Apesar da inflação ter desanimado, o consumidor acredita que as situações financeiras de sua família e do Brasil melhoraram. Emprego também pesou no crescimento
O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte teve alta de 0,66%, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/MG). O comparativo é feito com fevereiro.
O índice medido mês a mês desde 2004 está em 33,94 pontos, levemente superior aos 33,72 medidos em fevereiro. Como continua abaixo da linha dos 50, o consumidor da capital mineira ainda analisa o quadro geral com pessimismo.
Em relação a março do ano passado, houve crescimento na confiança do consumidor de BH: 33,94 contra 29,01. Ainda assim, a pontuação deste ano está abaixo da média histórica de 37,4 para março, considerando o recorte dos últimos 10 anos.
A alta de 0,66% foi puxada pelo maior otimismo do belo-horizontino com relação à condição econômica do Brasil (aumento de 2,32%) e de sua família (2,4%). A confiança no emprego também registrou crescimento (2,11%).
Por outro lado, houve recuo na percepção do belo-horizontino quanto à inflação (-4,43%), pretensão de compra (-2,33%) e condição financeira da família em relação ao passado (-0,84%).
O Índice de Expectativa Econômica, no qual o consumidor de BH avalia o cenário da economia brasileira, da inflação e do emprego, apresentou alta de 0,29%.
Por outro lado, o Índice de Expectativa Financeira apresentou pequena elevação em relação a fevereiro de 0,82%. Fazem parte deste parâmetro a situação financeira da família atualmente e no passado e a pretensão de compra.
Como fica o futuro?
Para o futuro, o gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, pontua que é difícil traçar prognósticos, mas o índice de confiança não deve variar tanto durante o ano.
“É um cabo de força que a cada momento surge nesses períodos. É difícil prever o que vai acontecer. Estamos num ano conturbado politicamente, que causa apreensão na opinião das pessoas. Se nada de mais sério acontecer, a tendência é ele navegar no patamar que está hoje”, diz.
Segundo Eduardo, o índice de confiança não cruza a linha dos 50 pontos desde 2013. São quase 10 anos de pessimismo do consumidor.
“Depois de março do ano passado, a gente só viu o índice progredindo positivamente, mas nem se aproximou de ficar otimista. Mas, aí acabou esse momento de euforia (pela estagnação da pandemia) e voltou à estabilidade”, explica o pesquisador.
Os dados do Ipead para confiança do consumidor em BH seguem os apresentados pela pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), divulgada por O TEMPO nesta segunda (28/3).
Apesar da Fecomércio MG ter registrado queda na confiança em março deste ano, ao contrário do Ipead, também não computa otimismo do consumidor de BH há quase 10 anos: desde fevereiro de 2015.
Inflação em alta
A terceira quadrissemana de março fechou com inflação de 1,11% em Belo Horizonte, aponta levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/MG). Os dados mostram que o reajuste da Petrobras no último dia 11 foi o maior vilão do cidadão.
Dois dos cinco fatores que mais contribuíram para o aumento estão ligados diretamente à inflação de 1,11%: a gasolina comum e o gás de cozinha. O automóvel novo, diante da manutenção da crise dos semicondutores, também se mantém como obstáculo relevante.
Outros dois itens que contribuíram com relevância foram o condomínio e a assinatura de telefonia fixa. A inflação para março é maior que a de fevereiro, quando o Ipead calculou alta de 0,21% na capital mineira.
A inflação de março de 2022 é inferior à do mesmo período do ano passado, quando o instituto divulgou alta de 1,24%. Ainda assim, este ano protagoniza o terceiro março com maior inflação desde 2014, quando a série histórica do Ipead começou, superada apenas por 2015 e 2021.
No recorte por especificação, o maior aumento no custo de vida aconteceu nos produtos pessoais (1,28%), com destaque para alta nas peças de vestuário e complementos (0,97%). Entre todos os itens, a elevação mais significativa aconteceu nos alimentos in natura: 11,28%.
Essa alta nesses alimentos é explicada por vários fatores: o problema dos fertilizantes por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, o reajuste de 24,9% no diesel e a inflação dos grãos, também explicada pelo conflito no Leste Europeu.
Na alimentação em restaurantes, houve deflação de 1,91%, informa o Ipead. Os artigos de residência também recuaram os preços em 1,93%.
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 24/05/2022 por Gabriel Ronan.