Levantamento aponta que montante é 17,5% maior que o estimado em 2022
Até o final de 2023, a economia de Minas Gerais deve receber em torno de R$ 27,5 bilhões provenientes do pagamento do 13º salário, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Minas. O recurso é 17,5% maior que o estimado em 2022: R$ 23,4 bilhões.
Também conhecido como abono natalino, o benefício contabilizado no Estado equivale a cerca de 9,5% do valor total do País e a 19% da região Sudeste. Esse montante representa em torno de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
De acordo com os cálculos do Dieese/MG, 9, 570 milhões de pessoas devem receber o recurso no Estado. O número equivale a 10,9% do total que terá acesso ao benefício no Brasil. Em relação à região Sudeste, corresponde a 23,2%.
O valor médio do 13º pago por pessoa no Estado é estimado em R$ 2.597,56. No caso dos aposentados e pensionistas, a média é de R$ 1.608,46 e para os trabalhadores do mercado formal, o valor é de R$3.259,92.
Os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, representam 59,9%, sendo 2,3% no emprego doméstico com carteira assinada. Pensionistas e aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) equivalem a 40,1% do total do 13º em Minas Gerais, conforme cálculo do Dieese.
Em relação aos valores que cada segmento irá receber, os empregados formalizados ficam com 67,8% (R$ 18,7 bilhões) e os beneficiários do INSS, com 22,4% (R$ 6,2 bilhões), enquanto aos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do Estado caberão 8,1% (R$ 2,2bilhões) e aos do Regime Próprio dos municípios, 1,6%.
Análise
O supervisor técnico do Dieese/MG, Fernando Duarte, diz que o valor do 13º previsto para este ano não pode ser explicado apenas pelo crescimento “vegetativo” e mostra que a dinâmica econômica melhorou em 2023, com a retomada do aumento de vagas formais de trabalho e aumento real da renda com as negociações trabalhistas, além do impacto do reajuste do salário mínimo.
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), confirma o bom momento do emprego, já que mostra saldo positivo do mercado de trabalho no Estado. Entre janeiro e setembro deste ano, Minas criou 183.414 vagas de trabalho com carteira assinada. O superávit resultou de 2,012 milhões de contratações e de 1,828 milhão de desligamentos.
E o reajuste do salário mínimo neste ano foi significativo na avaliação do especialista do Dieese. Foi a partir de 1º de maio, Dia do Trabalho, que o valor do mínimo passou a ser de R$ 1.320, alta de 8,91% frente o piso de 2022 (R$ 1.212). O salário mínimo é a base de benefícios previdenciários e assistenciais. Seis em cada dez aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebem o piso, incluindo aposentadoria, pensões e auxílios.
Outro impacto positivo no volume do 13º de Minas estimado pelo Dieese foram os reajustes das negociações coletivas. Segundo análise, 71,9% de 256 negociações da data-base setembro no País, concluídas até 13 de outubro, resultaram em ganhos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outras 13,7% conquistaram ganhos iguais ao INPC e 14,5% tiveram resultados abaixo desse índice.
O boletim do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), confirma que os reajustes ainda estão ganhando do INPC em setembro deste ano no País. Para os trabalhadores, 2023 continua sendo bem melhor do que 2.022. No ano, 79,3% dos reajustes ficaram acima da inflação, enquanto em 2022, foram apenas 25,5%.
BH
Em Belo Horizonte, menos pessoas devem receber o 13º salário em 2023, segundo a pesquisa “Destino do 13º salário”, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). Do total de entrevistados na capital mineira, 49,52% afirmaram que irão receber o benefício, ou seja, queda de 4,58% na parcela de consumidores que receberam o direito trabalhista em 2022.
Brasil
Ainda segundo o Dieese, em todo o País, o abono natalino deve injetar R$ 291 bilhões na economia brasileira, montante que representa aproximadamente 2,7% do PIB. Cerca de 87,7 milhões de brasileiros serão beneficiados com rendimento adicional, em média, de R$ 3.057.
A parcela mais expressiva do 13º salário (50%) deve ser paga nos estados do Sudeste, região com a maior capacidade econômica do País e que concentra a maioria dos empregos formais e aposentados e pensionistas. No Sul devem ser pagos 17% do montante e, no Nordeste, 15,7%. Já as regiões Centro-Oeste e Norte cabem, respectivamente, 8,8% e 5%.
Para o cálculo do pagamento do 13º salário em 2023 foram reunidos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego.
Também foram consideradas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), realizada pelo IBGE, da Previdência Social e da Secretaria do Tesouro Nacional (STN).