Alimentos in natura ajudam a conter a inflação em Belo Horizonte em fevereiro

Os preços dos produtos não alimentares também desaceleraram no segundo mês do ano

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Os preços dos alimentos permanecem sob pressão de baixa, já que o Brasil experimenta um boom agrícola | Crédito: Alessandro Carvalho/Diário do Comércio

Depois de sofrer efeitos das mudanças climáticas e sazonalidade, a despesa com alimentação desacelerou significativamente e segurou a inflação em Belo Horizonte. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de BH, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), avançou 0,24% em fevereiro, após alta de 2,12% em janeiro.

A inflação belo-horizontina também desacelerou em relação a fevereiro do ano passado, quando registrou incremento de 0,47%. No acumulado de 2024, o IPCA da Capital registrou crescimento de 2,36%. Já nos últimos 12 meses, o custo de vida em Belo Horizonte apresentou elevação de 6,64%.

O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, explica que a queda nos preços dos alimentos in natura ocorreu principalmente pela maior oferta nessa época do ano. “Chega um volume maior de mercadoria no sacolão. Os produtores, com um volume mais alto, acabam optando por vender a um preço mais baixo para vender toda a mercadoria”, disse.

O grupo Alimentação apresentou alta de 0,61% no mês, bem inferior a janeiro (1,93%). O subgrupo alimentação na residência cresceu 0,44%, uma forte desaceleração em relação ao mês anterior (2,24%), puxado pelos alimentos in natura (-1,84%) e alimentos em elaboração primária (0,04%). Já os alimentos industrializados registraram alta de 1,40% nos preços em fevereiro.

Diogo Santos explica que cada produto desse item tem uma sazonalidade diferente. Após o verão, haverá alta nos preços de alguns alimentos, enquanto outros vão registrar queda. “Alimentos in natura são muito sensíveis, ajudam a segurar a inflação em alguns momentos e, em outros, são o principal fator a pressionar a inflação a subir”, explica.

Ainda assim, o economista faz a ressalva que o crescimento expressivo dos alimentos in natura nos últimos meses era atípico, não pela tradicional sazonalidade. As mudanças climáticas, que alteraram o volume de chuvas e a temperatura ao longo do verão, geraram uma diminuição da oferta de alimentos fora do comum.

Inflação para o consumidor restrito

O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, que engloba famílias com renda de até cinco salários mínimos, também desacelerou significativamente sobre o primeiro mês do exercício – quando registrou inflação de 2,24%. A alta em fevereiro foi de 0,25%. Nos dois meses do ano, o IPCR acumulou crescimento de 2,66%, com aumento nos últimos 12 meses de 6,78%, segundo levantamento da Fundação Ipead.

Já a Alimentação no IPCR, grupo que afeta sensivelmente famílias dessa faixa de renda, apresentou alta de 0,75%. O subgrupo alimentação na residência nesse índice registrou alta de 0,71%, puxada também pelo item alimentos in natura, com queda de 2,89%.

Especificamente, o produto/serviço que mais contribuiu para a alta do IPCR em Belo Horizonte foi o aluguel residencial, com influência de 0,11 pontos percentuais (p.p.) o indicador e alta de 2,04%.

Cesta básica em Belo Horizonte

Após três altas consecutivas, o valor da cesta básica em Belo Horizonte obteve queda de 0,31% e chegou a R$ 733,16 em fevereiro de 2024. Comparada com fevereiro de 2023, a cesta básica está R$ 34,17 mais cara. Os dados também são do Ipead. Diogo Santos destaca que o custo da cesta básica no salário mínimo diminuiu. O valor corresponde a 51,92% do salário mínimo. No mesmo mês do ano passado, a proporção era de 53,69%. “Apesar do preço estar maior agora, como houve o reajuste do salário mínimo, como proporção, agora a cesta básica custa menos do que ela custava ano passado”, afirma.

Nos últimos 12 meses, o custo da cesta básica na Capital registra aumento de 4,89%. No acumulado do ano, o incremento é ainda maior, de 5,73%. No mês passado, a maioria dos produtos teve redução de preço, no total de sete, enquanto seis produtos tiveram alta acumulada de preço.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – caderno de Economia – Publicado em 06/03/2024 por Marco Aurélio Neves.

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