Chocolate nas alturas – Preço do ovo de Páscoa supera três vezes a inflação

Ovos de galinha e peixes também aumentaram de valor, com destaque para o bacalhau que teve a oferta diminuída

Conforme pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), o preço do ovo de páscoa atingiu um patamar três vezes maior do que a da inflação. O levantamento aconteceu neste ano, entre os dias 08 e 28 de março, em estabelecimentos comerciais e pela internet, em lojas com delivery para BH.

A pesquisa analisou os itens tradicionais mais comercializados na Páscoa. São eles:

  • Ovos de páscoa;
  • Peixes diversos;
  • Sardinha em lata;
  • Azeite de oliva;
  • Batata inglesa;
  • Ovos de galinha.

De acordo com o estudo, o preço dos ovos de Páscoa subiu, em média, 17,69% em 2023, enquanto a inflação, entre 2022 e 2023, ficou em 6,38%. A marca Lacta de chocolates foi a que apresentou maior variação, com 29.02% de aumento do valor final para os consumidores. A grama de chocolate da empresa custava R$ 0,180 em 2022 e, agora, está a R$ 0,232.

Diversas causas

O economista Eduardo Antunes, do Ipead, afirma que o aumento de preço dos produtos relacionados à Páscoa é explicado por múltiplos fatores, pois a economia, em geral, está tentando se ajustar à nova realidade. 

“É um fenômeno que ocorre desde o ano passado; de aumentos bem significativos de tudo. O ovo de Páscoa não fugiu à regra. A economia está tentando voltar aos eixos baseada nessa nova realidade”, disse.

Por ser um produto de sazonalidade, de acordo com o economista, a demanda é maior. Além disso, ele afirma que, neste ano, a oferta do produto é menor que nos anteriores.

“O custo da matéria-prima para fabricar o produto e as embalagens encareceram demais”, complementa.

Outro fator de aumento dos preços apontado pelo economista é a recuperação da margem de lucro dos lojistas, que tentam superar todos os problemas dos últimos anos. Somado a isso, muitas pessoas têm optado por ovos de chocolate artesanais, o que pode ter um custo-benefício melhor, segundo Antunes.  

Mesmo assim, os lojistas esperam um crescimento nas vendas superior ao do ano passado.

Produtos importados e entressafra 

A pesquisa também anotou um aumento de 13,15% no preço médio do bacalhau em 2023, saindo de R$ 107,39 no ano passado para R$ 121,50 neste exercício. Entre os demais peixes, houve uma variação de 7,41% a mais. Já o ovo de galinha teve variação média de 29,69%, indo de R$ 9,23 para R$ 11,97 a dúzia no mesmo intervalo de tempo. 

Antunes explica que o bacalhau importado chega ao mercado interno com o preço maior. Além disso, os consumidores não estão comprando o produto em grandes quantidades.

“Não vemos oferta abundante em todas as localidades que vendem este tipo de produto. Normalmente, os estabelecimentos ofereceriam vários tipos de bacalhau e peixes diferentes, e não é o que está acontecendo. A oferta está restrita e bem direcionada também”, relata.

Em relação ao ovo de galinha, o economista lembra que, geralmente, o preço do produto tende a aumentar no período da Quaresma, elevado em razão do maior consumo. “A Quaresma ocorre, justamente, em um período de entressafra do ovo, com aumento de consumo e diminuição da oferta”. Outro fator levantado por Antunes é o preço da ração das aves. Algumas delas são importadas e subiram de valor por causa do conflito no Leste Europeu. Isso impacta no preço final da dúzia de ovos.

A orientação para os consumidores, diante de uma oscilação de preços tão grande dos produtos, é pesquisar bastante antes de comprar. “Troque de estabelecimento se perceber que o preço está muito alto. As diferentes regiões da cidade também têm influência no preço.”

Índice de Confiança do Consumidor

A pesquisa também informou que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC-BH) apresentou queda de 0,72%, atingindo a marca de 41,55 pontos. 

O ICC-BH foi desenvolvido pela Fundação Ipead para expor a opinião dos consumidores em relação aos diversos aspectos conjunturais capazes de afetar as decisões de consumo no curto, médio e longo prazo. 

Neste sentido, o ICC-BH deverá funcionar como um indicador, particularmente importante, dos antecedentes das atividades econômicas para o planejamento de estoques e investimentos no comércio varejista da capital mineira.

A escala do índice é apresentada entre 0 e 100, onde 0 é péssimo e 100 é ótimo.

Fonte: Jornal Estado de Minas – Publicado em 31/03/2023 por Mariana Costa e Mariana Brito. 

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