Indicador da Fecomércio-MG aponta otimismo entre os empresários do comércio; índice da Fundação Ipead mostra mais ânimo entre os consumidores
Após registrar uma leve queda em julho, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) de Belo Horizonte subiu 4,9 pontos em agosto e atingiu 106,1 pontos. Um dos motivos para o otimismo foi a primeira redução da taxa básica de juros, que passou de 13,75% ao ano para 13,25%. O corte na Selic gerou expectativas nos comerciantes de novas retrações ainda em 2023.
“O empresário está mais otimista porque está vendo que a taxa de juros vai cair. Ela já caiu para 13,25% e está prevista para chegar, no final deste ano, em 11,75%, e em 2024, em 9%. Então a expectativa dele está aumentando porque sabe que a Selic vai retrair, com projeções de melhora”, explicou o economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Stefan D’Amato. A entidade é a responsável pela pesquisa do Icec.
Conforme D’Amato, a tendência é que o otimismo do empresário do comércio siga crescendo ao longo dos próximos meses. Além da perspectiva de um menor patamar da Selic, a queda inflacionária, a elevação do poder de compra das famílias, com uma maior massa salarial e uma redução dos níveis de endividamento e inadimplência, podem impactar em aumento da confiança.
Ainda de acordo com ele, no segundo semestre, geralmente, ocorre um crescimento no volume de vendas, que também tende a deixar os comerciantes mais confiantes. Esse incremento nos negócios decorre, sobretudo, por influência de fatores sazonais, com datas comemorativas importantes para o setor. As principais são: Dia das Crianças, Black Friday e Natal.
O economista ressalta, contudo, que o levantamento apontou alguns problemas para parte dos empresários do comércio de BH com relação ao nível de estoques, que precisam ser solucionados. Embora 60% deles estejam com um volume adequado, 22,5% do empresariado disse que estão com excesso de produtos e 17,5% que faltam itens para repor os estabelecimentos.
Além dos empresários do comércio, clientes estão mais otimistas
Na mesma direção do otimismo do empresário do comércio, o Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH) cresceu 2,79% em agosto frente ao mês anterior e atingiu a marca de 43,34 pontos. O indicador também foi impactado por uma melhora da situação econômica do País, mas, especialmente, pelo progresso do mercado de trabalho.
O ICC-BH é calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead). O gerente de pesquisa da instituição, Eduardo Antunes, explica que o momento atual ainda não é o melhor, mas o horizonte parece estar menos turbulento e as pessoas estão visualizando isso de forma mais clara.
“Como chegou o segundo semestre, a tendência do consumidor é ficar mais otimista, principalmente devido às festas de fim de ano que já se aproximam. Então a expectativa é que aqueles que estão procurando emprego consigam encontrar mais facilmente”, ressaltou.
Embora continue abaixo dos 50 pontos, o que simboliza um pessimismo dos consumidores, essa foi a terceira alta consecutiva do índice, que havia caído sequencialmente em março, abril e maio. Conforme Antunes salienta, é difícil que o indicador ultrapasse a marca do otimismo, sendo que ela não é atingida há mais de dez anos, mas a tendência é seguir crescendo nos próximos meses.
“Não sabemos em que nível pode chegar, mas talvez próximo de 50 pontos. Pode ser que não ultrapasse, pois precisa mudar bastante de patamar para isso, mas com essa calmaria que estamos vivendo com relação à situação da economia brasileira, mesmo com alguns problemas pontuais que vem ocorrendo, a tendência é que o índice continue subindo até o fim do ano”, avaliou.
Fonte: Jornal Diário do Comércio – Publicado em 01/09/2023 por Thyago Henrique.
