Custo de vida aumenta em BH, impulsionado por preço da energia

Viver em Belo Horizonte ficou mais caro em setembro deste ano: a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a evolução do gasto das famílias na cidade, teve o maior aumento para o mês desde 1996, após estabilização do Plano Real, e subiu 1,31%. A energia elétrica, com bandeira tarifária especial devido à crise hídrica que o país enfrenta, foi um dos fatores que mais impulsionou a alta, com aumento de 6,6% no último mês.

Com aproximação das festas de fim de ano e expectativa de aquecimento do turismo, a expectativa é que os preços aumentem ainda mais nos próximos meses, avalia Eduardo Antunes, gerente de pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), órgão que calcula o valor.

“Uma inflação acima de um em pleno mês de setembro, em que não costuma ocorrer muita coisa, é bem preocupante. Para os próximos meses, no último trimestre do ano, a inflação já costuma subir, com aumento de consumo de alimentos, presentes e excursões de viagem. Como não estamos em um período comum e ao mesmo tempo temos fatores que geram inflação, a tendência é termos valores bem substanciais no final do ano”, detalha. 

O índice considera 11 itens agregados. Entre eles, além da energia elétrica, as maiores altas foram dos alimentos in natura, com aumento de cerca de 2,5%; alimentação em restaurante, que aumentou 2% e despesas pessoais, que subiram 1,5%. Já o custo de bebidas em bares e restaurante e peças de vestuário apresentou queda de 3,4% e 2%, respectivamente.

“No caso das bebidas, pode ser uma demanda que não se concretizou, apesar da reabertura. E, no caso do vestuário, não existem eventos e dadas pressionando o setor agora”, destaca Antunes. Mesmo com a retração em setembro, no acumulado dos últimos 12 meses as duas categorias tiveram aumento respectivo de 2,3% e 10,8%.  

A inflação para famílias que ganham de um a cinco salários mínimos, o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), acompanha a tendência do IPCA e subiu 1,33% neste mês, elevação também considerada atípica para o período. A cesta básica, que atingiu o valor recorde de R$588,42 neste mês, consome mais da metade do salário mínimo.

Inflação já supera meta do ano 

Antunes avalia que dificilmente será possível cumprir a meta da inflação almejada pelo Banco Central para 2021, de no máximo 5,25%. Em Belo Horizonte, a inflação chega a 6,6% neste ano e 9,3% nos últimos 12 meses. 

“Isso é muito alto e, ao que tudo indica, poderemos passar de dois dígitos no final do ano”, pontua o gerente de pesquisa. As sucessivas altas do preço dos combustíveis e a perspectiva de prolongamento da crise hídrica, lembra ele, podem continuar pressionando os preços no país e na capital mineira.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 06/10/2021 por Gabriel Rodrigues.

Posted in Inflação, IPC and tagged .

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

View posts by Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD - ipead@ipead.face.ufmg.br