Confiança do consumidor de Belo Horizonte caiu em agosto

Entre os motivos para a retração da confiança estão a percepção da inflação como um problema e a queda na pretensão de compras

Confiança do consumidor de Belo Horizonte caiu em agosto
Foto: Alessandro Carvalho Arquivo Diário do Comércio

A confiança do consumidor da capital mineira caiu nas diversas análises feitas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead). Levantamento divulgado nesta quinta-feira (29) mostra recuo de 7,92% no Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH) em agosto deste ano em relação ao mês anterior.

O índice marcou 39,09 pontos em uma escala que varia de zero a 100 e foi o menor índice desde setembro de 2022. E o desempenho de queda não para por aí, em 2024, o ICC-BH registra diminuição de 10,72%, e nos últimos doze meses, queda de 9,80%.

Alguns dos motivos para a retração da confiança em agosto, segundo consultor econômico da Fundação Ipead, Diogo Santos, são a percepção da inflação como um problema, influenciada pela alta de alguns itens, e a queda na pretensão de compras.

Na terceira prévia de agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pela Fundação Ipead, registrou variação de 0,15%, desacelerando em relação à quadrissemana anterior, quando o índice apresentou alta de 0,35%, com destaque para a trajetória de queda do grupo alimentos.

Inflação e impacto na confiança do consumidor de BH

Apesar da redução da inflação dos alimentos, pacote de assinatura de telefonia fixa e internet, assinatura de telefonia fixa e gasolina comum apresentaram alta no período e impactaram na percepção de inflação do consumidor da Capital, que segundo o economista, pode contar com um “gap” temporal. “Nem sempre o impacto é imediato”, observa.

“No caso da pretensão de compras, existe um aspecto sazonal que influenciou no resultado do mês de agosto, que foram as férias escolares de julho, que podem reduzir os recursos financeiros disponíveis para o mês seguinte”, explica.

No total, houve piora na percepção da população em cinco dos seis componentes do índice. As quedas foram as seguintes: inflação (-18,55%), emprego (-15,94%), pretensão de compra (-14,27%), situação financeira da família atual (-3,48%) e situação econômica do País (-3,15%).

Pontuação do indicador de confiança do consumidor

Todos os elementos que constituem o ICC-BH, assim como o índice geral, são apresentados em uma escala de zero a 100, onde o zero denota um sentimento de pessimismo total e 100 simboliza um sentimento de otimismo total. O valor intermediário de 50 marca o limiar entre pessimismo e otimismo.

De acordo com o levantamento, a percepção da população em relação aos componentes inflação, situação econômica do País e emprego permanecem abaixo de 50 pontos, marco que simboliza a passagem entre pessimismo e otimismo a respeito da conjuntura econômica geral e familiar.

A avaliação da população em relação à inflação chegou a 23,46 pontos, à situação econômica do País alcançou 29,68 pontos e ao emprego, registrou 32,88 pontos. Em contrapartida, tanto a percepção sobre a situação financeira atual das famílias, quanto à situação financeira em relação ao passado mantém-se acima de 50 pontos.

Intenção de compras em Belo Horizonte

A pesquisa conduzida pela Fundação Ipead também apresenta os grupos de bens e serviços que os consumidores planejam adquirir nos próximos três meses.

Entre eles se destacam:

  • eletrodomésticos (15,98%),
  • vestuário e calçados (15,07%) e
  • móveis (10,50%).
Cenário econômico

Santos observa que o ICC-BH capta o momento dos acontecimentos econômicos, que inclui diversas variáveis, o que dificulta a previsão de cenário. “Depois da aceleração da inflação em julho, o movimento de desaceleração de agosto pode ajudar a impactar positivamente a confiança no próximo mês. Outro dado que pode ajudar na confiança é a sustentabilidade de resultados positivos do mercado de trabalho”, analisa.

O economista acrescenta que, apesar de fatores positivos, há também os negativos, como a possibilidade do aumento da taxa básica de juros, Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC).  “Se acontecer, isso pode causar um sentimento de redução do crescimento econômico e, logo, impacta negativamente na confiança”, observa.

Nos últimos dias, a avaliação de que os juros irão subir pelo menos 0,25 ponto percentual na próxima reunião do BC, em setembro, ganhou força entre agentes financeiros.  A taxa Selic hoje está em 10,5% ao ano.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – caderno de Economia – Reportagem Juliana Gontijo – Publicado em 03/09/2024.

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