Previsão da Ipead/UFMG leva em conta que o serviço de transporte é um dos 10 itens que mais pesam no indicador
Um possível aumento da passagem de ônibus em Belo Horizonte pode ter um impacto grande no índice de inflação na capital mineira. A previsão é da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). O reajuste de 53% foi pedido pelas empresas que operam este modelo de transporte na cidade. A tarifa passaria de R$ 4,50 para R$ 6,90 já em abril.
“Como é um aumento muito substancial, vai afetar muito no índice de inflação”, explica Eduardo Antunes, gerente da Ipead/UFMG. Segundo ele, a previsão leva em conta o fato de que o serviço é um dos 10 itens que mais influenciam no índice.
“O transporte pesa hoje mais de 2% na inflação. Esse reajuste, se for dado de forma integral como está sendo ventilado, seria um aumento muito elevado, de uma vez, para um serviço tão relevante para a população”, observa. O gerente do Ipead explica que, se somente esse produto variasse, a inflação no mês de abril na cidade de Belo Horizonte alcançaria o patamar de 1,23%. A inflação acumulada na capital, no ano passado, foi de 6,33%.
Antunes observa ainda que haveria um impacto profundo no orçamento da população de Belo Horizonte, principalmente a de baixa renda, que depende desse serviço para sobreviver.
“Isso poderia ter um efeito em cadeia muito grande. Não se sabe até que ponto poderia influenciar o preço de tudo, praticamente. Se a pessoa gasta R$ 100 de transporte, ela gastaria R$ 153 no mês seguinte. Imagina o comerciante tendo que honrar esse aumento para seus funcionários? Provavelmente, ele passaria para os produtos. Não é saudável para a economia”, afirma Antunes.
Empresas justificam aumento e prefeitura ameaça multar
O aumento da passagem pedido pelas empresas entraria em vigor a partir deste sábado, dia 1° de abril. BH passaria então a ter a passagem mais cara entre as capitais brasileiras.
O valor apresentado pelas empresas considera a aplicação da fórmula paramétrica, que realiza o cálculo a partir da variação dos preços do óleo diesel, dos veículos, dos equipamentos, da mão de obra e das despesas adicionais. A passagem do transporte convencional em Belo Horizonte custa R$ 4,50 desde 30 de dezembro de 2018, ano do último reajuste.
A prefeitura afirma que “caso as empresas de ônibus reduzam unilateralmente o número de viagens previsto no quadro de horário vigente, estarão sujeitas às penalidades previstas em contrato”.