A chegada do fim do ano anima os lojistas de Minas Gerais: estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apurou que o 13º salário deste ano irá injetar na economia do Estado aproximadamente R$ 19,3 bilhões. Em todo o país, a previsão é que o benefício some R$ 214 bilhões, o correspondente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Dieese constatou que o rendimento médio adicional de cada trabalhador será de R$ 2.451 no Brasil. A cifra, contudo, não foi estimada por Estado.
Em Minas Gerais, 8,6 milhões irão receber o dinheiro extra, equivalente a 10,7% do total que terá o benefício no Brasil e a 22,7% entre os quatro estados da região Sudeste.
A expectativa pela chegada dos quase R$ 20 bilhões ajuda a entender o otimismo apurado em uma pesquisa divulgada recentemente pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). O levantamento concluiu que o Indicador de Confiança do Empresário (ICE) atingiu 71,3 pontos, o maior percentual da série histórica, que teve início em 2016.
“Neste ano, a expectativa está positiva. A confiança dos empresários aumentou tanto na economia interna neste momento quanto para os próximos seis meses. O desemprego, embora alto, está em desaceleração e o 13º salário é o que fomenta a economia do comércio no segundo semestre”, analisou a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).
O benefício alimenta sonhos, como o da vendedora Dayane Assis: “Vou usar o décimo-terceiro como parte do dinheiro para trocar meu carro”.
Em relação aos valores que cada segmento receberá, o Dieese fez a seguinte distribuição: a fatia dos empregados formalizados será de 66,8% (R$ 12,9 bilhões) e a dos beneficiários do INSS, 23% (R$ 4,4 bilhões), enquanto a dos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do Estado será de 8,8% (R$ 1,7 bilhão) e a daqueles do Regime Próprio dos municípios, 1,4%.
Levando-se em conta o percentual de empregados que vão receber o benefício no Estado, os do mercado formal, celetistas ou estatutários representam 59,1%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS equivalem a 40,9%. O emprego doméstico com carteira assinada, 2,8%.
É bom lembrar que para cálculo do impacto do pagamento do 13º, o Dieese não leva em conta trabalhadores autônomos, assalariados sem carteira ou trabalhadores com outras formas de inserção no mercado de trabalho que, eventualmente, recebem algum tipo de abono de fim de ano.
Parte do ganho extra vai ser usada para quitar dívidas
Apesar do otimismo do comércio com a injeção do 13º salário, parte dos consumidores pretende usar os recursos para quitar dívidas. Praticamente três em cada 10 trabalhadores em Belo Horizonte vão utilizar a gratificação natalina para o pagamento de contas em atraso. É o que constatou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
De acordo com o levantamento, 29,91% dos entrevistados disseram que irão quitar boletos em atraso ou dívidas com cartão de crédito, cheque especial, financiamentos etc.
O percentual aumentou em relação ao ano passado, quando 25,77% usaram a quantia para colocar as contas em dia. A economista da CDL-BH, Ana Paula Bastos, ressalta que o consumidor que quita dívidas volta a ter crédito na praça.
“Muita gente usa a primeira parcela do décimo-terceiro (que precisa ser quitada até 30 de novembro) para pagar dívida. A pessoa limpa o nome e volta a ter crédito. A segunda parcela (até 20 de dezembro), neste caso, muitas vezes é destinada ao comércio, às compras para as festas de fim de ano”, disse a especialista.
Muita gente, contudo, pretende poupar o rendimento extra. Segundo a fundação Ipead, 20,5% dos entrevistados vão guardar a grana extra.
É o caso de Geraldo Carmona, funcionário de uma farmácia em Belo Horizonte: “O salário vai ter de dar para pagar as despesas do mês. Minhas contas estão em dia e vou depositar o extra na caderneta de poupança”. O número de pessoas que farão como ele cresceu de 2018 para 2019. No ano passado, a Fundação apurou que 18,56% dos trabalhadores pouparam o extra.
Cesta básica
Há quem pense em poupar para aliviar os tradicionais compromissos financeiros do início de ano, como material escolar, ou mesmo garantir o consumo da família.
Neste último caso, o preço da cesta básica serve como termômetro para a economia da cidade. A Fundação Ipead constatou que o custo da cesta básica, que representa os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação, apresentou variação negativa de 0,17%, entre setembro e outubro de 2019, atingindo R$ 421,21.
Fonte: Jornal Hoje em Dia – Publicado em 06/11/2019 por Paulo Henrique Lobato.