Após mais de dois anos, a inflação voltou a ter variação negativa em Belo Horizonte. Em julho, o custo de vida na Capital, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), recuou 0,27%. A redução se deve, principalmente, à queda de 18,12% no preço da gasolina no mês, resultado da redução da alíquota do ICMS de 31% para atuais 18%.
Apesar da deflação em julho, nos últimos 12 meses o índice se manteve em dois dígitos, com alta de 10,74%, e nos sete primeiros meses do ano subiu 5,83%. Os dados são da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Até o momento, a tendência, para agosto, é de nova redução da inflação, o que poderá vir, principalmente, da queda da alíquota de ICMS sobre a energia elétrica.
“Estávamos há mais de dois anos sem deflação. A última registrada de 0,39% foi em maio de 2020, período de maior restrição da pandemia e provocada pelas promoções diversas feitas para reduzir os prejuízos. Fora a influência de pandemia, a última queda havia sido registrada em abril de 2019, quando houve uma redução muito pequena de apenas 0,007%”, de acordo com o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes.
O gerente do Ipead explica que a deflação no sétimo mês do ano é resultado, principalmente, da redução do ICMS sobre a gasolina, item que tem forte peso na composição do índice. Somente em julho, a redução no preço da gasolina foi de 18,12%. Também contribuíram para a queda do custo de vida os preços das passagens aéreas (-24,43%), mão de obra (-2,72%), etanol (-9,61%) e batata inglesa, com redução de 18,14% nos preços.
Entre as altas, destaque para as excursões, que ficaram 7,85% mais caras, resultado da elevada demanda em julho, em função das férias escolares. Em período de entressafra e com custos bastante elevados, o leite apresentou alta de 21,90%.
A refeição fora do lar ficou 2,60% mais cara. De acordo com Antunes, empresários ainda estão repassando o aumento dos custos para os consumidores finais, o que contribuiu para o aumento dos preços. Os móveis para sala tiveram variação positiva de 10,10%. Alta também no seguro voluntário de veículos, que encerrou o mês com valorização de 3,26%.
Para agosto, até o momento, segundo Antunes, é esperada nova queda na inflação puxada pela redução do ICMS da energia elétrica.
“Até o momento, a tendência é que a inflação de agosto fique menor em função da redução do ICMS sobre a energia elétrica. Há também a redução na base de cálculo usada para a cobrança do ICMS sobre o etanol, anunciada pelo governo do Estado”.
Itens agregados
Dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, os maiores destaques, em termos de variação, foram as quedas de 4,69% para Transporte, Comunicação, Energia Elétrica, Combustíveis, Água e IPTU e 1,47% para Alimentos in natura.
No sentido oposto, destacam-se as altas de 6,08% para Alimentos elaboração primária, 3,70% para Bebidas em bares e restaurantes, 2,12% para Artigos de residência, 1,73% para Alimentos industrializados, 1,73% para Alimentação em restaurante e 1,29% para Despesas pessoais.
Confiança em queda
Mesmo com a queda da inflação, o consumidor de Belo Horizonte se manteve pessimista em julho. No período, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu para 34,88 pontos, apresentando uma queda de 1,66%na comparação com o mês de junho de 2022.
O Índice de Expectativa Financeira (IEF) apresentou queda de 4,4% em comparação com o mês de junho, sendo o item Pretensão de Compra o que apresentou a maior queda do setor (7,12%). Dentre os consumidores que pretendem adquirir bens e serviços nos próximos três meses, os maiores destaques foram: Vestuário e calçados (20,00%) e Eletrodomésticos (8,10%)
Redução também foi vista no item Situação Financeira da Família em Relação ao Passado com 5,57% de queda e no de avaliação da Situação Financeira da Família, 3,13% de redução.
Já o Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou alta de 3,76% em comparação com o valor do mês anterior, influenciado pelo aumento na percepção dos consumidores sobre os itens Situação Econômica do País, com elevação de 4,95%, e Inflação (4,63%). Em relação ao emprego, foi verificada alta de 2,14%.
Cesta Básica
Em julho, também foi verificada queda no preço da cesta básica. Com variação negativa de 0,16%, entre junho e julho de 2022, o custo da cesta em julho de 2022 foi de R$ 679,49. Apesar da queda, o valor ainda está bastante elevado e corresponde a 56,06% do salário mínimo, de acordo com dados da Fundação Ipead.
“O preço da cesta básica apresentou queda de 0,16% em julho, a terceira seguida. Porém, nos últimos 12 meses, os valores acumulam alta de 19,57% e no ano de 11,81%”, explicou o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes.
No mês, entre os principais itens que contribuíram para a redução estão o tomate, com 28,94% de queda, seguido pela batata inglesa, 18,12%, feijão carioquinha, 5,27%, café moído, 2,89%, e óleo de soja, 3,41%.
Dentre as altas, destaque para a banana caturra, 28,32%, leite, 18,43%, manteiga, 7,83%, e pão francês, 1,22%.
Dia dos Pais
A retomada das atividades ao ritmo normal após o arrefecimento da pandemia de Covid-19 vai estimular as compras para o Dia dos Pais. Conforme a pesquisa Pretensão de compra para o Dia dos Pais, do Ipead, este ano, uma maior parcela da população pretende presentear. Os dados mostram que 45,24% dos entrevistados pretendem presentear o pai ou alguma pessoa próxima no Dia dos Pais, sendo esse percentual o maior valor apurado desde 2019. No ano passado, o índice ficou em 38,45%.
Apesar do aumento da intenção de compras, assim como visto nas datas comemorativas anteriores, o tíquete médio ficou menor. Dentre as pessoas que pretendem presentear, o valor médio dos presentes a serem adquiridos em 2022 está 8,02% inferior ao ano passado.
O valor médio apurado ficou em R$ 93,68 neste ano, enquanto em 2021 o valor foi de R$ 101,85. Destaca-se que a faixa de valor para presentes “De R$ 51,00 a R$100,00” foi a mais citada, representando 42,11% dos consumidores que pretendem presentear em 2022.
“Apesar das pessoas pretenderem presentear mais, devido ao aumento dos preços, o tíquete médio será menor em 2022”, disse o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes.
Fonte: Publicado em 04/08/2022 – Jornal Diário do Comércio por Michelle Valverde.