inclui a mistura obrigatória de álcool na gasolina. Considerando esse fator, a Petrobras estima queda de R$ 0,29 na gasolina na bomba e de R$ 0,39 do diesel. Em BH, portanto, um repasse integral dessa queda representaria uma gasolina a R$ 4,94, levando-se em conta a média de R$ 5,23 apurada na capital pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última semana.

“Não é isso que está chegando na data de hoje para os postos, pois, como as distribuidoras ainda têm estoques com preços antigos, estão repassando as baixas gradativamente, e os postos devem fazer os repasses conforme os vão recebendo. Hoje, em média, os postos estão recebendo baixa de R$ 0,20 na gasolina e R$ 0,25 no diesel”, afirma o diretor comercial da Valêncio Consultoria Combustíveis, Murilo Genari Barco.

A Petrobras também anunciou redução de 21,3% do preço do gás de cozinha nas refinarias. Na análise da empresa, isso é o bastante para que o consumidor volte a pagar menos de R$ 100 no botijão de 13 kg. A Fundação Ipead atesta que, em BH, o repasse total do corte baixaria o preço médio do produto para R$ 95,66. Seria a primeira vez, desde julho de 2021, em que o botijão sairia do patamar dos três dígitos. Algumas distribuidoras da capital planejam diminuir o preço já nesta semana, enquanto outras, que têm estoque comprado pelo preço mais caro, planejam quando repassarão o reajuste aos clientes.

Reajustes da Petrobras aliviam custo de vida em BH

Os combustíveis e o gás de cozinha são itens relevantes para a inflação na capital, calculada pela Fundação Ipead. Os cortes anunciados pela Petrobras, hipoteticamente repassados na íntegra ao consumidor, reduziriam em 0,76 pontos percentuais a inflação na capital em quatro semanas. A queda seria ainda maior para as famílias que vivem com um a cinco salários mínimos mensais — o que é medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR). Nesse caso, seria de 1,05 pontos percentuais.

“O peso desses itens na inflação é muito elevado, especialmente para as famílias que recebem de um a cinco salários mínimos, porque, para elas, o peso do gás de cozinha ainda é maior. Para captar isso de modo mais completo, primeiro temos que saber quando os postos começarão a repassar o reajuste dos combustíveis. Vamos perceber um efeito real na inflação no fechamento do índice em junho”, explica o economista da Fundação Ipead Diogo Santos.

Para se ter uma ideia do que significa esse impacto, ele lembra que a inflação calculada nas últimas quatro semanas foi de 0,86%. Se os reajustes integrais já estivessem valendo nesse período, ela teria subido somente 0,1%. Hoje, o que pressiona a inflação de BH para cima é o transporte urbano, devido ao reajuste da passagem de ônibus para R$ 6.

A expectativa de desaceleração da inflação depende, ainda, de uma série de outros fatores. A partir de 1º de junho, por exemplo, a gasolina pode ficar mais cara devido à padronização nacional do ICMS. Em Minas, ela significará um imposto R$ 0,23 mais elevado por litro. Em outra frente, está previsto o reajuste da tarifa da Cemig no final de maio — a proposta inicial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de reajuste de quase 12% para consumidores residenciais. Para as famílias com menor renda, a energia elétrica tem um peso maior na inflação do que os combustíveis.

A queda de preço dos combustíveis vai além dos postos e pode ajudar a conter preços de outros setores, já que todos dependem, em alguma medida, do diesel ou da gasolina. Mas isso também depende do quanto eles repassarão da queda de custos ao consumidor final, pondera Santos. “Se as empresas forem repassando a redução do diesel para o frete, mercadorias e tudo mais, sentiremos o efeito indireto da redução em outros itens além dos combustíveis”, conclui.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 17/05/2023 por Gabriel Rodrigues.

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