Alta no valor da carne já encarece preço de restaurantes em Belo Horizonte

Entre janeiro e novembro de 2019, o preço médio do PF na capital subiu 6,14%. O valor cobrado em restaurantes a quilo avançou 7,84% no período

O encarecimento da carne bovina, que acumula 26,1% de aumento nos preços nos últimos 12 meses no Brasil, já afeta o valor cobrado por restaurantes em Belo Horizonte. 

Entre janeiro e novembro deste ano, o preço médio do prato feito (PF) avançou 6,14% na cidade, chegando a R$ 16,76, ante R$ 15,79 do que era cobrado no início do ano. 

O valor da comida servida a quilo subiu 7,84% no mesmo período, indo de R$ 40,68 o quilo a R$ 43,87, variação de 7,84%. Além disso, rodízios estão 15,8% mais caros na capital mineira – o preço médio subiu de R$ 60,83, em janeiro, para R$ 70,44, em novembro.

As informações são de uma pesquisa do site Mercado Mineiro, divulgada nesta segunda-feira (2), e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Três fatores estão diretamente ligados ao avanço dos preços em BH. 

O primeiro é a inflação da carne, que acumulava alta de 3,27% até outubro, e chegou a 10,37% na última semana de novembro em BH.

Além disso, o encarecimento do gás de cozinha, que subiu na cidade 1,52% no mesmo período, e da energia elétrica, que avançou 13,07% no acumulado do ano, também impactaram os estabelecimentos da cidade.

Para comparação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, que mede a inflação em todos os segmentos, foi de 3,84% no mesmo período. 

Isso quer dizer que o aumento de preços da carne bovina foi três vezes maior do que a base da inflação na cidade e a energia elétrica avançou quase quatro vezes acima do índice. 

Em média, se um trabalhador consome todos os dias meio quilo em um self-service em Belo Horizonte e bebe um suco, ele gasta R$ 27,22 diariamente o que, por mês, soma R$ 599 em despesas com alimentação. 

Isso representa cerca de 60% de um salário mínimo em 2019, fixado em R$ 998. Em janeiro, o valor mensal gasto para o mesmo cenário era de R$ 557,48 – 7% menor do que é hoje.

Levando em consideração os valores médios para o PF em BH, o belo-horizontino gasta, durante 22 dias de trabalho no mês, R$ 369 para almoçar fora de casa. No início do ano, o valor mensal era de R$ 347,38 – o que representa avanço de 6% nos preços. 

Os gastos com alimentação em novembro, nesse cenário, somam 37% dos ganhos de quem vive com um salário mínimo na capital. 

“A carne é um dos principais balizadores de preços para os restaurantes e, sem dúvida alguma, foi responsável pelos aumentos que observamos. Isso pesa no bolso do consumidor”, afirma Feliciano Abreu, dono do Mercado Mineiro. 

Ele ressalta que a tendência para os próximos meses é de que os preços aumentem ainda mais. “O dólar está batendo recordes, e o mercado chinês vem consumindo muito dos frigoríficos, o que reduz a oferta”, conclui. 

Consumidor muda rotina com aumento

Com o aumento de preços de restaurantes em 2019, consumidores mudam sua rotina. É o que conta a auxiliar de cozinha Maria Elizete, 58, que tem aproveitado o local onde trabalha para almoçar e, assim, economizar com compra de alimentos.

“Os preços estão muito altos, principalmente carne e feijão. Quando não almoço no trabalho, tenho que substituir. Compro frango ou peixe que está mais barato que a carne de boi”, contou. 

Para quem não tem a opção de almoçar na empresa, o jeito ainda é comer fora ou levar de casa a própria comida. Essa tem sido a estratégia da fiscal de prevenção Olga Brito, 26. 

Com preços altos, restaurantes perto de onde trabalha, no bairro Padre Eustáquio, na região noroeste de BH, elevaram o valor do quilo. 

“Não dá para comer fora, não compensa. A média está em R$ 33,00 o quilo. O jeito é fazer umas misturas com verduras, ovos e até frango e trazer a marmita”, relatou.

Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 02/12/2019 por Lucas  Negrisoli e Raquel Penaforte.

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