De acordo com pesquisa da Fundação Ipead/ UFMG, cesta está custando R$ 520,79, valor que corresponde a praticamente metade do salário mínimo
O custo da cesta básica subiu 6,12% em Belo Horizonte em outubro, em comparação com o mês anterior, e chegou a R$ 520,79. É a primeira vez na história que o valor ultrapassa os R$ 500, de acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). Em setembro, a cesta básica, que representa os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação, custava R$ 490,74.
Os aumentos de dos preços do chã de dentro (4,91%), do tomate santa cruz (21,90%) e da banana caturra (13,57%) foram os principais responsáveis pela elevação. “Dos 13 itens que compõem a cesta, só a farinha de trigo apresentou queda. Todos os outros tiveram aumento de preço”, afirma a coordenadora de pesquisa do Ipead, Thaize Martins.
O valor atual da cesta básica corresponde a praticamente metade (49,84%) do salário mínimo. Nos últimos 12 meses, o custo aumentou 23,64%, índice cerca de cinco vezes maior do que a inflação do período. Em outubro do ano passado, a cesta custava quase R$ 100 a menos: R$ 421,21.
“Além do aumento do desemprego, temos a redução da renda devido às medidas de suspensão do contrato de trabalho e redução de jornada e salário (criadas pelo governo federal durante a pandemia). É um ano bem desafiador para o consumidor”, diz Thaize.
Em outubro, o custo de vida também aumentou na capital. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,69% em relação a setembro, puxado, principalmente, pela alta dos alimentos in natura (6,08%), itens de saúde e cuidados pessoais (1,40%) e da gasolina comum (2,06%). No ano, a inflação acumulada chega a 3,11%, ainda dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4%.
“No início do ano, até antes da pandemia, a gente esperava que a inflação ficasse dentro da meta, como aconteceu no ano passado. Nós estávamos em um momento de recuperação econômica ainda da crise de 2017 e 2018, mas a pandemia, a valorização do dólar e a fomentação da exportação mudaram o cenário dos últimos meses e trouxeram esse impacto nos preços. Para esse fim de ano, esperamos que a inflação vai ficar bem próxima da meta ou até ultrapassar”, pontua Thaize.
“As carnes normalmente apresentam aumento no fim do ano. Além disso, com o Natal, os consumidores voltam a apresentar pretensão de compra. Tudo isso aquece o mercado”, completa.
Consumidores ainda estão pessimistas
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC-BH) permaneceu estável em outubro, com alta de 0,04% em comparação com setembro, e atingiu 36,45 pontos. O nível é o maior desde abril, mas ainda está abaixo dos 50 pontos, o que indica pessimismo.
A percepção dos consumidores em relação à inflação piorou, recuando 6,96% no mês, enquanto a pretensão de compra aumentou 12,18%. Os produtos e serviços que as pessoas mais pretendem adquirir nos próximos três meses são vestuário e calçados (20%), móveis (9,52%), turismo (7,14%) e veículos (6,19%).
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 05/11/2020 por Rafaela Mansur.