Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abia), apontou em nota que existe arroz suficiente para abastecimento interno este ano, e a falsa sensação de escassez foi gerada por pânico inicial
Além da consternação geral, a tragédia climática no Rio Grande do Sul deixou população e mercado apreensivos pelas consequências, sobretudo com o preço de alimentos, como o arroz – em que o estado gaúcho é responsável por 68% da produção nacional. As primeiras notícias sobre os impactos na colheita causaram inclusive um aumento repentino na demanda do produto.
Apesar disso, pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead) mostra que o preço do arroz subiu apenas 1,37% na últimas quatro semanas e não teve impacto estatístico relevante no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, afirma que a fundação não crê na existência de motivos para preocupação com possível escassez do arroz e aumento do preço nos próximos meses. “Não vejo motivos para te afetado, porque mais de 70% da safra já estava colhida no Rio Grande do Sul. E há estoques nos distribuidores e nos supermercados. Além disso, o Brasil se preparou para aumentar as importações, caso for preciso”, explica.
Ele afirma que variações entre estabelecimentos dependem de muitos fatores além do custo da mercadoria, como região da cidade, aluguel, política de preços do estabelecimento e hábito de compra dos consumidores de acordo com a faixa de renda.
O levantamento do site MercadoMineiro, em parceria com o aplicativo comOferta, por exemplo, aponta que o custo desse que é um dos principais componentes do prato do brasileiro subiu significativamente nas gôndolas dos principais nove supermercados e atacarejos da RMBH.
Algumas marcas de arroz, como Carrijo e BH, tiveram altas muito expressivas nos preços. Os pacotes de 5kg das duas empresas citadas, por exemplo, registraram altas de, respectivamente, 21,33% e 18,53% nas últimas três semanas.
O economista e coordenador do site e do aplicativo, Feliciano Abreu, comenta que a dificuldade na distribuição do produto com as enchentes no Rio Grande do Sul pode ter encarecido o alimento. Mas há também um movimento de preocupação dos consumidores que afetou repentinamente a demanda.
“As primeiras notícias eram de que ia faltar arroz, que perdeu toda a produção de tudo que se produz no Sul. O povo foi atrás, com muito desespero nessas duas semanas, as pessoas acabam comprando mais, até por segurança própria”, disse. Ele aponta que um aumento deste tamanho no preço do alimento não tinha sido registrado em outros anos.
Abreu considera também que o varejo pode ter aproveitado da situação para aumentar os preços do produto, já na espera do encarecimento dos custos, como no transporte, algo que tradicionalmente acontece em períodos de calamidade, como aconteceu com alguns produtos durante a pandemia de Covid-19.
Indústria do arroz estima estabilidade no preço
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abia), apontou em nota que existe arroz suficiente para abastecimento interno este ano e a falsa sensação de escassez é devido ao aumento da demanda por conta do pânico inicial. “Além da produção de arroz em níveis regulares na atual safra, a indústria do arroz realizou importação do produto em quantitativo que assegura a oferta do cereal no mercado interno e deverá arrefecer os preços observados atualmente nas gôndolas dos supermercados”, informou.
Além disso, ao se concretizar a retirada da taxa de importação do cereal, anunciada nesta terça-feira (21) pelo governo federal, os preços deverão ficar firmes para o segundo semestre, em patamares próximos ao observado no mercado externo, haja vista a paridade de importação que estabelecerá um teto para o preço do arroz no mercado interno, informa a associação.