Prato feito e ovo extra na corrida dos preços

Para a dona de casa que tenta encaixar, aqui e acolá, a lista de compras no orçamento da família, são preços quase que pela hora da morte

Num dos circuitos mais conhecidos do prato feito  em Belo Horizonte, – o Hipercentro da capital –, os preços decolaram acompanhando o voo indesejável, neste ano, do feijão, da batata-inglesa e, mais recentemente, do ovo de galinha. Esse tão admirado substituto da carne, que também já enfrentou seus picos em 2019, agora, não tem pudor de apertar o bolso do cliente.

A tradicional refeição do mineiro, e, claro, do brasileiro, incluindo o arroz com feijão, couve, macarrão e um ovo frito,  põe na mesa a conta de R$ 17. O freguês que desejar um corte de boi, paga mais, numa barganha que vai de R$ 19, se escolher a carne moída, R$ 20 no pedido servido à base de carne cozida e a R$ 21 pela opção com o nobre bife.

Para a dona de casa que tenta encaixar aqui e acolá a lista de compras no orçamento da família, são preços quase que pela hora da morte. Em BH, as fartas remarcações à mesa alcançaram, de janeiro a junho, 63,82% para a batata; 31,93% para o feijão e 7,46% no caso do ovo de galinha, enquanto a inflação, bom que se diga, aquela média de todos os gastos, avançou 2,52%, de acordo com a Fundação Ipead, vinculada à UFMG, responsável pelo IPCA, retrato das despesas das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.

O discurso dos economistas e aliados do governo segue firme nas necessidades eleitas para consertar o país, a reforma da Previdência, a redução do tamanho do Estado e dos custos com a folha de pagamento das empresas. Quem mesmo se lembra da comida? O grupo dos alimentos na residência, gasto essencial, encareceu 3,91% em média,  no primeiro semestre, percentual que parece até pouco,  uma vez comparado ao reajuste médio de 14,34% dos preços dos alimentos in natura.

A explicação, neste ano, para a dança macabra dos preços combinou frio e a chuva ou falta dela, que afetaram o tempo de colheita, como observa Thaize Martins, coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead. Pelas leis da economia, as perdas nas lavouras levaram à queda da oferta, e, com isso, à alta nos preços.

O consumidor entende o fenômeno sobre aqueles alimentos muito sensíveis como efeito do clima, mas fica difícil de compreender se a justificativa passa dos limites, como aparentam os reajustes captados pela Fundação Ipead. A pesquisa do IBGE também mostrou números que assustam na Grande BH. A evolução dos preços da batata-inglesa na região metropolitana da capital mineira atingiu 52,64% nos últimos 12 meses até junho, nos cálculos do instituto.

“A expectativa, para esses itens muito influenciados pelas questões climáticas, é de estabilização da oferta e de que os preços se acalmem, retornando à normalidade”, afirma Thaize Martins.  Contudo, isso não significa que novas e bruscas elevações de custo para as famílias não possam ocorrer nos próximos meses. É bom não esquecer, ainda, aquele aumento típico dos preços dos alimentos no fim do ano, às vésperas das festas de Natal e ano-novo.

A recomendação é investir em opções para tentar baratear o que for possível. “É substituir produtos por itens que estiverem na safra, e, assim, apresentem preços melhores, e trocar marcas líderes daqueles alimentos que têm grande variedade nas prateleiras dos supermercados”, afirma a coordenadora de pesquisas da Fundação Ipead. O arroz, por exemplo, pode ser considerado alimento com  margem ao consumidor. O pacote de 5 quilos é oferecido por diversos fornecedores, a uma larga faixa de preços, entre R$ 5,98 e R$ 17,98.

Não se trata de soluções simples, tendo em vista a importância da qualidade em jogo, mas, a rigor, não há como fugir dessas iniciativas. Se as famílias não tentarem driblar despesas possíveis de ser manejadas, não conseguirão resultado na outra parcela da inflação, formada pelos gastos não alimentares. Ela inclui custos que mais pesam e sobre os quais o consumidor não tem poder efetivo, como os planos de saúde e os serviços públicos, de transporte, combustíveis e energia elétrica.

Todo esse grupo de itens que formam a inflação respondeu por 0,87 ponto neste ano até junho, considerando-se uma escala de 100 pontos do índice de preços, o IPCA. Mãos à obra, porque,  depois de perceber a lógica dos preços, vale a pena pensar duas vezes antes de escolher o prato feito que cabe, de fato, no bolso e de pedir o ovo de galinha frito extra, cotado entre R$ 2 e R$ 3 no Hipercentro de BH.

Energia solar

De janeiro a junho, o BDMG desembolsou R$ 11,4 milhões em projetos de energia solar fotovoltaica em Minas. O conjunto deles tem capacidade para gerar 17GWh/ano, suficientes para atender a 9 mil domicílios durante um ano. As liberações totais do banco no primeiro semestre somaram R$ 550 milhões. “Passamos a olhar com maior vigor novos negócios na cadeia de sustentabilidade e inovação”, explica o presidente do Banco, Sergio Gusmão. 

Agricultura
100 mil
É o número de visitantes esperados na 13ª Agriminas, maior feira da agricultura familiar no país, que será realizada dos dias 7 a 11 no Expominas, em BH

Emprego firme

As micro e pequenas empresas de Minas Gerais responderam pela geração de mais de 14 mil empregos em Minas Gerais no primeiro semestre do ano, segundo levantamento feito pelo Sebrae. Considerando-se o balanço de junho, a criação de vagas no segmento no Brasil foi a maior dos últimos cinco anos, tendo somado 52,7 mil postos de trabalho. Pela quinta vez em 2019, os pequenos negócios sustentaram o emprego no país.

Fonte: Jornal Estado de Minas – Publicado em 02/08/2019 por Marta Vieira.


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