Excesso de chuvas aumenta inflação dos alimentos

Alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, apresentam alta expressiva desde novembro

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Crédito: Freepik

As mudanças climáticas têm afetado a economia mundial de diversas maneiras. E é no preço dos alimentos que os efeitos do clima são bastante perceptíveis para a população. O fim do ano passado e começo de 2024 reservou um aumento na inflação dos alimentos, o que economistas creditam ao volume de chuvas acima do normal que interferiu na produção do campo.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte avançou 1,61% na segunda quadrissemana do mês, período de 16 de dezembro a 15 de janeiro. O crescimento teve boa contribuição do grupo alimentação, com alta de 2,12%. Por sua vez, o principal responsável pela inflação dos alimentos do IPCA de BH foi o subgrupo alimentação na residência, que subiu 3,35%.

Os dados são da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead).

O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, aponta que preços principalmente de alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, apresentam alta expressiva desde novembro. Esse foi o maior impeditivo para que a alimentação na residência não registrasse uma queda no acumulado de 2023. “Essas elevações expressivas estão associadas aos impactos negativos sobre a oferta desses alimentos, em decorrência dos volumes acima da média de chuvas nas regiões produtoras, principalmente na região sul do País”, disse.

Todos os itens do subgrupo alimentação na residência do IPCA registraram altas, sendo algumas expressivas: alimentos in natura (12,48%), alimentos em elaboração primária (2,50%) e alimentos industrializados (1,21%).

Diogo Santos observa que a elevação do preço arroz, por exemplo, está relacionada ao aumento do valor do produto no comércio internacional. A Índia reduziu suas exportações para atender o mercado interno, após uma quebra de safra que resultou em menor oferta. O país é responsável por 40% das exportações mundiais de um dos produtos mais tradicionais do prato do brasileiro. “Isso acaba pressionado o preço do arroz no mundo todo e assim os produtores repassam essa elevação para os preços internos”, explica.

Alimentos in natura também pesam na inflação do consumidor de baixa renda

No caso do Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR), também medido pela Fundação Ipead, a inflação do grupo alimentação subiu 3,08%. No ICPR estão situadas famílias que destinam uma maior parte do orçamento familiar para a compra de alimentos do que no IPCA. Assim como no primeiro índice, a maior alta na alimentação do IPCR foi no item alimentos in natura (14,90%), do subgrupo alimentação na residência.

O economista Gabriel Ivo comenta que o preço de insumos, que chegou a ter uma redução no fim de 2023, será mais pressionado este ano pelos fenômenos climáticos. “Ondas de calor no Sudeste e tempestades no Sul ameaçam reduzir a oferta de produtos que saem do campo. E isso leva a pressão inflacionária”, afirma.

Ivo pontua que a situação pode até não se tornar uma tendência, mas os efeitos atuais serão sentidos no decorrer de 2024. “É momentâneo, mas diz muito sobre o ano como um todo. Pois o clima costuma impactar nos primeiros meses, o que torna como consequência o restante do ano”, completa.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – caderno de Economia – reportagem Marco Aurélio Neves – Publicado em 20/01/2024.

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Assessoria de Comunicação Fundação IPEAD

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