Segundo pesquisa, seis das 14 operações de crédito e financiamento apresentaram queda em comparação com o mês anterior
A maioria das taxas de juros para pessoa física apresentou queda em agosto em Belo Horizonte, segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), divulgado neste mês. A pesquisa mostra que seis das 14 operações de crédito e financiamento apresentaram queda no oitavo mês de 2024 na comparação com o mês anterior. Além disso, neste período, quatro operações apresentaram elevação da taxa e outras quatro registraram estabilidade.
A pesquisa sobre a evolução das taxas de juros mensais praticadas pelo sistema bancário brasileiro na Capital mostrou que metade das taxas de juros de operações de captação, ou seja, os juros pagos pelos bancos aos clientes por suas aplicações, apresentaram queda no período.
O levantamento da Fundação Ipead mostra que as operações de crédito que apresentaram as quedas mais expressivas nas taxas de juros médias foram construção civil (imóveis na planta), com recuo de 18,75%, e construção civil (imóveis construídos), que apresentou retração de 6,25%.
A maior alta nas operações para pessoa física foi verificada para o cheque especial, com alta de 3,74% na comparação com o mês anterior, sendo a menor taxa encontrada a 7,61% e a maior, 8,36%. A taxa média em agosto foi de 8,04%.
Quanto às taxas cobradas pelos bancos nas operações com pessoas jurídicas, duas apresentaram alta em agosto em relação ao mês anterior: antecipação de faturas de cartão de crédito (5,56%) e desconto de duplicatas (1,50%). Por outro lado, conta garantida e capital de giro apresentaram quedas, respectivamente de -10,26% e -9,68%, em relação ao mês anterior.
Sem interferência da Selic
O levantamento da Fundação Ipead é referente ao mês anterior antes da alta da taxa básica de juros, a Selic, que aconteceu na última quarta-feira (18). Naquele dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 10,5% para 10,75% ao ano.
Foi o primeiro aumento de juros em mais de dois anos. Em agosto de 2022, a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. A Selic ficou um ano parada naquele patamar até o início do processo de flexibilização do aperto monetário em agosto do ano passado.
Reflexo na economia
O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, diz que a alta da Selic não deve ter impacto imediato e de forma expressiva nos juros praticados no mercado. “Além da Selic, as instituições financeiras levam em consideração outros aspectos, como a concorrência e a inadimplência, na hora de estabelecer os juros que irão cobrar das pessoas físicas e jurídicas”, observa.
Para ele, mais do que a elevação recente de 0,25 ponto percentual da Selic, o mais preocupante é saber se o movimento de alta vai prevalecer. “Dificilmente vai cair na próxima reunião, a não ser que aconteça um fato extraordinário. A taxa, no mínimo, deve ser mantida neste patamar”, analisa.
Santos ressalta que a elevação da taxa básica de juros é um indicativo de que o BC quer manter a aplicação de recursos no sistema financeiro. “Com isso, a ampliação mais robusta de projetos de investimento acaba ficando prejudicada”, diz.
Boletim Focus
E novas altas na Selic são projetadas por analistas ouvidos pelo Banco Central, conforme o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (23). Agora, os economistas estimam que a taxa básica de juros deva fechar o ano em 11,5%. Há uma semana, o patamar estava em 11,25% ao ano e, há um mês, em 10,5% ao ano.