A inflação em Belo Horizonte desacelerou em maio, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (4) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,05% no quinto mês de 2025.
O resultado foi menor tanto em relação à quadrissemana anterior, quando o índice apresentou elevação de 0,20%, quanto em comparação ao registrado em abril (0,37%). Na comparação com maio do ano anterior, também houve desaceleração, pois o IPCA havia registrado alta de 0,62%. No acumulado do ano, o IPCA da capital mineira registra um aumento de 2,98%, e nos últimos doze meses o aumento é de 6,69%.
Em termos dos produtos/serviços específicos que se destacaram no período, as maiores elevações foram das joias (4,49%), pão francês (3,29%) e tarifa de energia elétrica residencial (2,69%).
Os recuos nos preços médios foram verificados para cerveja em supermercados, com queda de 7,89%, além de excursões, com recuo de 4,63%, e festas de aniversário, que ficaram 3,20% mais baratas. “Também merece destaque a queda de 2,08% no preço da gasolina comum”, observa o gerente de pesquisa da Fundação Ipead, Eduardo Antunes.
Considerando a importância relativa de cada produto e serviço na composição do IPCA, ou seja, o peso no índice, as maiores contribuições para a alta da inflação foram refeição fora de casa, com incremento de 0,10 ponto percentual (p.p.), tarifa de energia elétrica (0,08 p.p.) e lanche (0,04 p.p.). Já as maiores contribuições para segurar a taxa na Capital foram das excursões (-0,16 p.p.), gasolina comum (-0,08 p.p.) e cerveja em supermercados (-0,03 p.p.).
Inflação da alimentação em alta em Belo Horizonte
De acordo com o levantamento, o grupo alimentação, como um todo, registrou elevação no custo médio em maio deste ano (0,43%), desacelerando em relação à quadrissemana anterior (0,60%), mas acelerando em comparação ao mês anterior (0,14%).
O aumento ocorreu devido à alta do custo da alimentação fora da residência (1,90%). No subgrupo alimentação na residência, dois dos três itens apresentaram queda nesta quadrissemana.
O item alimentos in natura apresentou sua terceira queda consecutiva (-4,37%). O item alimentos em elaboração primária também registrou queda (-0,36%), após alta na quadrissemana anterior. No entanto, o item alimentos industrializados teve sua primeira alta (0,02%), após variações negativas nas últimas quadrissemanas, conforme a Fundação Ipead.
O subgrupo alimentação fora da residência registrou aumento (1,90%) em maio. Isso ocorreu devido às elevações dos itens bebidas em bares e restaurantes (1,98%) e alimentação em restaurante (1,89%).
Já o grupo produtos não alimentares registrou queda de 0,04%, sendo verificada altas dos subgrupos habitação (0,30%) e produtos administrados (0,10%). Em contrapartida, o subgrupo pessoais teve queda consecutiva (-0,20%).
IPCR registrou alta maior que o IPCA
Na quarta-feira (4), a Fundação Ipead também divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, que considera apenas os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos e difere do IPCA devido às diferentes ponderações (pesos) atribuídas a cada bem e serviço nos orçamentos familiares. Consequentemente, as variações de preços afetam o IPCR de maneira distinta.
Em termos do índice geral, o IPCR registrou alta de 0,21% em maio, bem acima da variação do IPCA (+0,05%) no mesmo mês. O indicador desacelerou tanto em comparação à quadrissemana anterior em que houve alta de 0,37% quanto em relação ao mês anterior (0,41%). No mesmo período do ano anterior, o aumento do IPCR havia sido maior (0,67%). No ano de 2025, o IPCR acumula alta de 2,99% e, nos últimos doze meses, de 6,48%.
Conforme o levantamento, a inflação da alimentação como um todo no IPCR registrou alta de 0,13%, contribuindo com 0,03 p.p.. O subgrupo alimentação na residência apresentou queda (-0,73%) na medição de maio.
O maior aumento observado foi de 1,91% nos preços de alimentação em restaurante, componente do
subgrupo alimentação fora da residência. O item alimentos in natura apresentou a maior queda (-4,28%).
O grupo produtos não alimentares apresentou alta (0,23%), contribuindo com 0,18 p.p.. A maior queda foi computada para artigos de residência (-0,09%).
Perspectiva – Para junho, Antunes diz que está cada vez mais difícil traçar o comportamento da inflação. “Além do mercado, que envolve o movimento da demanda e da oferta, há ainda o componente climático, que está mais imprevisível e que influi no preço dos alimentos e também da energia”, explica.
Ele acrescenta que, entre as pressões para a alta do índice, está a energia elétrica, com a mudança da bandeira. No último dia 30, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou o acionamento da bandeira vermelha, no patamar 1, para o mês de junho, o que indica o aumento no custo da energia para os consumidores. Dessa forma, as contas de energia elétrica terão cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos.
A medida foi adotada em razão da queda no volume de chuvas e da diminuição da geração de energia pelas hidrelétricas, segundo projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). “Por outro lado, para ajudar a conter a inflação há a perspectiva de repasse da redução do preço da gasolina para o consumidor em junho”, diz.
A partir da última terça-feira (3), os preços de venda de gasolina A da Petrobras para as distribuidoras passaram a ter uma redução de 5,6%. De acordo com informações da empresa, o preço médio deste tipo de venda passará a ser de R$ 2,85 por litro, o que representa um recuo de R$ 0,17 por litro.
O gerente de pesquisa da Fundação Ipead acrescenta que a composição da inflação depende do comportamento de vários produtos e serviços, além do peso de cada um na composição da taxa. “Alimentação, energia e gasolina são itens com pesos consideráveis no índice”, observa.