Taxa mensal para pessoa física é a maior registrada neste ano na capital mineira, de acordo com dados da Ipead
Abril registrou a maior taxa média de juros do ano, até o momento, para pessoa física, em Belo Horizonte, considerando todos os tipos de empréstimos: 3,74%. O dado faz parte do levantamento divulgado ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A taxa média do quarto mês do ano foi superior à de março (3,61%) e nos meses anteriores, sendo 3,65% em fevereiro e 3,68% em janeiro. Entre as modalidades pesquisadas, a taxa de juros do cartão de crédito rotativo é a mais alta, chegando a 16,71% ao mês para pessoa física. A taxa média foi de 14,15% e a mais baixa, 11,75%. Na comparação com março, os juros cobrados tiveram alta de 6,79% em abril na capital mineira.
O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, ressalta que a taxa média de juros cobrada pelos bancos no rotativo do cartão de crédito atingiu em março 430,5% ao ano no País, o maior patamar em seis anos, conforme dados do Banco Central. “É o serviço de crédito mais caro, seguido pelo cheque especial, que devem ser evitados pelos consumidores”, aconselha.
O rotativo do cartão é acionado quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento. Desde 2017, os bancos são obrigados a transferir a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, que possui juros mais baixos, após um mês.
A taxa média do cartão de crédito parcelado foi de 10,22% no quarto mês do ano em Belo Horizonte. A menor taxa foi de 8,35% e a maior 11,27%. Em abril, os juros cobrados nessa modalidade tiveram alta de 13,56% na comparação com março.
Para o cheque especial a taxa média foi de 8,14%, sendo 8,45%, a maior taxa e 7,90%, a menor. Embora ainda seja uma das mais altas, a variação média em relação ao mês anterior teve queda de 0,61%.
Para a pessoa jurídica que precisa de capital de giro, os juros cobrados tiveram elevação de 7,76% em abril frente a março, sendo que a taxa média foi de 2,5%. A menor taxa encontrada foi de 1,85% e a maior, 3,24%.
Santos afirma que a volta do crescimento econômico, estimulado pela redução da taxa básica de juros (Selic), é importante para haver redução dos juros pelas instituições financeiras para as pessoas físicas e jurídicas. “Além disso, com o crédito caro, as pessoas tendem a comprar menos”, observa.
Ele acrescenta que a definição da política fiscal é relevante para a definição dos juros pelo Banco Central (BC). E um bom indicativo para que isso possa acontecer é que a projeção de inflação para 2023 feita pelos analistas de mercado caiu de 6,03% para 5,80%% nesta semana, conforme dados divulgados na última segunda-feira (22) pelo Relatório Focus do Banco Central. Já a estimativa do PIB subiu de 1,02% para 1,20%.
Juros pagos pelos bancos recuaram
O economista da Fundação Ipead destaca que as taxas de captação, ou seja, os juros pagos pelos bancos aos correntistas e investidores, tiveram queda em sua maioria, de acordo com o levantamento. Os fundos de curto prazo registraram recuo de 22% em abril na comparação com março e os fundos de longo prazo queda de 21,70%. Poupança, com depósitos a partir de 04 de maio de 2012, a retração foi de 21,62%, mesmo percentual para Poupança, depósitos até 3 de maio de 2012.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 25/05/2023 – reportagem Juliana Gontijo.