Inflação fecha março com elevação de 0,52% em Belo Horizonte

A alta nos preços da gasolina e dos alimentos in natura – principalmente a batata – empurrou para o alto a inflação em Belo Horizonte. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve elevação de 0,52% em março, sendo o maior indicador apurado para este mês em três anos.

A gasolina registrou aumento de 3,89%, enquanto os preços dos alimentos in natura subiram 13,89%. Com a pressão inflacionária vinda dos alimentos, foi registrado outro efeito: a cesta básica apresentou acréscimo de 7,11%, chegando a R$ 456,23, o maior valor da série histórica, iniciada em 1994.

Esse total corresponde a 45,71% do salário mínimo. Os indicadores foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Coordenadora de pesquisa do Ipead/UFMG, Thaize Martins explica que a alta considerável da inflação em março, após mostrar deflação em fevereiro, é localizada. No caso da gasolina, o aumento está ligado à metodologia de atualização de preço da Petrobras.

Já os preços dos alimentos in natura aumentaram devido a questões climáticas. A principal alta foi a da batata, com elevação de 38,56%. Isso se deu devido à interrupção da colheita em fevereiro após fortes chuvas. Com menor volume do produto, o preço subiu.

Os itens que mais seguraram a inflação foram passagem aérea (-9,71%) e excursões (-4,69%). No acumulado do ano, a inflação registra alta de 2,15%.

Nenhum dos grandes grupos pesquisados mostrou deflação em março. No grupo alimentação, a alta foi de 1,62%. A alimentação na residência aumentou 2,71%, com os seguintes subgrupos: alimentos industrializados (+1,09%); alimentos de elaboração primária (+0,90); alimentos in natura (+13,88%).

A alimentação fora da residência teve alta de 0,37%, com aumento de 0,31% na alimentação em restaurantes; e alta de 0,93% em bares e restaurantes.

No grupo habitação, o aumento foi de 0,78%. Já em produtos de uso pessoal, houve estabilidade, sendo que dentro deste grupo estão vestuário e complementos (+3,43); produtos de saúde e cuidados pessoais (-0,30%); despesas pessoais (-0,22%). No segmento de produtos administrados (transporte, comunicação, energia elétrica, combustíveis, água e IPTU) o crescimento foi de 0,65%.

O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), referente às famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, apresentou, no mesmo período, variação positiva de 0,75%.

Cesta básica

Além da batata, os principais produtos que contribuíram paraalta do preço da cesta básica em março foram a banana caturra (+35,25%); feijão carioquinha (+15,61%) e tomate (+15,35%). Os itens que seguraram o índice foram pão francês (-1,49%); farinha de trigo (-1,15%); açúcar cristal (-1,11%).

Confiança

Os moradores de Belo Horizonte não estão confiantes para realizar suas compras. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado ontem pelo Ipead/UFMG, registrou queda de 6,35% na passagem de fevereiro para março, chegando a 36,58 pontos, o menor valor em seis meses. O índice, que varia de 0 a 100, permanece abaixo dos 50 pontos, nível que mostra pessimismo.

Segundo Thaize Martins, os entrevistados mostraram uma percepção pessimista quanto ao cenário econômico e ao emprego. Além disso, no mês não há data comemorativa, o que impacta negativamente a intenção de compras.

Ela considera ainda que a percepção sobre o novo governo também influencia na pesquisa, pois o ICC avalia fatores macroeconômicos, como inflação. “Há uma reflexão sobre o momento do País”, disse. O indicador de março é influenciado ainda pelo fato de ser período de declaração do Imposto de Renda, o que pode gerar descontentamento.

Dos seis itens avaliados no ICC, cinco ficaram abaixo da linha dos 50 pontos, apontando pessimismo na percepção dos entrevistados. São eles emprego (21,85); inflação (28,33); situação econômica do País (28,75); pretensão de compra (39,64); situação financeira da família em relação ao passado (49,35). A avaliação da situação financeira da família ficou em 53,57 pontos.

O Índice de Expectativa Econômica (IEE), componente do índice geral, mostrou retração de 11,18% em março no comparativo com fevereiro. O Índice de Expectativa Financeira (IEF) registrou retração de 3% nessa mesma base.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado por Ana Amélia Hamdan em 04 de abril de 2019.

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