Cesta básica em Belo Horizonte fica mais barata em 2023

Levantamento do Dieese aponta que recuo foi de 5,75% na comparação ao ano anterior; valor foi R$ 656,29

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Mas em dezembro do ano passado frente a novembro do mesmo exercício, preços dos gêneros alimentícios subiram 2,60% | Crédito: Adobe Stock

O valor da cesta básica em Belo Horizonte chegou a R$ 656,29 em 2023, o que representa uma queda de 5,75% no ano. Em 2022, o cenário foi diferente, com alta de 15,06%. E em dezembro do ano passado frente novembro do mesmo exercício, os preços dos gêneros alimentícios apresentaram elevação de 2,60%, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em Minas Gerais.

No ano passado, a maioria dos produtos teve redução de preço, no total de nove, com destaque para os recuos do óleo de soja (-26,42%), tomate (-18,56%) e feijão carioquinha (-14,30%).

A pesquisa da cesta básica de alimentos do Dieese também verificou a diminuição de preço em 2023 para farinha de trigo (-13,62%), além de café em pó (-10,19%), carne bovina de primeira (-7,47%) e leite integral longa vida (-6,94%). A manteiga ficou 6,33% mais barata e a banana teve queda de 1,23%.

Outros quatro produtos tiveram alta acumulada de preço no exercício passado, sendo a mais expressiva do arroz agulhinha, que registrou elevação de 26,52%, seguido pelo açúcar cristal (13,43%), pão francês (5,30%) e batata (0,30%).

A elevação do preço do arroz em 2023 tem relação com a redução da produção no Rio Grande do Sul por causa de fatores climáticos: seca no começo do ano e excesso de chuvas no fim do exercício passado. O estado do Sul do País responde por mais de 70% da produção nacional.

“No ano passado, o valor da cesta básica diminuiu em 15 das 17 capitais onde o Dieese realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Belo Horizonte teve uma das principais quedas do País em 2023. As altas acumuladas foram verificadas em Belém e Porto Alegre”, observa o supervisor técnico do Dieese MG, Fernando Duarte.

Mensal

Na análise de dezembro de 2023 frente ao mês de novembro do mesmo ano, o Dieese MG verificou a alta no preço médio da maioria dos produtos pesquisados em Belo Horizonte, no total de dez, com destaque para batata (24,26%), feijão carioquinha (18,71%) e banana (8,33%).

Outros produtos que tiveram elevação de preço nesse período foram o óleo de soja (7,96%), arroz agulhinha (5,63%) e café em pó (2,50%). A alta também foi verificada para açúcar cristal (1,33%), carne bovina de primeira (1,24%), farinha de trigo (0,56%) e pão francês (0,36%).

Outros três produtos tiveram redução no preço médio: tomate (-5,85%), manteiga (-4,09%) e leite integral longa vida (-2,43%).

Duarte observa que o aumento de 2,60% no valor da cesta básica em Belo Horizonte no último mês de 2023 teve pressão da sazonalidade do período, fruto do aumento da demanda com as festas típicas do período.

Entre novembro e dezembro de 2023, o valor da cesta subiu em 13 capitais no Brasil, com destaque para Brasília (4,67%), Porto Alegre (3,70%) e Campo Grande (3,39%).  

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) mostrou um cenário parecido para o desempenho da cesta básica em Belo Horizonte, embora com percentuais e metodologia diferentes. Em 2023, a cesta teve queda de 2,54% e em dezembro passado ante novembro do mesmo exercício foi computada alta de 1,90%.

Jornada para adquirir cesta em BH é de 109 horas e 23 minutos

No último mês de 2023, o trabalhador da capital mineira remunerado pelo salário mínimo comprometeu 109 horas e 23 minutos da jornada mensal para adquirir os gêneros essenciais previstos na cesta básica, conforme pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em Minas Gerais.

O tempo gasto para comprar a cesta básica é maior que o registrado em novembro do mesmo ano, 106 horas e 37 minutos. Em dezembro de 2022, o tempo comprometido foi de 126 horas e 23 minutos.

Quando comparados o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, a relação passou de 52,39%, em novembro para 53,75%, em dezembro de 2023. Em dezembro de 2022, o percentual era de 62,11%.

O valor médio da cesta básica em Belo Horizonte no ano de 2023 ficou em R$ 657,54, queda de 0,53% na comparação ao valor médio apurado no ano de 2022 (R$ 661,01).

“A relação entre o valor do salário mínimo bruto comparado ao valor médio da cesta básica passou de 1,84 vezes, em 2022, para de duas vezes, em 2023”, observa o supervisor técnico do Dieese MG, Fernando Duarte.

O resultado mostra que a elevação do salário mínimo e a redução do custo da cesta básica na capital mineira reverteram o movimento de perda do poder de compra do salário mínimo em relação aos gêneros alimentícios básicos observada em anos recentes.

Perspectiva

Para 2024, o especialista diz que não é possível fazer projeções sobre o preço dos alimentos, já que incidem diversas variáveis no valor cobrado, como clima, impacto do mercado externo e desempenho do câmbio.

Já existe previsão de que o fenômeno climático El Niño, que trouxe seca para grande parte da Ásia em 2023, continue na primeira metade de 2024, colocando em risco o fornecimento de arroz, trigo, óleo de palma e outros produtos agrícolas em alguns dos principais exportadores e importadores agrícolas do mundo.

O Comitê de Política Monetária (Copom), por exemplo, informou ter elevado um pouco o impacto do El Niño sobre a inflação da comida em suas projeções, conforme ata publicada no dia 19 de dezembro de 2023.

Conforme o boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado em novembro passado, há 90% de probabilidade de que o fenômeno climático, associado ao aumento das temperaturas mundiais, persista até abril de 2024.

Fonte: Jornal Diário do Comércio / caderno de Economia – Reportagem Juliana Gontijo – Publicado em 09/01/2024.

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