IPCA de Belo Horizonte no ano passado superou resultado de 2022

IPCA da capital mineira acumulou alta de 6,8% em 2023, de acordo com a Fundação Ipead

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Alimentação fora da residência apresentou alta de 10,79% no acumulado do ano passado, segundo a Fundação Ipead | Crédito: Charles Silva Duarte

Os gastos com alimentação, impulsionados pela elevação de preço em razão das mudanças climáticas, contribuíram para a elevação da inflação de Belo Horizonte. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 6,8% em 2023, maior que a verificada em 2022, quando a elevação foi de 6,33%.

Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

O economista da fundação, Diogo Santos, observa que o grupo alimentação apresentou alta de 4,72% no ano passado. Apesar da elevação em 2023, ele observa que o subgrupo alimentação na residência teve uma variação menos intensa (0,49%) na comparação com o subgrupo alimentação fora da residência (10,79%), o que tem impacto para as famílias de menor renda.

“Além da alimentação, o reajuste do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) 2023 impactou na inflação durante o ano passado, bem como o aumento na tarifa dos ônibus e da energia elétrica. Vale lembrar que o imposto ficou congelado durante a pandemia”, analisa.

Em 2022 foi aplicado o mesmo valor do ano anterior para o IPVA como uma medida para aliviar os impactos econômicos causados pela pandemia da Covid. Em 2023, o índice voltou a ser atualizado e a alta dos veículos usados tornou o imposto mais caro para o contribuinte.

Foi em junho de 2023, conforme levantamento da Fundação Ipead, que a tarifa de energia elétrica residencial teve impacto na inflação de Belo Horizonte, com elevação de 14,92%. Outro destaque de alta foi o do preço do plano de saúde, individual, que naquele mês teve incremento de 9,63%.

Perspectiva

Santos observa que a tendência para a inflação de janeiro de 2024 tem pressão de alta, influenciada por aspectos sazonais, como o pagamento de impostos e dos produtos administrados. “Há ainda o impacto das questões climáticas, com o El Niño, na produção de alimentos”, diz.

O Comitê de Política Monetária (Copom), por exemplo, informou ter elevado um pouco o impacto do El Niño sobre a inflação da comida em suas projeções, conforme ata publicada no dia 19 de dezembro de 2023.

Conforme o boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado em novembro passado, há 90% de probabilidade de que o fenômeno climático, associado ao aumento das temperaturas mundiais, persista até abril de 2024.

IPCR teve alta de 5,57% em 2023

A Fundação Ipead também divulgou ontem a inflação de Belo Horizonte que considera os gastos das famílias com renda de até cinco salários mínimos: o Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR). No ano de 2023, o índice acumulou alta de 5,57%.

A inflação das famílias que recebem até cinco salários mínimos foi 1,23 ponto percentual menor que a elevação sentida pela população como um todo (IPCA) — que mede a evolução dos gastos das famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. Em dezembro, a alta do índice foi de 0,84%, registrando aceleração em relação a novembro, quando o IPCR havia sido de 0,12%.

Custo da cesta básica recuou

O economista da Fundação Ipead, Diogo Santos, destaca que em 2023 o custo da cesta básica, que representa o gasto médio de um trabalhador adulto com alimentação, registrou queda de 2,54%, enquanto a inflação de Belo Horizonte (IPCA) teve alta de 6,8% no ano.

Considerando a importância relativa de cada produto, os que mais contribuíram para o recuo no custo da cesta foram chã de dentro, com queda de 1,76 ponto percentual (p.p.) e tomate (-1,30 p.p.).

Em termos de variação do preço médio, o produto que mais recuou no acumulado de 2023 foi o óleo de soja, que ficou 27,95% mais barato. O tomate teve queda de 13,58%. Já o arroz ficou 24,20% mais caro em 2023.

Já entre novembro e dezembro de 2023, a cesta ficou 1,9% mais cara. No último mês do ano passado, o valor da cesta chegou a R$ 693,44, equivalente a 52,53% do valor de um salário mínimo. Foi o maior valor da cesta básica desde julho deste ano (R$ 692,88). A alta de dezembro é a segunda consecutiva.

Em dezembro de 2023, do total de 13 itens que compõem a cesta básica, cinco apresentaram queda do preço médio e oito tiveram elevação. Os itens com maior alta no preço médio no mês foram batata inglesa (29,68%), feijão carioquinha (29,07%) e arroz (6,21%). Já as maiores quedas foram tomate (-5,59%), banana caturra (-5,56%) e leite (-4,72%).

IPCA em Belo Horizonte acelerou em dezembro de 2023

Influenciada pela sazonalidade do período, com aumento típico da demanda em razão das festividades, a inflação de dezembro de 2023 em Belo Horizonte teve alta de 0,77%, acelerando em relação a novembro, quando o índice havia apresentado incremento de 0,30%, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).

Em termos de itens específicos que mais se destacaram neste período, a maior elevação foi verificada para os serviços de táxi, que apresentou alta no preço médio de 15,33%.

E por causa das festividades, época marcada pelas viagens, as passagens aéreas ficaram 14,70% mais caras. As excursões também pesaram mais no bolso do consumidor, com elevação de 5,76%.

Já as maiores quedas no último mês de 2023 foram verificadas para torneira, cano e material hidráulico (-13,54%) e joias (-10,43%).

O levantamento da Fundação Ipead mostrou que, considerando a importância relativa de cada bem e serviço na composição do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, as maiores contribuições para a alta da inflação na capital nesta quadrissemana foram de excursões 0,17 ponto percentual (p.p.), refeição fora de casa (0,13 p.p.) e casamento (0,09 p.p.).

Já a maior contribuição para conter a elevação da inflação ocorreu em seguro voluntário de veículos, que puxou o índice geral para baixo em -0,12 p.p.

Alimentação

O grupo alimentação voltou a acelerar em relação à terceira quadrissemana de dezembro (1,72%) e registrou incremento de 2,31% no custo médio em dezembro. Em novembro, a alta tinha sido menor, com variação de 0,92%.

O grupo produtos não alimentares também apresentou nova alta no último mês de 2023. A principal elevação ocorreu no subgrupo produtos administrados (0,57%).

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 5/01/2024 – reportagem Juliana Gontijo – caderno de economia

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