A prévia da inflação em Belo Horizonte apresentou variação positiva de 0,25% na primeira quadrissemana de julho. Apesar do avanço, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Capital vem apresentando uma tendência de desaceleração.
De acordo com a pesquisa feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), o indicador recuou 0,10 ponto percentual (p.p.) se comparado com a quadrissemana anterior (0,35%).
Essa desaceleração é motivada, principalmente, pela queda nos preços dos automóveis novos (-5,5%) e da refeição fora de casa (-1,92%). Esses produtos estão pressionando a inflação para baixo e contribuíram com a variação negativa do índice em 0,27 p.p. e 0,10 p.p., respectivamente.
Segundo o economista e consultor do Ipead, Diogo Santos, esse processo de desaceleração da inflação já está sendo observado desde o final de maio e início de junho.
“Nós estamos sim tendo uma tendência de desaceleração da inflação na Capital. Ela ainda não chegou a ser uma queda do nível de preços, como aconteceu com o IPCA do Brasil, mas nós estamos sim nessa tendência de desaceleração”, afirma.
Ele ainda reforça que essa diminuição do avanço da inflação só não é mais acentuada por causa de dois fatores muito importantes: o reajuste da energia elétrica e da passagem dos ônibus urbanos.
“Isso é o que tem impedido que a desaceleração seja ainda mais forte. Mas a tendência de desaceleração nós já estamos percebendo no último mês todo ou há mais de um mês”, completa.
Energia e plano de saúde são os vilões
A energia, inclusive, foi o produto de maior contribuição para o aumento no custo de vida no período, além do plano de saúde individual, com alta de 10,78% e 7,05%, respectivamente. Nesse caso, o preço da energia contribuiu em 0,29 p.p. para o avanço do IPCA, enquanto a participação dos planos de saúde foi de 0,26 p.p..
Quanto às perspectivas para o futuro, Santos conta que o esperado é que o retorno da tarifa dos transportes para R$ 4,50 possa gerar impacto ao longo do mês de julho. Dessa forma, se não houver nenhuma outra grande mudança nos demais itens que compõem o IPCA de Belo Horizonte, a expectativa fica sendo de recuo da inflação no próximo mês.
O economista lembra que uma das provas dessa tendência de queda está na redução nos preços do grupo de alimentação, sobretudo, a alimentação na residência. O grupo apresentou queda de 0,32% na comparação mensal e, apesar de ainda estar com variações positivas nos acumulados de 2023 (1,45%) e em 12 meses (5,88%), esse indicador também vem apresentando desaceleração, como lembra o consultor do Ipead.
Setores de vestuários e saúde puxam inflação para cima
Na variação mensal, os grupos que apresentaram as maiores reduções de preços foram as bebidas em bares e restaurantes (-2,44%) e alimentos elaboração primária (-1,68%). Enquanto as elevações mais acentuadas ocorreram nos vestuários e complementos (2,9%), saúde e cuidados pessoais (1,66%) e alimentos industrializados (1,23%).
O consultor explica que o setor de vestuário e complementos já vem apresentando essa tendência de ligeiros aumentos semanais de preços nos últimos meses. Isso porque os empresários estão preocupados em combater o aumento de custos, como o transporte e a energia elétrica.
Além disso, também há uma busca por aumentar a rentabilidade. “Então a gente não consegue saber se essa tendência vai continuar, mas ela tem sido a tendência até aqui. Não tem queda nesse item”, diz.
No caso da saúde, Santos conta que é algo mais específico. Pois este aumento está, basicamente, ligado ao reajuste dos planos de saúde pessoais de 9,63% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A inflação em Belo Horizonte já acumula alta de 5,65% neste ano. Destaque para o crescimento de 10,57% no grupo de vestuários e complementos e para a queda de 6,58% nos preços dos artigos de residência.
O IPCA da capital mineira ficou em 5,33% no acumulado dos últimos 12 meses. A maior elevação foi observada nas bebidas em bares e restaurantes (12,07%) e o recuo mais intenso ocorreu no grupo de alimentos elaboração primária (-5,9%).
IPCR recua em BH
Já o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de BH, que considera famílias com renda de até cinco salários mínimos, fechou em alta de 0,52% na prévia de julho. O IPCR acumula avanço de 6,05% no ano e de 6,21% nos últimos 12 meses.
O economista do Ipead reforça que, com o retorno da passagem para R$ 4,50, a expectativa é de que possa haver um recuo mais significativo da inflação na Capital em julho. Além do que essa mudança pode beneficiar, principalmente, as famílias mais pobres, pois são as que mais utilizam o transporte público. “Certamente o IPCR vai ter uma queda ainda maior do que a que a gente vai observar no IPCA”, diz.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – editoria de Economia – Publicado em 14/07/2023 por Leonardo Leão.