Alimentação pesa na inflação de Belo Horizonte, aponta Ipead

Após uma sequência de quedas, os preços da alimentação voltou a subir e contribuiu para impulsionar o custo de vida na capital mineira

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Apesar de o IPCA ter registrado elevação, o custo da cesta básica calculado pela Fundação Ipead caiu para R$ 672,11 no mês de setembro na Capital | Crédito: Alessandro Carvalho

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de Belo Horizonte, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) avançou 0,8% em setembro, após ter registrado deflação de -0,3%. em agosto. Após uma sequência de quedas, a alimentação voltou a subir e a pressionar o custo de vida na capital mineira.

Segundo o economista da Fundação Ipead Diogo Santos, em julho e agosto a inflação na cidade foi controlada pelo retorno da passagem de ônibus para R$ 4,50 e a redução dos preços dos combustíveis pela Petrobras. Mas o efeito desses dois aspectos já passou. “Esses dois fatores ficaram para trás, agora tivemos esse aumento da inflação. O que ajuda a explicar com mais força é a alimentação, que vinha caindo e voltou subir, estava ajudando a segurar a inflação. E também um aumento considerável no grupo de itens relacionado à habitação, como aluguel, condomínio, manutenção residencial”, disse.

No acumulado de 2023, o IPCA da capital mineira registrou um crescimento de 5,18%. Nos últimos 12 meses o custo de vida em Belo Horizonte apresentou alta de 7,11%.

O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de BH, para famílias com renda de até cinco salários mínimos, também acelerou significativamente em relação a agosto – quando registrou deflação de -0,59%. A alta em setembro foi de 0,89%. Em todo o ano, o IPCR acumulou um crescimento de 3,89%, com um aumento nos últimos 12 meses de 6,11%.

Para essas famílias, o gasto com transporte urbano representa uma proporção maior na renda. Como esse efeito passou, não tendo mais essa ajuda, elas passam a sentir uma inflação maior”, comentou Diogo Santos.

O economista ressalta ainda que outros fatores ajudam a explicar a alta belo-horizontina: os reajustes da conta de luz pela Cemig, autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e do IPVA, após congelamento do valor no ano passado como medida para aliviar os impactos econômicas causados pela pandemia. “Um reajuste alto que acaba com um impacto muito forte na inflação”, afirmou.

Diogo Santos destaca a queda de 2,26% no preço do gás GLP como um dos fatores que ajudaram a inflação em Belo Horizonte a não ter um crescimento ainda maior. O preço médio do automóvel novo e da gasolina comum, com altas de 5,30% e 4,96%, , respectivamente, continuam sendo itens que elevam a inflação na capital.

A diminuição da taxa de juros pode ter contribuído para o aumento do preço dos carros novos, segundo o economista do Ipead. “A inflação mais controlada e diminuição da taxa de juros pode pressionar os preços dos automóveis para cima, se os vendedores perceberem um aumento da demanda. O volume da demanda de automóveis depende muito da taxa de juros, porque é um bem que na grande maioria das vezes precisa ser financiado”, explica.

Cesta básica tem menor valor em mais de um ano

Já custo da cesta básica em Belo Horizonte teve uma queda no mês de setembro e chegou ao valor de R$ 672,11. Esse é o menor valor desde agosto de 2022. Naquele mês, o custo estava R$ 678,35, o que representa uma queda de 0,92%. De janeiro deste ano até agora, a cesta básica na capital está 5,53% mais barata, quando começou o ano no valor de R$ 715,92.

Os itens que mais ajudaram a queda deste mês foram o corte de carne chã de dentro e a batata inglesa, com quedas de, respectivamente, 3,15% e 12%. Diogo Santos destacou que a queda no preço da carne bovina é uma tendência desde o início do ano, motivada pelo comércio internacional. Como o Brasil é um grande exportador de carne, quando o preço da carne cai no exterior, ajuda a manter o preço para baixo no País.

Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 06/10/2023 por Marco Aurélio Neves – caderno de Economia. 

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