Estudo do Ipead estima que os eventos no Mineirão tenham gerados R$ 61,5 milhões em impostos
Os eventos realizados no Complexo do Mineirão em 2022 geraram um impacto sobre as vendas de R$ 1,16 bilhão na economia de Minas Gerais, sendo R$ 1,045 bilhão movimentado em Belo Horizonte. É o que aponta o estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead).
Já o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado foi estimado em 0,14%, o equivalente a R$ 767,68 milhões. Já na Capital o efeito projetado decorrente dos eventos no Mineirão sobe para 0,77% do PIB ou R$ 721,82 milhões. Vale ressaltar que o PIB é uma medida de valor adicionado e, portanto, diferente (menor) que a medida do impacto sobre as vendas (valor da produção).
O estádio recebeu um público de quase 3 milhões de pessoas em 2022, sendo dois terços para jogos e um terço para eventos. O diretor do Mineirão, Samuel Lloyd, destaca o bom momento vivido no ano passado.
“O ano de 2022 foi, sem dúvida, o melhor ano do Mineirão desde a reforma. Foi a primeira vez que Cruzeiro e Atlético escolheram o Mineirão como casa para toda a temporada. Paralelamente, com diálogo e planejamento, conseguimos ocupar a capacidade ociosa do estádio com shows e eventos”, relembra.
Durante a realização do levantamento, também foi constatado que para cada R$ 1,00 gasto nas dependências do estádio (ingressos, alimentos/bebidas e estacionamento), em média, R$ 3,35 são gastos fora do Mineirão. Sendo R$ R$ 3,97 nos eventos esportivos e R$ 2,67 nos eventos sociais.
Ao todo, o público destes eventos movimentou cerca de R$ 963 milhões, com mais de R$ 575 milhões gastos durante os eventos esportivos e R$ 388 milhões nos eventos sociais.
A atividade econômica impulsionada pelos eventos realizados no Mineirão gerou R$ 61,5 milhões em impostos. Com destaque para os eventos esportivos que geraram cerca de R$ 35,56 milhões em impostos, contra R$ 25,94 decorrentes dos eventos sociais que ocorreram no estádio.
Desse montante, o governo estadual teria arrecadado R$ 15,7 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o município arrecadou R$ 39 milhões em Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Já a União arrecadou R$ 1,16 milhões em Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Impactos setoriais
O Ipead revelou ainda que os setores mais impactados em Belo Horizonte no ano passado foram de Alojamento em hotéis e similares e Serviços de artes, cultura, esporte e recreação, com 43,47% e 21,49% do PIB setorial, respectivamente. O estudo destacou que a maior parte dos demais setores foi impactada indiretamente via cadeia produtiva, através da demanda dos setores diretamente afetados pelos eventos.
Quanto à geração de empregos, a fundação aponta que teriam sido gerados aproximadamente 6 mil postos de trabalho na capital mineira, o que representaria 0,63% do emprego na cidade. Já a renda de salários gerada em Belo Horizonte seria o equivalente a R$ 350 milhões de reais.
Os eventos esportivos no Mineirão (59%) e os shows (38%) desencadeiam os maiores impactos em termos da geração de empregos, representando 97% dos vínculos criados.
Na divisão setorial, o destaque foram os Serviços coletivos da administração pública, com 992 empregos gerados no ano, o equivalente a 14% do total. No entanto, a pesquisa aponta para uma concentração nos segmentos de Alimentação (829); Serviços de alojamento em hotéis e similares (834) e Artes, cultura, esporte e recreação (812).
A equipe de estudos do Ipead também projetou os impactos sobre a produção dos diferentes setores econômicos da Capital. Dos R$ 1.045 bilhões estimados para o município, a maior parte vem dos Serviços de Alimentação, com efeito sobre a receita de R$ 311,62 milhões, o equivalente a 30% do total.
Em seguida vêm os serviços de Artes, cultura, esporte e recreação (R$ 179,22 milhões) e de Alojamento em hotéis e similares (R$ 146,29 milhões). Esses três setores representam cerca de 60% do impacto sobre as vendas na Capital.
2022 x 2019
Essa é a segunda vez em que o Ipead realiza uma pesquisa abordando este tema. Em 2019 a instituição revelou que os eventos no Mineirão movimentaram cerca de R$ 662 milhões na economia mineira. A comparação entre os dois levantamentos ainda está sendo elaborada pelos pesquisadores, visando uma correção para valores presentes, mas já é possível avaliar a eficiência da operação do Mineirão ao longo do tempo.
O superintendente geral do Ipead, Renato Mogiz, revela que o Mineirão ampliou sua eficiência como equipamento multiuso de apoio à cultura do entretenimento, se comparado com o que foi observado em 2019. “O Mineirão entregou shows e jogos a um público consideravelmente maior, ao mesmo tempo em que conseguiu viabilizar redução no custo do acesso ao entretenimento na arena”, explica.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 09/10/2023 por Leonardo Leão – caderno de Economia.