O custo de vida em Belo Horizonte teve alta em 2018, com a inflação fechando o ano com variação de 4,59%. O índice está acima do centro da meta, de 4,5%, e também é superior ao de 2017, que ficou em 3,94%. Os principais impactos vieram da greve dos caminhoneiros, da alta do preço da gasolina, que no acumulado do ano foi de 12,69%; do aumento nos valores da energia elétrica (10,81%) e dos planos de saúde (10%). Os dados referentes ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Coordenadora de pesquisa da Ipead/UFMG, Thaize Martins aponta o alto impacto da greve dos caminhoneiros sobre a inflação em 2018. Ela informa que, de janeiro a maio, o IPCA estava abaixo do registrado em iguais meses do ano passado. Entretanto, a paralisação dos motoristas de veículos de carga interrompeu tal movimento.
Ainda assim, segundo a pesquisadora, não há qualquer motivo para alarme, já que a inflação encontra-se controlada e em níveis considerados baixos. Ela explica que, apesar de estar acima do centro da meta, a inflação está dentro da meta, que pode variar de 3% a 6%.
“O início de 2018 foi marcado por expectativa de inflação menor, mas ao longo do ano foram acontecendo fatores que mudaram o curso da inflação.
Um deles foi a greve dos caminhoneiros, no final de maio,com reflexo intenso no mês de junho. O desabastecimento geral, as perdas de produção geraram o impacto do preço final no mercado. Tivemos outros fatores,como alta do câmbio, com o dólar em patamares altos, reajustes acima do esperado para a energia elétrica. Mas a gasolina foi a vilã do ano, com vários reajustes ao longo do ano”, explica a pesquisadora.
Thaize Martins comenta que, em 2018, todos os grandes grupos que compõem o IPCA tiveram alta. Os itens que compõem o grupo de produtos não alimentares tiveram inflação de 4,54%. Entre seus componentes, o destaque de avanço de preços fica por conta dos produtos administrados, que englobam a energia e combustíveis. Já as principais quedas de valores foram registradas na telefonia móvel (-6,14%); curso de pós-graduação (-9,50%) e automóvel usado (-5,54%).
Alimentação
Já no grupo de alimentação, o avanço foi de 4,88%. O destaque para alta nos preços foi alimentação em restaurante (+7,23%) e alimentos in natura (+13,61%), especialmente o tomate, com alta de 128,68%. Por outro lado, tiveram queda os preços do café (-8,87%) e do sorvete (-12,57%).
Segundo a pesquisadora, com o custo de vida em alta, a consequência imediata é a perda do poder de compra do trabalhador. Isso ocorre porque, normalmente, os salários são reajustados de acordo com a inflação, mas muitos preços avançam acima desse índice.
Por fim, Thaize Martins pontua que, para 2019, a meta da inflação é 4,25%, ou seja, menor que a de 2018. “O ano de 2019 vem com meta mais baixa, então a inflação desse ano tem que ser ainda mais acompanhada de perto”, disse.
Dezembro
No mês de dezembro, a inflação da capital apresentou alta de 0,30%. É o menor resultado para o mês em dez anos. Nessa época é aguardada alta inflacionária devido ao período de festas, mas o que segurou o aumento foi a retração no valor da gasolina registrada no final do ano.
Em dezembro, o preço da gasolina comum caiu 4,43%. O leite também registrou queda (-7,72%). As altas ficaram por conta das excursões, devido à proximidade do período de férias, com aumento de 5,04%, e dos automóveis novos, com elevação de 3,10%.
Fonte: Jornal Diário do Comércio por Ana Amélia Hamdan – Publicado em 08/01/2019.