De acordo com o levantamento da Fenabrave, foram vendidas 258.939 unidades zero quilômetro no acumulado de janeiro a maio no Estado
Os emplacamentos de veículos em Minas Gerais apresentaram resultados positivos em maio, segundo levantamento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgado nesta terça-feira (3). No acumulado dos cinco primeiros meses de 2025 frente a igual período do ano anterior, a alta foi de 11,27%, totalizando 258.939 unidades.
Em maio ante igual mês do exercício passado, o percentual foi ainda maior, com incremento de 18,54%. E na comparação do quinto mês de 2025 com abril, o resultado se manteve positivo, com elevação de 5,73%. Foram comercializados 62.376 veículos novos no Estado em maio.
A maior participação nas vendas no ano, com 54,15% do total, no Estado foi do segmento de automóveis, com alta de 13,10% no período, totalizando 140.224 unidades. Os comerciais leves também registraram elevação nos emplacamentos (18,8%), bem como os ônibus (12,23%) e as motos (6,08%). A categoria formada por outros computou avanço de 22,77%. Nesse período, o maior recuo foi de implementos rodoviários (-28,62%), seguido pelos caminhões (-7,56%).
Assim como o resultado mineiro, o total nacional de emplacamentos do mercado automotivo de janeiro a maio foi positivo, com 1.930.130 unidades, representando um crescimento de quase 8%, em relação a igual período de 2024.
O economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead), Paulo Casaca, diz que os dados positivos de um setor altamente dependente do crédito para vender surpreende, ainda mais num cenário em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, está alta.
Foi no começo de maio que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, voltou a aumentar a Selic. A elevação foi de 0,5 ponto percentual, chegando a 14,75% ao ano. Foi a sexta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde agosto de 2006, quando também estava em 14,75% ao ano.
Casaca acrescenta que, embora os juros estejam altos, outras variáveis acabaram impactando positivamente nas vendas da atividade, como o crescimento do emprego no Estado. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no acumulado do primeiro quadrimestre, o resultado foi de superávit. Foram gerados 105.584 empregos no Estado, a partir de um milhão de admissões e 909.304 desligamentos.
Além disso, o economista observa que o crescimento do setor, além do impacto das variáveis macroeconômicas positivas, tem relação com as estratégias de cada empresa para vender mais, como promoções e oferta de facilidades para ajudar a comercialização. “De a fato, o cenário hoje e desafiador”, avalia.
Desempenho nacional também foi positivo
O presidente da Fenabrave, Arcelio Junior, fez uma análise positiva do desempenho do setor no País no acumulado dos cinco primeiros meses do ano. No entanto, ele ressalta que alguns fatores estão preocupando e podem comprometer as projeções da entidade.
“Há dados positivos, como o crescimento do PIB no primeiro trimestre, atrelado ao agronegócio, e a desaceleração da inflação. No entanto, a elevação da taxa Selic, para 14,75% ao ano, o maior nível em quase duas décadas, assim como a recém anunciada elevação do IOF devem impactar negativamente, encarecendo o crédito automotivo para os próximos meses”, avalia.
Em linha do que aconteceu em Minas, caminhões (-1,57%) e implementos rodoviários (-18,05%) tiveram queda acumulada no País. Na análise da Fenabrave, o recuo tem relação com a insegurança dos transportadores quanto ao desempenho da economia, incluindo setores como o agronegócio e construção civil, que vêm sofrendo com a alta de juros e o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
No caso do implemento rodoviário, o desempenho, segundo a entidade, tem relação também com o aumento Selic e da opção pela compra do caminhão no lugar do implemento rodoviário. O segmento amarga o quinto mês de queda no ano no Brasil.