A inflação em Belo Horizonte teve alta em junho, conforme levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), divulgado nesta quinta-feira (4). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou elevação de 1,23% no mês, acelerando em relação a maio, quando o índice apresentou incremento de 0,62%.
O resultado apurado no sexto mês de 2024 foi fruto da aceleração dos preços de produtos administrados/controlados, com destaque para o item saúde e cuidados pessoais, que registrou alta de 3,39%.
O consultor econômico da Fundação Ipead, Diogo Santos, diz que em termos dos produtos/serviços específicos que se destacaram no IPCA de Belo Horizonte em junho, as maiores altas de preços médios foram verificadas em plano de saúde, tarifa de energia elétrica residencial e seguro voluntário de veículos que apresentaram crescimento do preço médio, respectivamente de 6,91%, 6,70% e 4,08%.
Além disso, em junho, o grupo produtos não alimentares do IPCA de Belo Horizonte apresentou alta de 1,52%, acelerando tanto em comparação com a prévia semanal anterior (1,42%), quanto em relação ao mês anterior (0,52%). O desempenho foi fruto da elevação consecutiva de preços dos subgrupos pessoais (1,71%), habitação (1,62%) e produtos administrados (1,05%). “Foi o grupo alimentos que ajudou a segurar a inflação”, frisa Santos.
No sentido contrário, conforme o levantamento da Fundação Ipead, o grupo alimentação, como um todo, apresentou queda (-0,15%) no custo médio em junho. Essa queda inverte o resultado de maio, quando o custo médio da alimentação havia subido 1,11%.
Além disso, o subgrupo alimentação na residência apresentou nova queda semanal (-0,50%), a terceira consecutiva. Na quadrissemana anterior, esse subgrupo havia apresentado queda de – 0,51%.
O responsável pela queda da alimentação na residência foram os alimentos industrializados, que apresentam nova queda (-1,34%), após a queda na quadrissemana anterior (-1,48%) e forte reversão em comparação com o mesmo período do mês anterior, quando havia crescido 1,64%, e os alimentos in natura que apresentaram queda de 0,91%, depois de altas nas últimas três quadrissemanas. Somente os alimentos em elaboração primária apresentaram alta em junho (1,24%).
Vale dizer que o IPCA de Belo Horizonte, calculado pela Fundação Ipead, abrange famílias com renda de um a 40 salários mínimos e registrou um aumento acumulado de 5,06%. Nos últimos doze meses, a alta é de 6,97%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior também houve alta, pois o IPCA havia registrado 0,35% em junho de 2023.
IPCR também teve alta em Belo Horizonte
A Fundação Ipead também divulgou, nesta quinta-feira (4), o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, que considera os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos, experimentou elevação de 1,14% em junho, desacelerando em relação à quadrissemana anterior (1,25%) e acelerando comparado ao mês anterior (0,67%).
Neste ano, o IPCR acumula crescimento de 5% e aumento nos últimos doze meses de 5,43%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, acelerou, pois havia sido de 0,74% em junho de 2023.
Apesar da alta, Santos afirma que a inflação não está descontrolada em Belo Horizonte. O consultor econômico lembra que os impactos são diferentes para cada família. “Vai depender da cesta de consumo”, diz. No IPCR, a energia elétrica, por exemplo, é o quarto item com maior peso, já no IPCA, ocupa a 9ª posição.
Para julho, ele diz que alguns alimentos devem sofrer com pressão nos preços por causa da estiagem. Há ainda a questão do impacto do câmbio, já que o Brasil importa fertilizantes, além de outros produtos.
No País, analistas consultados pelo Banco Central (BC) passaram a ver a inflação a 4% neste ano, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (1º). O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a estimativa para a alta do IPCA subiu pela oitava semana seguida, de 3,98% na semana anterior.
No ano, a inflação oficial do Brasil, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acumulada alta de 2,27% até maio e, nos últimos 12 meses, de 3,93%.
Além dos índices de inflação de Belo Horizonte, a Fundação Ipead também divulgou o custo da cesta básica, que representa o gasto médio mensal de um trabalhador adulto com alimentação, que teve alta 2,13% em junho frente a maio.
O valor da cesta no sexto mês de 2024 chegou a R$ 733,62, o equivalente a 51,96% do valor de um salário mínimo. Atualmente, a cesta está custando R$ 50,80 a mais que em junho do ano passado. Em relação à proporção do salário mínimo, o custo é maior agora do que em junho do ano anterior, quando a cesta custava o equivalente a 51,73% do salário mínimo vigente à época.