Metodologias e soluções podem impulsionar a transformação digital nas fundações de apoio

Desafios, metodologias e experiências foram elencados para integrar pessoas, processos e tecnologias na jornada da transformação digital das fundações de apoio.
Lívia Laudares

A transformação digital nas instituições parte da capacidade de propor e implementar mudanças que ocorrem em um ritmo cada vez mais acelerado, com avanços exponenciais que exigem adaptação contínua e decisões ágeis. A discussão sobre os caminhos para alcançar um novo patamar de transformação digital fez parte da programação do último dia do 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud), realizado pela Fundação de Apoio da UFMG em parceria com o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies).

A palestra “Pilares da transformação digital: inspirações para fundações de apoio” contou com a mediação do professor da UFMG e diretor da Fundep, professor Walmir Caminhas, e com a expertise do professor e consultor em transformação digital, Carlos Bomfim, que também é doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFMG e tem 37 anos de experiência em instrumentação, automação e controle de processos da Petrobras.

Além de mapear os principais desafios das fundações de apoio, os participantes elencaram elementos práticos que são estruturantes para a promoção da transformação digital nas instituições.

Confira detalhes da discussão:

CONSTRUÇÃO DE UM CAMINHO INOVADOR

Professor e consultor em transformação digital, Carlos Bomfim, destaca a transformação digital nas fundações de apoio

O processo de transformação digital começa a partir de 1958 e possui marcos como a criação da Arpanet, a precursora da internet, além da disponibilização pública desse serviço, criação do Google, do Facebook, do Iphone, até chegar no momento corrente, em que observamos o uso corriqueiro da IA generativa. O professor e consultor em transformação digital, destaca que, a partir de 2020, com a emergência da pandemia de covid-19 e a crescente necessidade de digitalização de produtos e serviços, várias empresas e instituições precisaram mudar seus processos e criar meios de manutenção das suas atividades.

“O questionamento da época foi como manter todos unidos quando estávamos todos separados. Na pandemia, usando a tecnologia, geramos resultados e, por isso, essas melhorias perduram até hoje”, comenta.

Um dos conceitos apresentados por Bomfim é de que a transformação digital é um conhecimento aplicado que parte da obtenção de recursos de tecnologia da informação, e culmina no reconhecimento das necessidades e possibilidades e um negócio e/ou instituição. “Transformação digital é o valor do conhecimento, a tecnologia é um combustível para que esse motor nos leve onde precisamos”, reflete.

CHAMADO PARA A PRÁTICA

Para Bomfim, a transformação digital nas instituições possui algumas características. Entre elas, estão sua natureza contínua, que exige compromisso e engajamento dos colaboradores. Além disso, é provável que demandas da área de Tecnologia da Informação surjam no processo. “Automatizar o que existe é apenas digitalização. Nesse processo, perde-se a transformação. Muitas pessoas perguntam onde encontram oportunidades de transformação digital nas suas áreas. Pioneiro é quem encontrou o que fazer antes de existir a resposta pronta, descobrindo como fazer. Quem domina sua atividade é quem pode descobrir como promover essa transformação. Costumo falar que aquele que só quer fazer o que outros já fizeram sempre será candidato a chegar em segundo lugar”, diz.

O professor explica que existem metodologias para desenvolver uma resposta, como é o caso do ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Verificar, Agir) aplicado para a transformação digital. Nele, é preciso obter dados, visualizá-los, extrair o conhecimento contido naquele conjunto de informações e posteriormente aplicar o conhecimento obtido na evolução das organizações. “Conhecimento que não é aplicado não gera resultado”, completa Carlos Bomfim.

O QUE É TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NAS FUNDAÇÕES?

O professor Carlos Bomfim instigou os presentes a pensarem sobre a aplicação do conceito de transformação digital no dia a dia das fundações de apoio. Ele reforçou ser imprescindível conhecer as partes interessadas para orientar a forma de trabalhar e quais são os sistemas de informação mais adequados para aquele contexto.

Durante a reflexão, foram elencados como stakeholders os coordenadores de projetos, patrocinadores, comunidade beneficiada, sociedade de forma geral, além dos colaboradores e gestores de uma fundação de apoio. “Esse contato é uma oportunidade de gerar valor e manter a motivação de trabalhar em parceria. A fidelidade é uma conquista que se dá a partir da produção de resultados importantes para todas as partes”, diz.

Para viabilizar esse processo, todos os níveis de uma fundação, estratégico, tático e operacional, podem e devem contribuir com a visualização de dados. O uso de ferramentas como sistemas de gestão integrada, como Power BI, inteligência artificial generativa e até a geração automática de relatórios pode agregar valor. No entanto, como ressalta Bomfim, os recursos devem ser operacionalizados a partir dos objetivos a serem atingidos e indicadores a serem coletados. “A ferramenta mais importante são as pessoas, sem elas, nenhuma das outras terá utilidade.  As soluções tecnológicas nascem das pessoas, o conhecimento e a transformação estão nelas, e são elas que mostrarão o caminho a ser seguido”, finaliza.

O professor Walmir Caminhas compartilhou a experiência da Fundep na busca por transformar sua atuação, ampliando o uso de tecnologias. “A transformação digital na Fundep envolve pessoas, processos e sistema. É essencial entender que as ferramentas não podem engessar a rotina — são os processos que devem orientar as soluções, e não o contrário. Por isso, desenvolvemos nossos próprios sistemas. Sempre reforço com o time de Tecnologia da Informação: é a tecnologia que deve se adaptar ao funcionamento real da organização e, para isso, é preciso ter processos bem definidos. O grande desafio é construir soluções flexíveis, capazes de acompanhar mudanças sem a necessidade de alterar linhas de código. E quando há diferentes subsistemas envolvidos, essa flexibilidade se torna ainda mais complexa. Como viabilizar isso? É a pergunta que nos guia diariamente”, conta.

O professor Fabrício José Missio é presidente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD). Ele participou como ouvinte na palestra sobre transformação digital e explica que essa é uma preocupação da instituição que gere. “Estamos em uma curva de aprendizado sobre o tema e entendemos que essa mudança não é uma receita que você replica em todas as instituições. Fica claro que esse processo depende das pessoas e do conhecimento do próprio negócio a partir da visualização de dados, que irão inspirar sistemas de gerenciamento a serem utilizados no dia a dia”, comenta.
Missio reforça que a Fundação IPEAD está no caminho para incorporar melhorias mencionadas na discussão. “Hoje temos diversos sistemas, mas eles ainda não estão integrados. Por isso, já definimos como prioridade um projeto de integração para o segundo semestre. Reconhecemos que estamos um pouco atrás do ponto onde gostaríamos de estar. Mas, até o fim do ano, teremos uma solução bem delineada e acredito que vamos avançar rapidamente”, finaliza.

SOBRE O ENFASUD

O 4º Encontro de Fundações de Apoio do Sudeste (Enfasud), realizado nos dias 29 e 30 de maio, em Belo Horizonte, tem como propósito fortalecer a articulação entre as fundações de apoio das instituições de ensino e pesquisa da região Sudeste, promovendo o compartilhamento de experiências, desafios e soluções inovadoras.  Com uma programação diversificada, o encontro promove palestras, mesas temáticas e espaços de networking para gestores e colaboradores das fundações.

No mesmo ano em que completa 50 anos de atuação, a Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) assume a realização do evento, em parceria com o Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies).

Fonte: 4º ENFASUD – Publicado em 30/05/2025.

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