Plano de saúde, água e energia pesam o custo de vida em BH

Itens estão entre os que mais tiveram influência sobre a inflação de agosto

O aumento de 7,35% no custo do plano de saúde individual foi a principal contribuição para a alta da inflação em Belo Horizonte em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos, subiu 0,22% em relação a julho, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

Além do reajuste do plano de saúde, definido em julho pela Agência Nacional de Saúde (ANS), a variação de 3,89% na tarifa de energia elétrica residencial influenciou no resultado. Em agosto, a bandeira tarifária foi vermelha, com custo de R$ 4 a cada 100 kilowatts-hora (kWh) consumidos – em julho, com bandeira amarela, o custo era de R$ 1,50.

A tarifa de água, que ficou 8,38% mais cara, foi a terceira maior causa da alta da inflação. O reajuste foi autorizado em julho pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais.

Outra alta foi registrada no preço das passagens aéreas, que aumentou 28,97% em agosto. “Nesse caso, é bem oscilatório. Em alguns meses, as companhias fazem promoções e os preços caem bastante. Em outros, elas recompõem os preços”, avalia a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins.

“De forma geral, a inflação está sob controle e, provavelmente, vai fechar o ano dentro da meta, de 4,25%”, completa. No acumulado de 2019, a taxa está em 3,44% na capital.

O projetista Marcelo Santana, 33, sentiu o aumento do plano de saúde da filha, que custa mais de R$ 200. “Os reajustes maiores são nas taxas de coparticipação. Só com o valor do plano, eu conseguiria pagar a água e a luz de casa”, conta.

Para a auxiliar de produção e secretária Lilian Sales, 46, a maior surpresa foi o valor da tarifa de energia elétrica. “Doeu no bolso, principalmente porque não fica ninguém em casa durante o dia. A conta saltou de R$ 125 para R$ 210 neste mês, não tem explicação para isso”, reclama.

Alimentação

O aumento das contas de água e luz contribuiu também para o encarecimento das refeições fora de casa, que subiram 0,31%, enquanto a alimentação na residência ficou 0,32% mais barata. “A refeição fora envolve outros custos para o empresário; provavelmente esses aumentos nas tarifas são repassados no preço final. Comer em casa é uma forma de economizar. Levar marmita para o serviço já entrou na cultura de muitos trabalhadores”, diz Thaize.

Já o valor da cesta básica caiu 2% em agosto, para R$ 425,98, puxado, sobretudo, pela queda de 19% no preço do tomate. No entanto, nos últimos 12 meses, a cesta acumula alta de 14,47%. “O sentimento, por parte do consumidor, de que as coisas estão mais caras é explicado por esse número: em relação a agosto do ano passado, houve um aumento considerável. A batata, o tomate, o feijão e a banana-caturra tiveram altas superiores a 30% no período”, explica.

Intenção de consumo tem leve melhora

Após cinco meses de queda, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Belo Horizonte teve alta de 1,1 ponto percentual em agosto, em relação a julho, alcançando 84,8 pontos, segundo a Fecomércio MG.

O resultado foi influenciado pela melhora de itens como acesso ao crédito e perspectiva de consumo. “Pequenos aumentos mostram uma retomada da economia bastante lenta, mas com indícios de melhora. A perspectiva de reforma da Previdência, a inflação controlada e a taxa de juros baixa são indicadores otimistas”, afirma a economista da entidade, Bárbara Guimarães.

Apesar da alta, o índice permanece no nível de insatisfação (abaixo de 100). “A alta taxa de desemprego restringe a renda. O dinheiro está indo mais para o pagamento de dívidas e gastos essenciais”, diz Bárbara.

Pessimismo

Confiança

O Índice de Confiança do Consumidor alcançou 37,8 pontos em agosto, aumento de 2,42% em relação a julho, mas ainda permanece no nível de pessimismo (abaixo de 50 pontos). “Houve melhora na pretensão de compras, que pode ter sido influenciada pelo Dia dos Pais e pelos rendimentos extras, como a restituição do Imposto de Renda”, diz a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead, Thaize Martins.

Compras

Os trabalhadores brasileiros vão gastar R$ 9,6 bilhões dos saques liberados do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep em compras no comércio varejista, além de R$ 3,5 bilhões no consumo de serviços prestados às famílias, como alimentação fora de casa e hospedagem, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) obtidos pelo Broadcast, do Grupo Estado. Os saques do FGTS começam na próxima semana.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 05/09/2019 por Rafaela Mansur.

Posted in Inflação, IPC and tagged .

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

View posts by Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD - ipead@ipead.face.ufmg.br