Cesta básica de Belo Horizonte também alcança o menor valor em 2024
Após subir 0,55% em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte caiu 0,25% em agosto, marcando a primeira redução da inflação em 2024. Com este resultado, a alta acumulada do indicador chegou a 5,38% no ano e 7,85% nos últimos 12 meses.
Os dados são de um levantamento realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), divulgado nesta sexta-feira (6).
A queda no custo de vida da população belo-horizontina foi influenciada por três itens principais.
São eles:
- excursões (-10,57% e impacto de -0,35 pontos percentuais sobre o IPCA),
- tarifa de energia elétrica residencial (-2,62% e -0,08 p,p.)
- e passagem aérea (-23,02% e -0,05 p,p.).
Já as maiores contribuições para conter a baixa da inflação foram:
- gasolina comum (3,56% e 0,15 p.p.),
- condomínio residencial (1,70% e 0,08 p.p.)
- e aluguel residencial (1,59% e 0,04 p.p.).
O que levou à queda da inflação em Belo Horizonte?
De acordo com o consultor da entidade, Diogo Santos, os preços das excursões caíram devido a um ajuste normal de demanda. Ele afirma que os valores subiram bastante durante as férias e, agora, como não é um período de alta procura por serviços de turismo, sofreram essa correção.
O mesmo vale para a baixa dos valores das passagens aéreas. No caso, os bilhetes encareceram fortemente na pandemia, depois estabilizaram e, nos últimos meses, têm apresentado uma sequência de quedas associada a uma maior recuperação da economia, que eleva a demanda por viagens aéreas, e aos recentes movimentos do governo federal para tentar diminuir os valores.
Sobre a redução dos preços da energia residencial, Santos esclarece que trata-se de uma fase de alívio da pressão inflacionária sentida recentemente com ajustes na tarifa. O consultor lembra que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) realizou o reajuste anual e, depois, houve uma majoração com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterando a bandeira tarifária.
A variação negativa de agosto não é considerada como deflação pelo Ipead. Ele ressalta que, para a Fundação, um processo deflacionário ocorre em um período mais longo de queda nos valores, tornando-se um fenômeno problemático, ao contrário da baixa registrada, que é benéfica.
Inflação por grupos e subgrupos
Quanto aos grupos analisados pelo estudo, o de alimentação foi quem apresentou a principal redução média de valores, de 0,79%, e o maior impacto sobre o IPCA de Belo Horizonte no oitavo mês do ano, de -0,14 p.p. Esse resultado ocorreu em razão tanto do movimento de baixa do subgrupo alimentação na residência quanto da alimentação fora da residência.
Os preços médios do grupo de produtos não alimentares também caíram em agosto, conforme o Instituto. Neste caso, o recuo foi devido à desaceleração dos valores dos produtos administrados e do recuo do subgrupo pessoais, visto que o de habitação teve um aumento mensal.
Inflação pode voltar a aumentar nos próximos meses?
Analisando o que vem pela frente, o consultor da Fundação Ipead ressalta que uma série de elementos pode influenciar nos resultados, uma vez que cada atividade tem sua própria dinâmica. Contudo, ele afirma que as hipóteses são de que fatores como a depreciação da moeda e a estiagem prolongada possam pressionar o IPCA de Belo Horizonte nos próximos meses.
“A desvalorização cambial que tivemos no meio do ano, aos poucos aumenta o custo das empresas para importar insumos, e de algum modo elas podem decidir repassar isso para os preços. Teremos que verificar na inflação, principalmente de setembro, se terá impactos”, diz.
“Outro elemento é que estamos vivendo agora um período de seca muito acentuado e fora do padrão. Isso pode também gerar algum tipo de pressão na inflação por aumento de custos, por exemplo, para alimentar os animais e manter as plantações devidamente irrigadas”, conclui.
Cesta básica de Belo Horizonte alcança o menor valor em 2024
O custo da cesta básica em Belo Horizonte, que representa o gasto médio de um trabalhador adulto com alimentação, também é medido pelo Ipead. Após cair 4,51% em fevereiro, o indicador recuou 2,04% em agosto, chegando a R$ 685,25, o menor valor observado em 2024.
Dos 13 itens que compõem a cesta, oito ficaram mais baratos. Considerando a importância relativa de cada um, os que mais contribuíram para o resultado registrado foram:
- batata-inglesa (-22,53% e -1,69 p.p.),
- tomate (-10,34% e -0,76 p.p.)
- e manteiga (-4,33% e -0,27 p.p.).
Atualmente, o custo da cesta básica na Capital representa menos do que a metade de um salário mínimo (48,6%). A última vez que isso aconteceu foi há quase quatro anos, em outubro de 2020.
Para o consultor da Fundação Ipead, este fato demonstra a importância da valorização do salário mínimo para garantir um ganho no poder de compra. Santos salienta que se o salário mínimo não fosse reajustado acima da inflação, não seria possível comprar duas cestas básicas com o valor.