Inflação acelera em BH no mês de outubro

Índice que considera os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos teve alta ainda maior que o IPCA

A inflação acelerou na capital mineira. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte registrou elevação de 0,70% em outubro deste ano. Resultado maior que o verificado na quadrissemana anterior, quando o índice apresentou alta de 0,47%, e superior ao do mês anterior (0,62%), segundo dados da pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), divulgada nesta terça-feira (5).

“Foi verificado um aumento generalizado nos grupos analisados, com alguns destaques que puxaram a inflação para cima, como é o caso da energia elétrica, refeição fora de casa, além de alimentos de elaboração primária, que contemplam as carnes”, destaca o economista da fundação, Diogo Santos.

Ele explica que as carnes ficaram mais caras por causa do aumento do custo de produção, impactado por meses de estiagem, além do impacto da exportação desse tipo de produto.

No decorrer deste ano, o IPCA da Capital registrou um aumento acumulado de 6,76%, enquanto nos últimos doze meses a alta é de 7,91%. Também em comparação ao mesmo período do ano anterior houve aceleração, pois o IPCA havia registrado alta de 0,46% em outubro de 2023.

Conforme o levantamento, em termos dos produtos/serviços específicos que se destacaram no período, as maiores altas ocorreram em gás GLP (5,51%), tarifa de energia elétrica residencial (4,57%) e aluguel residencial (1,68%). Já as maiores variações negativas de preços médios foram em mamão (-20,72%), blusa feminina (-9,46%) e tapete (- 6%).

Considerando a importância relativa de cada produto e serviço na composição do IPCA, o economista da Fundação Ipead destaca que a maior contribuição para a alta da inflação em Belo Horizonte foi a tarifa de energia elétrica residencial, com 0,15 ponto percentual (p.p.), seguida pela refeição fora de casa (0,06 p.p.) e gás GLP (0,06 p.p.). Já as maiores contribuições para segurar a inflação na Capital foram: dentista (-0,03 p.p.), tapete (-0,02 p.p.) e mamão (-0,02 p.p.).

Em outubro, o custo da alimentação se manteve em alta. O grupo registrou elevação de 1,77% no custo médio, acelerando em relação à quadrissemana anterior (1,67%) e ao mês anterior (1,13%). Esse resultado ocorreu tanto pelo movimento da alimentação na residência (2,35%) quanto da alimentação fora de casa (1,04%).

O grupo de produtos não alimentares também apresentou elevação, embora menor que o grupo de alimentação. A alta foi de 0,47%, resultado fruto da elevação dos preços médios de todos os seus subgrupos: produtos administrados (0,99%), habitação (0,44%) e pessoais (0,24%). Somente no grupo pessoais ocorreu aceleração menor que a observada no mês anterior.

Para novembro, o economista da Fundação Ipead observa que há a pressão na inflação proveniente de mais recursos financeiros na economia em razão do pagamento da primeira parcela do 13º salário, que estimula o consumo e, logo, os preços.

“As festividades no fim do ano pressionam os preços de alguns produtos, como é o caso das carnes. Agora, teremos um alívio no caso da energia, com a mudança na bandeira, que impacta no preço da conta de luz”, observa. Ele acrescenta que há ainda o componente climático que impacta na produção de diversos alimentos.

IPCR tem resultado superior ao IPCA em Belo Horizonte

Além do IPCA, a Fundação Ipead também divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte – que considera os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos. A alta em outubro foi de 1,21%, resultado superior ao do IPCA. “A inflação ficou bem mais alta para quem ganha menos, com destaque para a energia elétrica, gás de cozinha e aluguel”, observa Santos.

O índice acelerou em comparação à prévia anterior em que houve alta de 0,81%. No ano de 2024, o IPCR acumula crescimento de 6,94% e, nos últimos doze meses, elevação de 7,97%. No mesmo período do ano anterior, o aumento do IPCR também havia sido menor (0,65%).

 O IPCR difere do IPCA devido às diferentes ponderações (pesos) atribuídas a cada bem e serviço nos orçamentos familiares. Consequentemente, as variações de preços afetam o IPCR de maneira distinta. 

O maior aumento observado foi de 4,33% nos preços de alimentos em elaboração primária, componente do subgrupo alimentação na residência. Não houve nenhuma queda nesta quadrissemana. E o grupo produtos não alimentares apresentou elevação de 0,96%, contribuindo com 0,75 p.p. O item produtos administrados registrou alta de 1,49% e foi o que mais subiu em comparação com a quadrissemana anterior.

Em relação à contribuição de produtos específicos para a alta do IPCR, os itens que mais contribuíram para elevar o crescimento do índice foram os preços médios da tarifa de energia elétrica residencial (0,23 p.p.), do gás GLP (0,12 p.p.)  e do aluguel residencial (0,10 p.p.). No sentido oposto, os preços da batata inglesa, da blusa feminina e do dentista foram os maiores destaques, contribuindo, ambos com -0,02 ponto percentual (p.p.).

Fonte: Jornal Diário do Comércio – caderno de Economia – Publicado em 05/11/2024 – Reportagem Juliana Gontijo.


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