Queda do valor da carne, por exemplo, tende a diminuir de ritmo
O fim de ano chega e, com ele, vêm os Papais Noéis nos shoppings, as árvores de Natal nas casas, as confraternizações e o aumento da conta no supermercado. O momento é tradicionalmente acompanhado por alta do preço de carnes e bebidas, por exemplo, uma “inflação por ocasião” que aproveita o aquecimento da procura por itens habituais das festas e ceias para elevar os valores nas prateleiras. Neste ano, o cenário tende a se repetir — mas com algumas boas notícias para o consumidor.
As altas são justificadas por regras de mercado, explica o economista da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) Diogo Santos. “Há aumento de demanda, então quem comercializa têm a oportunidade de subir o preço e melhorar suas margens de lucro. No caso das carnes, por exemplo, o ano foi de redução de preços, porque em 2022 houve aumentos muito fortes”, diz. “É o funcionamento do mercado. É um momento muito específico, não é uma inflação no sentido de uma elevação de preços que se mantém prolongadamente. Nesse caso, é sazonal”.
O preço da carne tem caído gradativamente desde o início do ano, mas, entre outubro e novembro, o ritmo desacelerou. Levantamento do site de pesquisa Mercado Mineiro mostra que a picanha, por exemplo, acumula uma queda de 9,3% desde o início do ano em Belo Horizonte e região, mas ficou 2,26% mais cara no último mês. “Os preços serão melhores neste ano, sem dúvida, mas essa queda que foi ocorrendo deve ser reduzida até o final do ano, porque a demanda aumenta com as confraternizações, que começam em novembro”, completa Santos.
O administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, lembra que o preço do dólar está estável atualmente, diferentemente da montanha-russa de 2022, portanto itens importados não devem ter aumentos tão significativos quanto os verificados anteriormente. “O consumidor tem que ir acompanhando”, sublinha.
O momento já é propício para pesquisa de preço, contudo ele alerta que comprar os itens natalinos agora e estocar não é necessariamente a melhor estratégia para economizar: “o consumidor é testado. Pode haver aquela queima de estoque nos dias 23, 24. Mas, se a demanda for muito forte, ninguém baixará o preço. Muitos fatores interferem nisso”.
Com o movimento de alta devido à relação de oferta e demanda, é difícil identificar situações de abuso de preço, explica o coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa. “Atua-se quando um local está com preços destoando da linha média do mercado”, diz. Isto é, se a maioria dos fornecedores vende um item por R$ 10, por exemplo, e um deles comercializa por R$ 20, pode haver apuração sobre um possível abuso. “Uma série de itens precisa ser analisada para descobrir se um preço é abusivo, como de quem o vendedor compra, qual é a margem de lucro e sua região”, conclui.
Fonte: Jornal O Tempo – Publicado em 09/11/2023 por Gabriel Rodrigues – caderno de Economia.