Custo da cesta básica em BH chega ao maior valor em dois anos

Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) revela um aumento de 6,06% entre dezembro e janeiro

Batata inglesa foi o item com mais alta acumulada no último mês
crédito: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

O valor da cesta básica em Belo Horizonte atingiu o maior patamar dos últimos dois anos, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), ligada à Faculdade de Ciências Econômicas (Face-UFMG). O levantamento divulgado nesta terça-feira (6/2) revela uma variação positiva de 6,06%, entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, com o preço atingindo R$ 735,43.

O maior valor nos últimos dois anos havia sido registrado em abril de 2022, com um preço de R$ 716,26 na somatória dos itens que compõem a cesta básica. A alta de janeiro é a terceira consecutiva, com o acumulado equivalente a 52,08% do valor de um salário mínimo (R$ 1.412,00).

O consultor econômico da IPEAD Diogo Santos aponta para a sazonalidade dos itens da cesta básica e os impactos da crise climática como justificativa para o aumento da cesta básica. “Alguns itens tiveram um aumento muito expressivo, de 30% em comparação ao mês anterior. São dois itens bastante importantes na cesta básica. Também tiveram itens com crescimento na casa de 8% a 9%, como a banana e o arroz”, disse.

Entre os principais itens com maior variação no preço médio no último mês, ou seja, os que mais subiram de preço, estão a batata inglesa (33,51%), o tomate (30,65%), o arroz (9,19%) e a banana caturra (8,13%).

No último semestre de 2023, impactado pelos efeitos do El Niño, o agronegócio precisou lidar com chuvas e secas extremas, além de uma onda de calor que atingiu o sudeste do país. “São situações climáticas que não estavam previstas, como o calor e a chuva acima do ideal para a plantação das culturas. Isso acabou gerando um impacto na diminuição da oferta, mas, por outro lado, a demanda permaneceu a mesma e causou uma pressão nos preços”, enfatizou o pesquisador.

Minas Gerais, por exemplo, é um dos principais produtores de batata inglesa no Brasil. Segundo o último censo agropecuário, de 2022, o estado produziu 1.280.838 toneladas. No entanto, os extremos climáticos como o calor, impactaram na disponibilidade do tubérculo no mercado e causaram o aumento, nos últimos 12 meses, de 20,07%.

Já o arroz, que tem como principal produtor o Rio Grande do Sul, sofreu com a chuva extrema durante 2023. No entanto, o grão também sofre com variações devido ao mercado internacional.

Diogo Santos ressaltou que, em 2023, a Índia, principal exportador do mundo, teve uma redução significativa nas vendas para o mercado estrangeiro e causou um desequilíbrio no mercado. “Os produtores podem vender mais caro no exterior ou vender mais barato no brasil. Acaba que se exige um preço mais alto no mercado nacional”, pontua.

Por outro lado, a sazonalidade dos itens acaba variando muito ao longo do ano. Nos últimos 12 meses, a cesta básica registrou uma alta acumulada de 2,73%. Na comparação entre janeiro e fevereiro de 2023, por exemplo, houve uma queda no preço dos itens, mas não é possível cravar o mesmo comportamento para fevereiro de 2024. “Se os produtores já estão se organizando, certamente vão regularizar a oferta dos itens de acordo com a demanda e provocar uma pressão menor sobre os preços. Mas não é algo que acontece rapidamente”, completou o pesquisador.

Inflação

O Ipead também calculou uma alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2,12% na capital mineira, em relação a dezembro de 2023. Já o acumulado de 12 meses apresenta alta de 6,88%.

A maior alta é do grupo “alimentação”, com uma variação positiva de 1,93% no custo médio na medição de janeiro. Dentro do grupo, o item “alimentação na residência” teve variação positiva de 2,84%, mas representando uma retração em relação à 3ª quadrissemana do mês, que havia marcado 3,30%.

A alta significativa na inflação da capital mineira, segundo Diogo Santos, se dá em razão do aumento na tarifa de ônibus. Em janeiro, o valor de referência da passagem passou de R$ 4,50 para R$ 5,20, o primeiro reajuste desde 2018. “A inflação foi muito impactada pelo aumento do transporte urbano, que tem um peso enorme na inflação, principalmente pelo impacto nas famílias de média e baixa renda. (…) Esse fator do reajuste da tarifa é o principal que não estava na conta da inflação do mesmo período do ano passado”, completou.

Custo da cesta básica por produto

Manteiga (750 g) – R$ 42,87
Leite (7,5 l) – R$ 46,67
Açúcar cristal (3 kg) – R$ 11,09
Farinha de trigo (1,5 kg) – R$ 7,96
Óleo de soja (1 un) – R$ 6,05
Café moído (0,6 kg) – R$ 17,54
Pão francês (6,0 kg) – R$ 116,04
Feijão carioquinha (4,5 kg) – R$ 41,64
Arroz (3 kg) – R$ 19,61
Chã de dentro (6 kg) – R$ 230,73
Banana caturra (12 kg) – R$ 61,73
Batata inglesa (6 kg) – R$ 56,65
Tomate (9 kg) – R$ 76,85
Total – R$ 735,43

Fonte: Jornal Estado de Minas – caderno de Economia – Reportagem Bruno Nogueira – Publicado em 06/02/2024.

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