A inflação em Belo Horizonte registrou alta de 0,16% em junho, impulsionada principalmente pela tarifa de energia elétrica, que apresentou elevação de 7,20% no período. No acumulado de 12 meses, o indicador atingiu 3,96%, sendo a primeira vez que ficou abaixo da meta para o ano, que é de 4,25%. No primeiro semestre de 2019, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo(IPCA) na Capital apresentou incremento de 2,52%.
Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais, ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG).
Coordenadora de pesquisa da Ipead/UFMG, Thaize Martins explica que o índice no acumulado de 12 meses ficou abaixo da meta principalmente porque deixou de refletir o impacto da greve dos caminhoneiros.O movimento, ocorrido em maio de 2018, empurrou os preços de diversos produtos para o alto, elevando a inflação.
A pesquisadora explica que a elevação da tarifa de energia elétrica – praticada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) desde 28 de maio – tem peso alto no dispêndio das famílias, trazendo grande impacto no cálculo da inflação.
Por outro lado, outros itens ajudaram a segurar o aumento do IPCA. Entre eles estão a gasolina, que registrou retração de 1,07%, assinatura de telefonia fixa e internet, com queda de 7,59%, e feijão, com redução acentuada de 23,10%. Thaize Martins explica que itens não alimentares têm maior peso no índice.
Entre os 11 itens agregados que compõem o IPCA, cinco apresentaram alta. No grupo alimentação, tiveram aumento alimentação fora da residência (+0,87%), impulsionado por alimentação nos restaurantes, com elevação de 1,05%. Bebidas em bares e restaurantes tiveram queda de 0,67%.
Alimentação na residência caiu 0,78%, com as seguintes retrações: alimentos industrializados, -0,07%; alimentos de elaboração primária, -1,33%; e alimentos in natura, -2,43%.
Já no grupo de não alimentares, habitação teve incremento de 0,92%, com encargos e manutenção subindo 1,77%, e artigos de residência queda de 1,08%. Já produtos pessoais tiveram retração de 0,11%, com vestuário e complementos caindo 4,47%, enquanto saúde e cuidados pessoais e despesas pessoais cresceram, respectivamente, 0,03% e 0,29%.
O segmento de produtos administrados – onde estão incluídos transporte, energia elétrica, combustível, entre outros – apresentou alta de 0,30%.
Cesta básica – Com a queda acentuada de 23,10% no preço do feijão, o custo da cesta básica mostrou retração de 1,52% em Belo Horizonte. É o segundo mês consecutivo que apresenta redução. Com isso, o valor da cesta básica foi de R$ 438,31, correspondendo a 43,82% do salário mínimo.
Além do feijão, também apresentaram queda os preços de produtos como banana (-10,20%) e batata (-5,85%). Apresentaram as principais altas o tomate (+10,51%), pão francês (+1,54%) e farinha de trigo (+4,76%).
Segundo Thaize Martins, a retração ocorre após o preço da cesta básica mostrar elevação nos meses iniciais de 2019. O valor chegou abater recorde da série histórica iniciada em 1994, alcançando R$ 461,46 em abril.
Pessimismo diminui entre consumidores
A confiança do consumidor de Belo Horizonte apresentou melhora. Divulgado pela Ipead/UFMG, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) atingiu 36,56 pontos em junho, com aumento de 2,40% frente a maio. Ainda assim,o indicador, estando abaixo da linha dos 50 pontos, aponta pessimismo.
Interferindo positivamente no indicador, o componente Índice de Expectativa Econômica (IEE) apresentou alta de 3,29%, influenciado pela melhora da avaliação dos subitens emprego – que atingiu 21,96 pontos, mostrando elevação de 3,34% – e situação econômica do País, que ficou em 27,74 pontos,registrando alta de 14%.
Já a inflação, que ficou em 25,77 pontos, contribuiu com o pessimismo, com a avaliação desse item tendo queda de 8,28%.
Dentro do Índice de Expectativa Financeira (IEF), teve alta situação financeira da família (+3,72%), ficando em 54,76 pontos. Situação financeira da família em relação ao passado ficou em 49,46 pontos (+5,31%). O item que apresentou queda foi pretensão de compra, com 41,79 pontos (-6,14%).
Entre as pessoas que farão compras, os itens mais citados foram vestuário e calçados (25,71%), outros (11,43%) e informática/telefonia(7,14%).
Juros – De acordo com a Ipead/UFMG, em junho, a maioria das taxas médias de juros praticadas para pessoa física apresentou queda em relação a maio, sendo o destaque a taxa para imóveis construídos (-15,66%).
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 05/07/2019 por Ana Amélia Hamdan.