Inflação volta a subir em BH após 3 meses de queda

A inflação em Belo Horizonte voltou a subir em outubro após três meses consecutivos de queda. De acordo com os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma leve alta de 0,51%. A alta é resultado, principalmente, do preço da refeição, que subiu 2,3% no décimo mês de 2022. Com o aumento do custo mensal, a inflação na Capital acumula elevação de 4,95% nos primeiros 10 meses do ano e de 6,91% nos últimos meses. 

De acordo com o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, a alta da inflação observada em outubro era esperada após três meses de retração. O índice de aumento também foi considerado baixo. “Após três meses de deflação, a variação positiva era esperada e a taxa de 0,51% não surpreendeu e é relativamente baixa. A alimentação tem apresentado altas, principalmente os itens in natura, que inclusive contribuíram para uma nova elevação da cesta básica e impulsionam a inflação. A produção enfrenta problemas climáticos e de distribuição, como o frete muito caro, por exemplo”, analisou.

Antunes explicou ainda que, apesar da elevação em outubro, a inflação acumulada nos primeiros 10 meses do ano (4,95%) e também nos últimos 12 meses (6,91%),também está mais baixa que a verificada no primeiro semestre, quando no acumulado do ano o índice avançava 6,12% e nos 12 meses, encerrados em junho, 11,64%. Mesmo assim, o IPCA de Belo Horizonte ainda está acima do teto da meta para o ano, que é de 5% no País. 

Segundo a pesquisa do Ipead em outubro, dentre os 11 itens agregados que compõem a inflação, os maiores destaques, em termos de variação positiva, foram as altas de 5,32% em alimentos in natura; seguida pelo aumento de 2,63% em alimentos industrializados; 2,42% em alimentação em restaurante e 1,75% em artigos de residência.

No sentido oposto, destacam-se as quedas de 3,07% em alimentos elaboração primária e de 2,18% em bebidas em bares e restaurantes. 

Dentre os itens pesquisados e que mais contribuíram para o aumento da inflação em Belo Horizonte estão a refeição, com alta de 2,3% e contribuição de 0,11 ponto percentual para a composição do IPCA, seguida pelo seguro voluntário de veículos, com aumento de 3,7%; condomínio residencial, 1,15%; cerveja em supermercados, 14,27%, e computador completo, com elevação de 11,08%.

Quedas foram vistas nos preços da gasolina comum ( 2,45%) e contribuição negativa de 0,09% na composição do IPCA, seguida pela redução do valor do preço do leite (7,21%) e da blusa feminina (16,87%).  

“No caso da refeição, as empresas ainda estão com custos elevados e acabam repassando isso para o consumidor.  Além disso, a aproximação das festas de final de ano estimulou a demanda, contribuindo também para a elevação dos preços. No mês, apesar da gasolina ter apresentado nova queda – combustível este que foi um dos grandes contribuidores para a redução do IPCA nos três meses anteriores – a redução não foi suficiente para manter o IPCA em queda, como é desejado”, reiterou Antunes.

Mais índices e 13º

A deflação registrada nos últimos meses e a queda no índice de desemprego fizeram com que, em outubro, o Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH) atingisse 40,97 pontos, apresentando alta de 5,75%.

“O avanço no ICC foi grande e estimulado pela queda da inflação e do desemprego. Pela primeira vez, desde fevereiro de 2015, o índice ficou acima dos 40 pontos. O consumidor ainda está pessimista, já que o otimismo é contabilizado a partir dos 50 pontos, mas foi um avanço importante”, explicou o gerente de pesquisas do Ipead.

Conforme o Ipead, o Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou alta de 17,55% em comparação com setembro, influenciado pelo aumento na percepção dos consumidores sobre o item Emprego, que subiu 23,8%, e inflação, 16,27%. 

O Índice de Expectativa Financeira (IEF) apresentou queda em comparação com o mês de setembro (1,57%), sendo o item Situação Financeira da Família o que apresentou a maior queda do setor (3,42%). A pretensão de compras avançou 2,58%, já influenciado pelas festas de final de ano.

Dentre os consumidores que pretendem adquirir bens e serviços nos próximos três meses, os maiores destaques foram: vestuário e calçados (24,29%) e turismo (8,57%).

A pesquisa do Ipead também mostrou a estimativa de recebimento do 13º salário em 2022 e o destino do recurso. De acordo com o levantamento, a maior parte dos entrevistados (51,90%) afirmou que terá direito ao 13º ou gratificação similar. Dentre esses consumidores que recebem o 13º, o principal destino desse recurso será para o pagamento de contas atrasadas e dívidas, com 37,61%, seguido do poupar para outros fins, com 28,44%.

Cesta básica já custa R$ 692,70

A alta dos alimentos contribuiu para que o preço da cesta básica em outubro avançasse 2,09%, chegando a R$ 692,70. O valor é equivalente a 57,12% do salário mínimo. No mês, os principais avanços foram vistos na cotação da batata inglesa, com alta de 25,39%; do tomate, 14,64%; banana caturra, 10,49%, e café moído, 1,61%.

Alguns itens apresentaram retrações importantes como leite pasteurizado, 7,59%; feijão carioquinha, com queda de 7,19%, e o óleo de soja, 3,2%.

Com o resultado de outubro, a cesta básica já acumula aumento de 13,71% nos 10 primeiros meses de 2022 e de 14,57% nos últimos 12 meses. “A tendência é que os preços da cesta básica continuem neste novo patamar elevado variando próximo aos R$ 700. Não há fatores, no momento, que possam gerar novas quedas nos preços”, disse o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes. 

Nos últimos 12 meses, as maiores variações positivas foram registradas nos preços da banana caturra (93,94%); seguida pela batata-inglesa (36,98%); café moído, (35,58%) e leite pasteurizado(34,62%). Dentre as quedas, destaque para tomate (20,15%), açúcar (3,35%) e arroz (4,57%).

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado por Michelle Valverde em 05/11/2022.

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