Compra de material escolar terá muita pechincha

Com a volta das aulas presenciais, os belo-horizontinos retomam uma rotina que não praticavam há dois anos: a compra de material escolar. Como vão comprar mais do que nos anos anteriores e os preços estão nas alturas, eles pretendem pechinchar, comprar em grupo e pagar com cartão de crédito.

Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Dispêndio com material escolar”, realizada pelo sétimo ano consecutivo pela Fundação Ipead, instituto de pesquisas ligado à Faculdade de Economia da UFMG. Ela acontece uma vez por ano, no mês de janeiro, com 210 consumidores e tem o objetivo de avaliar quem vai fazer esse gasto específico e quais estratégias pretende utilizar para comprar melhor.

Tal conhecimento permite ao empresário do comércio varejista mineiro desse segmento conhecer com antecedência as opiniões e as expectativas dos consumidores e, consequentemente, planejar melhor o seu negócio em termos de estoques, contratações, investimentos, dentre outros.

A última vez que os pais fizeram grandes compras de material escolar foi em janeiro de 2020, poucos meses antes da pandemia. “Depois disso, ficou todo mundo em casa e, com exceção de alguns livros, ninguém utilizou papel, caderno ou caneta nas aulas on-line”, lembra o gerente de Pesquisas da Ipead-UFMG, Eduardo Antunes.

A ampliação do universo de compradores é uma consequência natural com a retomada. No levantamento 30,48% dos entrevistados informaram ter gastos com material escolar em 2022, uma alta de 14,16% em comparação com o ano de 2021. Estes números são naturalmente inferiores a todos os anos pesquisados antes da pandemia.

Hora de economizar
A maioria dos entrevistados (85,94%) pretende economizar na hora da compra. As estratégias mais citadas para economizar em 2022 foram: “Reutilizar material escolar do ano anterior” (62,50%) e “Pesquisar preços em diferentes estabelecimentos” (59,38%), que estão praticamente nos mesmos patamares apurados em 2021.

Os consumidores estão também mais propensos a realizar compras em conjunto com outros pais para negociar descontos – um universo que era de 1,79% em 2021 e aumentou para 12,50% em 2022.

Comprar com cartão acaba sendo a saída para quem adquire um volume maior de produtos, como é o caso do material escolar e principalmente quando são muitos os filhos. Afinal, janeiro é mês de muitas contas a pagar, além de impostos como IPVA e IPTU, e, para boa parte da força de trabalho, os rendimentos são menores com a cidade mais vazia.

Neste contexto, o parcelamento é, mais do que uma facilidade, “uma necessidade para dar um alívio no orçamento da família”, explica Eduardo Antunes. Assim, o percentual de entrevistados que pretendem pagar à vista ou no cartão de débito automático alcançou o menor nível ao longo de toda a série histórica da pesquisa.

E o daqueles que pretendem pagar parcelado com cartão de crédito alcançou o maior nível ao longo de toda a série. O uso do cartão nas compras pela internet, que cresceram durante a pandemia, também reforça a utilização da modalidade.

As orientações, segundo Antunes, valem para qualquer compra que for feita. “Pesquisar o melhor preço e fazer o dinheiro render, driblando o máximo possível a inflação e evitando fazer dívidas longas que qualquer adversidade impeça de honrar”, aconselha o pesquisador.

Consumidor da Capital segue pessimista
Desde 2013, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) – medido mensalmente pela Fundação Ipead-UFMG -, está abaixo de 50, numa escala que vai de zero a 100. Ou seja, desde então o consumidor belo-horizontino se revela pessimista quanto a suas decisões de compra.

Este mês não foi diferente. O ICC-BH subiu 0,20 em janeiro, um alta quase irrelevante em relação a dezembro, e atingiu 34,95 pontos, mantendo o mesmo nível desde outubro de 2021.

Em março do ano passado, no auge da pandemia, a confiança do consumidor belo-horizontino esteve em seu nível mais baixo e chegou a 29 pontos. Vem subindo gradativamente desde então, o que não significa que ele está ficando menos pessimista.

“Todos os índices brasileiros estão estagnados ou em baixa, e a confiança desaba com eles. O País tem que aumentar o nível de emprego, baixar a inflação, reduzir o endividamento, ou seja, tem que crescer para o otimismo do consumidor aumentar”, observa o gerente de Pesquisas da Ipead, Eduardo Antunes.

Quando perguntados sobre o que gostariam de comprar, se pudessem, tanto homens quanto mulheres apontaram itens como calçados e roupas, o que pode sinalizar uma vontade de se arrumar e ir pra rua – uma rotina que foi inviabilizada por quem se isolou durante a pandemia.

O segundo desejo de consumo, porém, difere para o universo feminino – que gostaria de comprar uma casa – e para o masculino, que prefere um carro. Entre todos os consumidores que pretendem adquirir bens e serviços nos próximos três meses, os maiores destaques foram para vestuário e calçados (17,14%), Eletrodomésticos (8,10%) e Turismo (7,14%).

Também medido pelo levantamento, o Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou alta de 5,73% em comparação com o valor do mês anterior, influenciado pela melhora na percepção dos consumidores sobre a situação econômica do País. É o único recorte otimista, chegando a 55 pontos, o que pode sinalizar fatores subjetivos como a união da família para economizar energia ou água, consumir produtos mais baratos ou reduzir o consumo de itens supérfluos.

Em contrapartida, o Índice de Expectativa Financeira (IEF) apresentou queda de 2,56% em comparação com o mês de dezembro de 2021, sendo o item Situação financeira da família em relação ao passado o que apresentou a maior retração. Ou seja, os belo-horizontinos ouvidos pela pesquisa deixaram claro que estão pessimistas quanto à sua situação financeira atual. “Comparado ao que ele tinha no passado, ele sente que ganha menos e consequentemente compra menos hoje”, conclui Antunes.

Desenvolvido pela Fundação Ipead, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte é o único indicador, calculado mensalmente, que sintetiza a opinião dos consumidores em relação a diversos aspectos conjunturais capazes de afetar as suas decisões de consumo no curto, médio e longo prazo.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 29/01/2022 por Bianca Alves.

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