Levantamento do IPEAD indica que gratuidade no transporte coletivo poderia melhorar poder de compra de classe baixa
Um levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD), ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), revelou que, se implementado ao longo de um ano, o projeto de gratuidade no transporte coletivo em Belo Horizonte, conhecido como “Tarifa Zero”, poderia anular a inflação nas famílias de baixa renda. O estudo foi divulgado nesta sexta-feira (3/10), data em que o texto começará a ser avaliado na Câmara Municipal de Belo Horizonte.
O IPEAD realizou simulações que indicam que a implementação integral do projeto em 2022 teria o potencial de neutralizar a inflação para as famílias de baixa renda, resultando em um aumento substancial do poder de compra.
Ao replicar a análise para os anos de 2023 e 2024, quando houve reajustes na tarifa dos ônibus em Belo Horizonte, foram observados resultados análogos, que demonstram os reflexos do pagamento da passagem na população, considerado pelo levantamento como “o item de maior peso no custo de vida da população de baixa renda”. Sem a influência integral do item transporte público no cálculo, ou seja, redução do custo a zero, a inflação se tornaria negativa.
Em todos os anos simulados, a Tarifa Zero teria revertido a inflação medida pelo IPCR-BH em valores negativos, variando de -1,80% (2023) a -0,70% (2024). Isso significa que, para as famílias que mais dependem do transporte público, o custo de vida cairia de forma substancial.
O projeto de lei que prevê a gratuidade dos ônibus de Belo Horizonte, encabeçado pela vereadora Iza Lourença (PSOL), será votado na Câmara Municipal nesta sexta. De um lado, movimentos sociais defendem a aprovação do texto. De outro, setores econômicos pressionam para que o projeto não avance na Casa, considerando a taxa a ser criada para empregadores com mais de 10 funcionários para que a Tarifa Zero seja custeada na capital mineira.
Publicado por Jornal O Tempo – caderno de Política em 03/10/2025.