Ônibus a R$ 6,90 em BH pode explodir gastos das famílias

Se índice pedido pelas empresas de ônibus for autorizado, alta vai provocar um impacto de 3,63%nos lares onde a renda é de até cinco salários mínimos (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Se índice pedido pelas empresas de ônibus for autorizado, alta vai provocar um impacto de 3,63%nos lares onde a renda é de até cinco salários mínimos (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Aumentar as passagens de ônibus dos atuais R$ 4,50 para R$ 6,90 terá um “impacto devastador” para as famílias de menor renda. A alta provoca um impacto de 3,63%nos lares onde a renda é de até cinco salários mínimos. Esse percentual representa mais da metade da inflação prevista para o ano no Brasil, de acordo com a avaliação de Eduardo Antunes, pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). 

“Se não houver mais nada, se não tiver mais nenhum aumento, só o aumento do transporte vai representar metade da inflação prevista para o ano inteiro, em um único mês. Esse aumento não cabe no planejamento orçamentário das famílias”, afirma.

O pesquisador ainda alerta que esse tipo de produto provoca uma inflação em toda cadeia produtiva. “O empresário tem um aumento de gastos com transporte dos funcionários e acaba incluindo esse custo no preço dos produtos e repassando o impacto para o consumidor”, explica.

Custo pobreza

O impacto do aumento do preço das passagens pesa na inflação de todos os brasileiros, mas acaba prejudicando mais os pobres do que dos ricos. “Quando a gente faz a medição incluindo os consumidores de maior renda o impacto é menor, mas ainda é significativo, girando em torno de 1,23%, somente com os ônibus urbanos, cerca de um quinto de toda inflação esperada para o ano”, indica

O pesquisador do Ipead explica que o impacto é maior para os mais pobres por causa do tipo de serviço consumido pelas famílias em cada um dos grupos de renda. Para aqueles que recebem até cinco salários mínimos, muitas famílias têm o transporte público como principal forma de transporte no dia a dia. Por outro lado, entre as famílias com mais renda o uso do carro e os custos com o transporte individual, como a manutenção e seguro veicular, têm maior peso.

Na terça-feira (4) a Justiça concedeu uma decisão favorável às empresas de ônibus da capital e autorizou o reajuste das passagens. Nesta quarta-feira (5), uma decisão do Tribunal de Justiça acatou recurso da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e suspendeu o reajuste. No argumento utilizado pelo Executivo mineiro há destaque para o aumento nos gastos dos usuários que dependem do transporte público. 

Segundo a PBH, o aumento representa 25% do salário mínimo para o trabalhador que precisa pegar dois ônibus diariamente, durante seis dias da semana.

Fonte: Jornal Hoje em Dia – Publicado em 06/04/2023 por Hermano Chiodi.

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