Os dados são referentes à pesquisa mais recente da Fundação Ipead
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte registrou elevação de 0,62% em setembro de 2024, invertendo o resultado de agosto, quando o índice sofreu redução de 0,25%. A alta da inflação em setembro foi puxada, principalmente, pelo aumento nos gastos das famílias com energia elétrica e alimentação, que acentuaram a trajetória de elevação do índice.
Os dados são referentes à pesquisa mais recente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), que aponta também que, no decorrer de 2024, o IPCA de Belo Horizonte já registra um aumento acumulado de 6,03%, enquanto nos últimos doze meses a alta foi de 7,66%.
Segundo o economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, o peso da energia elétrica já tem impacto relevante no custo de vida neste momento. “Nós tivemos a passagem para a bandeira vermelha e estamos agora entrando na passagem para a bandeira vermelha dois. Com esse novo aumento do custo da energia elétrica, item importante que impacta forte agora, será um dos principais motivadores a puxar a inflação para cima”, analisa.
Para o economista-chefe do BDMG, Izak Carlos da Silva, o resultado do IPCA para Belo Horizonte em setembro é um avanço em relação ao mês anterior e é superior ao que foi observado no IPCA 15, de setembro, da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que foi 0,26%, e superior também a do Brasil, de 0,13%.
“Nós temos um lado positivo, que foi um arrefecimento, uma deflação no componente de vestuários, que caiu 1,87%, e avanços em todos os outros componentes, com destaques para alta de 1,13% em alimentos e bebidas, que é um aumento bastante significativo aqui em Belo Horizonte, maior do que nós observamos na RMBH, que foi 0,60%, e bem maior do que no Brasil, que foi 0,05%. Então, uma aceleração clara, um peso significativo em alimentação e bebidas”, avalia.
De acordo com Silva, a vida em Belo Horizonte está cara. “BH está puxando a inflação da RMBH no mês de setembro, pois, em quase todos os indicadores observamos um peso maior, uma variação maior no índice de preços de Belo Horizonte do que a gente observou na Região Metropolitana de BH e no Brasil. Então dá para dizermos que Belo Horizonte puxa para cima os preços da RMBH que já têm um índice de preços superior ao do Brasil de um modo geral”, explica.
Por sua vez, o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, que considera os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos registrou alta de 0,67% em setembro. No ano de 2024, o IPCR acumula crescimento de 5,66% e, nos últimos doze meses, crescimento de 7,37%. No mesmo período do ano anterior, o aumento do IPCR foi maior, da ordem de 0,89%.
Quando consideradas as famílias que ganham até cinco salários mínimos, que é um recorte especial que fazemos do índice de inflação, o custo da energia elétrica já é de longe o principal fator que pressiona o custo dessas famílias, indica o economista.
Essas famílias gastam uma quantidade maior da renda com questões básicas como alimentação, energia e transporte. “Esse custo com energia elétrica, sem dúvida, já mostra que o custo de vida vai ser pressionado, principalmente para as famílias de menor renda. Outro fator é que o período benéfico que nós tivemos de redução dos preços dos alimentos também ficou para trás”, avalia.
Ao longo de julho, sobretudo em agosto, ocorreram quedas consideráveis no preço dos alimentos mas, este item representou uma alta de 1,13% no custo médio em setembro puxado por alguns alimentos em especial como tomate, batata, cenoura e outros itens que ajudaram a puxar para baixo o custo da alimentação no mês anterior, trajetória que se encerrou em setembro. A inflação da Alimentação como um todo no IPCR apresentou variação positiva de 0,96%.
“Tivemos, até meados de setembro, algum resquício dessa queda de preço dos alimentos mas, no acumulado do mês, tivemos aumentos em todos os grupos de alimentos, os industrializados, os alimentos em elaboração primária que incluem as carnes e os alimentos in natura, que são alimentos de sacolão”, enumera Santos.
As perspectivas não são as melhores, uma vez que o custo da alimentação vai continuar sendo pressionado. “Ainda vamos viver o esgotamento dessa fase de redução de preços que foi atípica, inclusive, por conta das altas temperaturas, que ajudou a fazer com que alguns itens de alimentos tivessem uma oferta maior em um período concentrado de tempo, como foi o caso do tomate e da batata. Em outubro, o preço da alimentação vai continuar pressionando, e nós vamos ter também uma pressão da energia”, projeta.