Os destaques foram as percepções sobre inflação e pretensão de compra
A confiança do consumidor belo-horizontino caiu fortemente em outubro. O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), marcou 39,91 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100. Foi uma redução de 3,95% frente a setembro (41,55).
A queda no desempenho do ICC-BH está ligada à piora na percepção da população em todos os seis componentes do indicador. Nos últimos 12 meses, o índice registra variação negativa de 3,52%. No ano, a redução é de 8,49%.
Os destaques foram as percepções sobre inflação e pretensão de compra, que fecharam o mês em baixas de 9,92% e 9,29%, respectivamente, na avaliação da população da capital mineira no indicador. A inflação marcou 25,05 pontos, o menor resultado no nível de satisfação entre os componentes do índice de confiança, e a pretensão de compra 33,08.
O marco dos 50 pontos simboliza a passagem entre pessimismo e otimismo da população de Belo Horizonte sobre a conjuntura econômica geral e familiar.
As percepções sobre a situação financeira da família em relação ao passado (-6,31%), situação econômica do País (-2,95%), emprego (-1,89%) e situação financeira da família atual (-1,49%) também registraram quedas na avaliação dos consumidores. A situação financeira atual das famílias foi o único componente acima de 50 pontos, com 56,71 pontos.
A piora na percepção em relação à inflação foi o principal fator para a queda de 4,13% no Índice de Expectativa Econômica do País (IEE) frente ao mês anterior. No ano, o IEE de Belo Horizonte recuou 7,91%.
O Índice de Expectativa Financeira da Família (IEF) caiu 3,82% na comparação com setembro, puxado, principalmente, pelas quedas no componente de pretensão de compra. Em 2025, o IEF tem variação negativa de 8,96%.
Pretensão de compra do consumidor de Belo Horizonte
A pesquisa do Ipead ainda revelou que os grupos de vestuário e calçados e turismo lideram a lista de bens e serviços que o consumidor de Belo Horizonte planeja adquirir nos próximos três meses, com taxas de 20,96% e 11,35%, respectivamente. Em seguida vem informática/telefonia, com 8,73%, e veículos, com 8,30% da intenção de compra da população consumidora.
Vestuário, turismo e eletrodomésticos são os produtos e serviços que aparecem com maior interesse na intenção de compra entre mulheres. Já entre os homens, a prioridade do consumo está no vestuário, veículos e informática/telefonia. O levantamento mostra que a proporção de mulheres com intenção de compras – 73,92% – é menor quando comparada à dos homens (76,33%).
Confiança do consumidor é afetada mesmo sem grandes oscilações na economia
O gerente de pesquisas da Fundação Ipead, Eduardo Antunes, analisa que, apesar da economia brasileira estar sem grandes oscilações, como no caso da inflação e do emprego, por exemplo, as pessoas entrevistadas no levantamento acabam por ter percepções diferentes devido a diversas questões, como as condições de cada família e da taxa básica de juros (Selic).
Antunes ressalta que a inflação ainda gera insegurança para a população, mesmo estando relativamente controlada e até perspectiva de queda em projeções recentes do mercado. O mesmo ocorre com a percepção sobre o emprego. Apesar do desemprego estar nas menores taxas da série histórica, movimentos pontuais em Belo Horizonte, como uma menor contratação para a época das festas de fim de ano, afetam a percepção das pessoas.
“A inflação leva em consideração muitos itens. Dependendo do tipo de item que a pessoa consome, essa percepção de inflação baixa não vem. A inflação está controlada, mas não quer dizer que os produtos estão baratos”, explica Antunes. “Com os juros lá em cima, não se sabe em que momento podem recuar, para poder melhorar o crédito da população. Isso acaba restringindo o consumo e reverberando nesse tipo de índice”, complementa.