Os constantes aumentos nos preços da gasolina, anunciados pela Petrobras, fizeram com que a inflação em Belo Horizonte apresentasse mais uma alta em agosto. De acordo com os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), vinculado à UFMG, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,44% frente a julho.
Somente o preço da gasolina aumentou 2,06% no período. Com o resultado, o custo de vida na capital mineira acumulou alta de 5,22% nos primeiros oito meses de 2021 e de 8,62% nos últimos 12 meses.
Para setembro, a estimativa é de nova alta no custo de vida da população de Belo Horizonte. Entre os itens que devem puxar o índice está a energia elétrica, cujo reajuste na bandeira tarifária já foi anunciado pelo governo federal.
De acordo com o gerente de Pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, a tendência é que a inflação continue em alta ao longo dos próximos meses.
“A retomada das atividades econômicas, com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e a expectativa positiva do comércio, são fatores que estimulam a demanda e contribui para o aumento dos preços. Além disso, existe a crise hídrica, que tem impactado nos preços da energia elétrica. A alta dos combustíveis também contribui para que a inflação siga em alta”.
Conforme levantamento do Ipead, em agosto, dentre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, os maiores destaques, em termos de variação, foram as altas de 4,83% em Alimentos in natura, de 2,61% para Alimentos industrializados e de 2,14% para Vestuário e complementos. No período, também foi apurada variação positiva de 1,47% em Alimentos elaboração primária e de 1,06% em Alimentação em restaurante.
Já no grupo de produtos não alimentares, as principais altas foram observadas em Vestuário e complementos, 2,14%, e Transporte, Comunicação, Energia Elétrica, Combustíveis, Água e IPTU, 0,56%.
No mês, os principais produtos que contribuíram para o aumento da inflação foram a gasolina comum, com alta de 2,06% nos preços e peso de 0,10 ponto percentual na composição do IPCA. Em seguida, o destaque foi a refeição fora do lar, com aumento de 1,50%, seguida pelo gás de cozinha, 5,32%, pão francês, 4,47%, e peito de frango com valorização de 11,42%.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada na Capital está em 8,62%. Índice muito acima da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para o Brasil, que é de 3,75%, podendo variar entre 2,25% e 5,25%.
Dentre os grupos pesquisados, a maior alta foi verificada em Alimentação na residência, 15,89%, Alimentação fora da residência, 7,54%, Habitação, 8,81%, e Produtos administrativos, com alta de 11,99%.
Cesta Básica
O clima adverso e a demanda elevada fizeram com que os preços da cesta básica em Belo Horizonte registrassem mais uma elevação. De acordo com o levantamento do Ipead, o custo da cesta básica apresentou aumento de 1,10% em agosto. O reajuste elevou para R$ 574,53 o valor da cesta, o que equivale a 52,23% do salário mínimo.
A pesquisa do Ipead mostrou que os principais responsáveis pela alta foram o café moído, 10,60%, batata inglesa, com elevação de 15,57% e banana caturra, 16,37%.
O gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, explica que os produtos que apresentaram maior alta tiveram a produção afetada pelo clima, o que comprometeu a oferta.
“No ano, este é o segundo maior valor da cesta básica, perdendo apenas para janeiro. A tendência é que o preço fique mais próximo a R$ 600. O clima afetou a produção de vários alimentos, o que reflete no custo da cesta”, explicou.
Com o resultado mensal, a cesta básica apresentou uma alta expressiva de 19,980% nos últimos 12 meses. Neste intervalo, as maiores altas foram registradas nos preços do óleo de soja, 72,04%, açúcar cristal, 47,01%, café moído, 40,63%, chã de dentro, 30,73%, e arroz, 28,65%.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 04/09/2021 por Michelle Valverde.