Inflação sobe em BH puxada pelos preços de aluguel e de condomínio

Queda da batata inglesa ajudou a segurar indicador; levantamento foi divulgado pelo Ipead nesta sexta-feira (5/4)

A inflação em Belo Horizonte, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,52% em março, mostrando tendência de aceleração em relação a fevereiro, quando registrou alta de 0,24%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (5/4) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

A inflação sentida pelas famílias mais vulneráveis, que recebem até 5 salários mínimos, porém, foi bem menor. O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) registrou uma alta de 0,18% em março, o que significou uma desaceleração em relação à fevereiro (0,25%). 

Segundo o instituto, neste ano, o IPCA registrou um aumento acumulado de 2,90%. Nos últimos doze meses a alta acumulada é de 5,88%. Já o IPCR, em 2024, acumula um crescimento de 2,85% e aumento de 6,53% nos últimos doze meses.  

Diogo Santos, economista do Ipead, explica que, desta vez, a alimentação não foi o principal fator responsável por acelerar a inflação, mas sim o custo da habitação. “Neste mês, o preço de aluguéis e o preço de condomínio foram itens importantes a pressionar o custo de vida da capital […] e também os serviços e despesas pessoais, que haviam caído de preço médio ao longo do mês de fevereiro, e voltaram a subir de modo considerável”, destaca.

O custo da alimentação voltou a subir, mas a um ritmo inferior ao verificado em fevereiro. O grupo da alimentação apresentou uma alta de 0,41% no custo médio em março. Porém, em relação a fevereiro (0,61%), o índice representou uma desaceleração.

Comer em casa ficou mais caro: houve uma alta de 0,43%, após duas quedas consecutivas nas quadrissemanas anteriores. Os alimentos in natura tiveram alta de 1,94%, revertendo a queda de -1,84% em fevereiro. Já os industrializados apresentaram uma alta de 0,29%, uma desaceleração significativa em relação a fevereiro (1,40%). 

Em relação ao mês anterior, houve uma desaceleração da inflação para quem se alimenta fora de casa. Todos os itens apresentaram alta, mas menores que fevereiro:

Alimentação em restaurante
+ 0,41% em março
+ 0,59% em fevereiro

Bebidas em bares e restaurantes
+ 0,14% em março
+ 3,16% em fevereiro

Entre os produtos não alimentares, houve uma variação positiva (0,55%) dos preços em todos os subgrupos: habitação (1,28%), pessoais (0,57%) e produtos administrados (0,01%). Somente artigos de residência e vestuário e complementos. A variação mostrou uma aceleração em relação a fevereiro (0,17%) e a prévia anterior (0,45%).

Material de pintura e manicure e pedicure apresentaram o maior crescimento do preço médio, de 11,74% e 6,08%, respectivamente. As maiores quedas ocorreram na batata inglesa (-17,83) e no feijão carioca tipo 1 (-10,94%).

Entre as maiores contribuições para a elevação da inflação na capital estão:

  • condomínio residencial – 0,13 pp
  • aluguel residencial – 0,06 pp
  • automóvel novo – 0,04 pp

Entre as contribuições de maior peso para conter a inflação estão:

  • batata inglesa – 0,04 pp
  • móvel para quarto – 0,03 pp

Alimentação ficou mais em conta para famílias com até 5 salários mínimos

No IPCR, há diferentes ponderações (pesos) atribuídas a cada bem e serviço nos orçamentos familiares. Por isso, houve diferenças significativas em relação ao IPCA nas avaliações do impacto da inflação para a população.

Para as famílias com renda de até cinco salários mínimos, a inflação de alimentação apresentou uma variação negativa de -0,10%, contribuindo com -0,02 p.p. no subgrupo alimentação na residência também houve uma queda de -0,28%.

Já os produtos não alimentares apresentaram elevação de 0,27%, contribuindo com 0,20 pp. O maior aumento observado foi de 1,51% nos preços de Encargos e manutenção, componente do subgrupo Habitação. No subgrupo de Produtos administrados, houve uma queda de -0,06%, também se distinguindo da estabilidade (0,01%) verificada no IPCA.

Confira os itens que apresentaram variação negativa no IPCR em março (em relação a fevereiro):

  • artigos de residência (- 1,86%)
  • alimentos in natura (- 1,34%)
  • bebidas em bares e restaurantes (- 18%)
  • vestuário e complementos ( – 0,013%)
  • alimentos em elaboração primária (- 0,12%)
  • produtos administrados (- 0,06%)

Itens que contribuíram para a alta do IPCR:

  • preços do aluguel residencial (+ 0,14 pp)
  • automóvel (+ 0,05 pp)

Itens que contribuíram para segurar o crescimento do IPCR:

  • batata inglesa (- 0,11)
  • bicicleta (- 0,04 pp)
  • computador (- 0,04 pp)

Fonte: Jornal O Tempo – caderno de Economia – Publicado em 05/04/2024 – por Redação.

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